O Cerne da Questão |
Vejam como o Euro foi um excelente negócio para a Alemanha e péssimo
para os PIGS (Grécia, Itália, Portugal e Espanha). Reparem bem na simetria das
curvas.
Um
gráfico idêntico aparece num texto de Paul Krugman que cita Gavyn
Davies :*
É normal debater o problema do endividamento
soberano concentrando-se na sustentabilidade da dívida pública nas economias
periféricas. Mas pode ser mais informativo enxergá-lo como um problema na
balança de pagamentos. Tomados em conjunto, os quatro países mais problemáticos
(Itália, Espanha, Portugal e Grécia) têm um déficit conjunto de US$ 183 bilhões
na conta corrente. A maior parte deste deficit corresponde ao deficit no sector
público destes países, já que o seu sector privado se encontra actualmente num
estado aproximado de equilíbrio financeiro. Compensando estes deficits, a
Alemanha tem um superavit de US$ 182 biliões em conta corrente, o equivalente a
cerca de 5% do seu PIB.?
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Temos assim um ataque em tenaz tão ao gosto germânico: mantêm-se
os países desprovidos dos normais mecanismos de defesa cambial -resultante da
moeda única e das regras impostas ao Banco Central Europeu
- acentuando rapidamente as suas debilidades estruturais, e
simultaneamente dificulta-se o acesso ao crédito levando cidadãos
empresas e estados a um beco sem saída. Depois de espalhar o medo, substituem-se os governos desses países
(Grécia, Portugal, Espanha, Itália), reduzem-se salários e regalias sociais e
finalmente compra-se a capacidade produtiva de um país ao preço de
saldo.
Sem disparar um tiro a Alemanha está a conseguir alimentar os
seus desígnios imperiais melhor do que conseguiu na primeira e segunda guerra.
Em menos de 100 anos a Europa tem de enfrentar uma calamidade social provocada
pela Alemanha.
De facto estamos a enfrentar uma situação de
guerra, em que as armas até podem ser corteses e silenciosas, mas não deixam
de ser devastadoras.
Sabendo-se que 60% das exportações da Alemanha se destinam à Europa é
urgente que os cidadãos europeus exerçam o seu direito à resistência.
@ PPVI
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