A
vingança grega foi servida a frio.
Os
nossos parceiros gregos que gastaram
durante anos o que não podiam, tal como nós, com dinheiro emprestado a taxas apetecíveis para os credores, que
não cuidaram de avaliar a capacidade de retorno dos capitais e esconderam
défices muito mais gravosos, como na Madeira, foram os primeiros a capitular.
Perante
o quadro dantesco da situação grega,
com a cumplicidade da banca internacional, que na peugada de margens
operacionais que duplicavam as yelds da dívida de outros países, foi injectando
recursos numa economia, que se percebia não gerar riqueza para pagar a dívida,
que fez a U.E. ?
Humilhou a Grécia
e espezinhou uma nação milenária, A Grécia não é uma república do
Báltico, não é a Tchetchénia, é a nação onde nasceu a Democracia. Quem ia a
Atenas percebia a diferença, um povo
simpático, orgulhoso da sua História, folgazão e com um nível de vida muito
acima da riqueza produzida, com regalias sociais descabidas para uma economia
pouco agressiva, que tem no turismo a sua fonte de rendimento mais relevante.
Mas isto só foi possível pelo cartel de facilidades que os mercados foram
concedendo, ao permitir o crescimento do endividamento externo até ao imite do
inconcebível. A dívida aumentava em espiral, para pagar dívida anterior mais os
juros da agiotagem e cobertura de novos
défices. Teria de ter um fim e assim foi.
A
U.E. sem regulação eficaz, parece ter
sido apanhada pela surpresa, tipo Constâncio com o BPN, descarregou um pacote de medidas que se a
Grécia não morreu da doença, tem o funeral garantido pela cura.
A
proposta de referendo do 1º ministro grego para ratificar novo acordo com a
Troika foi o grito de revolta. Os mercados abanaram, em Portugal o BCP caiu 13
% e está perto de deixar de ser um banco para passar a ser uma casa de
penhores. Hoje de manhã o BCP valia menos de
14 cêntimos. Os bancos europeus e as bolsas mundiais estão em queda
livre. O Dax alemão ultrapassa os 5 % de afundanço.
As
novas medidas de austeridade propostas são mais do mesmo e o perdão de 50 % da
dívida não resolve a questão central. A sondagem feita na Grécia prevê que 60 %
da população rejeite o novo acordo, o que implicará a falência grega e o perdão
subirá...
A
taxa de juro da dívida helénica avança para 82 % e está a provocar a subida em
escalada das yelds das dívidas de Portugal, Espanha e Itália.
A
Grécia percebeu que o barco vai afundar, mas vai com companhia que não é
pequena. O referendo inverteu completamente as regras do jogo. Agora fica a
Europa num suspense que sempre utilizou
com os gregos, adiando semana a semana a aprovação de novas ajudas.
Papandreou
vingou-se a frio e ao passar ao eleitorado as novas medidas impostas pela
Troika, decretou a falência do euro. O BCE poderá atrasar o desenlace, mas esse
está traçado.
A
falta de líderes dignos desse nome, arrastou a zona euro para um beco sem
saída. O que deveria ter sido solucionado discretamente foi discutido numa
feira de conferências e cimeiras, com imagens em directo que não dignificaram a
nomenklatura da União e conduziram ao impasse que agora não se vislumbra como ultrapassar. Com a
recessão à porta , ainda não refeita da anterior, o mundo e os seus 7.000
milhões de residentes caminha para um futuro sombrio...
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