LOJAS MAIS VALIOSAS


PETIÇÕES


Petir está na moda. Pete-se para isto e para aquilo. Até o JULIUS que tinha uma secção que intitulava Donas de Casa, foi alvo de uma ameaça de petição no Facebook, por parte de algumas supostas donas de casa, que se sentiam ofendidas pelo avilte que fazíamos todos os dias, ao publicar belíssimas Donas de Casa. Invocaram a superficialidade a que reduzíamos as verdadeiras Donas de Casa. Depreendemos que só aceitavam donas de casa de avental e feias. Como não quisemos dar um motivo para mais uma petição, mudamos o nome e as belas deixaram de ser Donas de Casa. Tivemos pena, mas não fomos nós que despromovemos as fantásticas Donas de Casa que publicamos ao longo do tempo. Foram algumas leitoras que acharam que as Donas de Casa não podem ser belas e insinuantes…paciência…as musas nunca poderão ser Donas de Casa…(esquisito).
Mas o tema da abordagem não são as Donas de Casa, o tema é a petição para a demissão do Presidente da República.
A sociedade tem um efectivo défice de democracia, pois é continuamente posta perante decisões políticas que confundem, que são a antítese de promessas eleitorais, de cidadãos a clamar por austeridade e que são receptadores de remunerações absurdas, de sacrifícios que são impostos a uns e que outros contornam das formas mais ousadas e desafiando a credibilidade dos governantes, de tráficos de influência de organizações secretas, de nomeações para cargos públicos que objectivamente são pagamentos de letras de favor e um sem número de enormidades.
Perante isto resta-lhe o burlesco, resta-lhe fazer de conta que existe após as escolhas eleitorais. A maioria absoluta de votantes escolheu o Professor, as alternativas não eram também grande coisa, mas escolheu. O Presidente na sua natural degradação do hardware provocada pela erosão do tempo, denuncia também uma natural erosão no software, que vai evidenciando com alguma regularidade, sempre que procura o improviso. Resguardado no discurso em A4 não comete muitos deslizes, mas sempre que fala em directo a coisa fica feia. Mas peticionar a sua demissão é um exagero e seria mais apropriado pedir o livro de reclamações e escrever. O livro amarelo existe para isso mesmo, reclamar.
Essa coisa de petir (peticionar) por tudo e por nada, vai vulgarizar tanto esse legítimo direito democrático, que qualquer dia até vai surgir algo que se justifique e as pessoas não vão aderir.
Os peticionistas deveriam em alternativa pedir o livro de reclamações e zás,
“Sr. Presidente, o Senhor é um gastador, o senhor não cobre as despesas com 10.000 euros por mês? Em que gasta tanto dinheiro? É na mercearia? Procure as promoções e produtos da linha branca. É no casino de Vilamoura? Acabe com isso, jogue o Monopoly e sempre pode comprar a EDP e a Rua Augusta. É nas chamadas de valor acrescentado? Diga para lhe bloquearem esse vício. É a comprar os programas da Apple para o iPad? Peça para instalar um jailbreak e pirateie tudo o que puder. Enfim, poupe, deixe de comprar os fatos na Zara e vá aos out-lets.”

COMENTÁRIOS


LONTRA NÃO SUFICIENTEMENTE CLARA


STATUS



                                                Jacques Amaury
                    Sociólogo e filósofo francês, acerca de Portugal

Um artigo de Jacques Amaury, sociólogo e filósofo francês, professor na Universidade de Estrasburgo.
"Portugal atravessa um dos momentos mais difíceis da sua história que terá que resolver com urgência, sob o perigo de deflagrar crescentes tensões e consequentes convulsões sociais.
Importa em primeiro lugar averiguar as causas. Devem-se sobretudo à má aplicação dos dinheiros emprestados pela CE para o esforço de adesão e adaptação às exigências da união.
Foi o país onde  a CE mais  investiu "per capita" e o que menos proveito retirou. Não se actualizou, não melhorou as classes laborais, regrediu na qualidade da educação, vendeu ou privatizou mesmo actividades primordiais e património que poderiam hoje ser um sustentáculo.
Os dinheiros foram encaminhados para auto-estradas, estádios de futebol, constituição de centenas de instituições público-privadas, fundações e institutos, de duvidosa utilidade, auxílios financeiros a empresas que os reverteram em seu exclusivo benefício, pagamento a agricultores para deixarem os campos e aos pescadores para venderem as embarcações, apoios estrategicamente endereçados a elementos  dos principais partidos, ou a próximos deles,  com elevados vencimentos nas classes superiores da administração pública, o tácito desinteresse da Justiça, frente à corrupção galopante e um desinteresse quase total das Finanças no que respeita à cobrança na riqueza, na Banca, na especulação, nos grandes negócios, desenvolvendo, em contrário, uma atenção especialmente persecutória junto dos pequenos comerciantes e população mais pobre.
A política lusa é um campo escorregadio onde os mais hábeis e corajosos penetram, já que os partidos,   cada vez mais desacreditados, funcionam essencialmente como agências de emprego que admitem os mais corruptos e incapazes, permitindo que com as alterações governativas permaneçam, transformando-se num enorme peso bruto e parasitário. Assim, a monstruosa Função Publica, ao lado da classe dos professores, assessoradas por sindicatos aguerridos, de umas Forças Armadas dispendiosas e caducas, tornaram-se não uma solução, mas um factor de peso nos problemas do país.
Não existe partido do centro já que as diferenças são apenas de retórica, entre o PS (Partido Socialista) e o PPD/PSD (Partido Popular /Social Democrata), de direita, agora mais conservador ainda, com a inclusão de um novo líder, que tem um suporte estratégico no PR e no tecido empresarial abastado. 
Mais à direita, o CDS (Partido Popular), com uma actividade assinalável, mas com telhados de vidro e linguagem publica, diametralmente oposta ao que os seus princípios recomendam e praticarão na primeira oportunidade.  
À esquerda, o BE (Bloco de Esquerda), com tantos adeptos como o anterior, mas igualmente com uma linguagem difícil de se encaixar nas recomendações ao Governo, que manifesta um horror atávico à esquerda, tal como a população em geral, laboriosamente formatada para o mesmo receio.  
Mais à esquerda, o PC (Partido comunista) menosprezado pela comunicação social, que o coloca sempre como um perigo latente e uma extensão inspirada na União Soviética, oportunamente extinta, e portanto longe das realidades actuais.
Assim, não se encontrando forças capazes de alterar o status, parece que a democracia pré-fabricada não encontra novos instrumentos.
Contudo, na génese deste beco sem aparente saída, está a impreparação, ou melhor, a ignorância de uma população deixada ao abandono, nesse fulcral e determinante aspecto. Mal preparada nos bancos das escolas, no secundário e nas faculdades, não tem capacidade de decisão, a não ser a que lhe é oferecida pelos órgãos de Comunicação.  
Ora é aqui está o grande problema deste pequeno país; as TVs as Rádios e os Jornais, são na sua totalidade, pertença de privados ligados à alta finança, à industria e ao comercio, à banca e com infiltrações accionistas de vários países.
Ora, é bom de ver que com este caldo, não se pode cozinhar uma alimentação saudável, mas apenas os pratos que o "chefe" recomenda. Daí a estagnação que tem sido cómoda para a crescente distância entre ricos e pobres.
A RTP, a estação que agora engloba a Rádio e TV oficiais, está dominada por elementos dos dois principais partidos, com notório assento dos sociais-democratas e populares, especialistas em silenciar posições esclarecedoras e calar quem levanta o mínimo problema ou dúvida. A selecção dos gestores, dos directores e dos principais jornalistas é feita exclusivamente por via partidária. Os jovens jornalistas, são condicionados pelos problemas já descritos e ainda pelos contratos a prazo determinantes para o posto de trabalho enquanto, o afastamento dos jornalistas seniores, a quem é mais difícil formatar o processo a pôr em prática, está a chegar ao fim. A deserção destes, foi notória.
Não há um único meio ao alcance das pessoas mais esclarecidas e por isso, "non gratas" pelo establishment, onde possam dar luz novas ideias e à realidade do seu país, envolto no conveniente manto diáfano que apenas deixa ver os vendedores de ideias já feitas e as cenas recomendáveis para a manutenção da sensação de liberdade e da prática da apregoada democracia.
Só uma comunicação não vendida e alienante, pode ajudar a população, a fugir da banca, o cancro endémico de que padece, a exigir uma justiça mais célere e justa, umas finanças atentas e cumpridoras, enfim, a ganhar consciência e lucidez sobre os seus desígnios. 
@AG

CLAREZA...


PRINCÍPIO DE PETER


O Presidente de Portugal é inenarrável.
Algumas das suas intervenções começam a suscitar dúvidas sobre o seu estado psicológico. O seu posicionamento sobre os cortes dos subsídios à função pública anunciados pelo Governo, em que demonstrou o seu desagrado pelo não respeito da equidade fiscal, que alguns tomaram como um distanciamento à austeridade imposta pelos seus correligionários, afinal não passou de uma posição pessoal de alguém que se via afectado pelos cortes.
A sua declaração pública de que não sabe como vai pagar as suas despesas, com um rendimento de pensões de 10.000 euros mensais e de que terá de recorrer às poupanças para as suportar, é um momento digno dos apanhados.
O Professor parece alheado do país em que vive. Dizer que não sabe como viver com 10.000 euros mensais aqueles que a trabalhar se têm de governar com 500.00 euros, só pode ser uma anedota de mau gosto, só pode ser de alguém que goza com a miséria dos outros. Já não bastou um outro septuagenário – Eduardo Catroga - com a mesma formação, ter dito que vai para a EDP usufruir de 50.000 euros mensais e que quanto mais ganhar melhor é para o país, pois vai pagar mais impostos, sem se lembrar que qualquer um dos electricistas da empresa pensa o mesmo e sem referir que quanto mais ganhar mais pagamos na conta da luz, esta gente de idade começa a ficar sem jeito.
O mais grave é que ocupam lugares de que há muito se deviam ter retirado. Dedicarem-se às hortas, à agricultura de lazer, a pescar e de vez em quando darem uns palpites, tipo Mário Soares, assim sim, agora andarem no meio do trânsito com as artroses a atacarem o cérebro, não faz sentido e não é bom para eles nem para nós.
Se mantiverem a lucidez, a experiência e o bom senso, são uma mais-valia, veja-se o exemplo de Artur Santos Silva, mas se pelo contrário, começam a falar como o Estebes e agir como a Lili, então alguém da família que os aconselhe.
Princípio de Peter na sua plenitude. Não querem sair dos holofotes e falam como aposentados da província, com pensões de 200.00 euros, a única diferença é que têm dentes postiços bonitos e riem-se muito…