JOÃO JARDIM EM ENTREVISTA AO JULIUS


Conhecido o resultado da auditoria às contas da Madeira, fomos ouvir o Dr. Jardim sobre o que pensa dos números agora tornados públicos.

J- Dr. Jardim mas que grande dívida...
J- Qual?
JR-A da Madeira...
J- Eu disse logo que comprar madeira em 2010 ia ser um mau negócio,  o ferro e o petróleo estavam mais baratos...eu avisei o Teixeira dos Santos, “ó homem esqueça a madeira, invista noutras matérias primas...”, ele ouviu-me? Népias...lá está... deu no que deu...
JR- Referia-me à dívida da ilha da Madeira...6.328 milhões e que é 128% do PIB da ilha.
J- Abençoada dívida...
JR- Abençoada? 600 % da receita efectiva de 2010...
J- Eh pá isso é tanta percentagem, que ninguém percebe. Se o máximo é 100 %, como é que é possível rebentar com o limite? Julgam que os madeirenses são burros? Isso é tudo conversa fiada porque estamos em eleições, quando eu ganhar isso baixa tudo  aí para  50 %.
JR- A dívida é 927 % das receitas fiscais...
J- Esquece esses números, isso está tudo aldrabado, estão a passar a dívida do continente para cima de nós. As nossas contas estão certinhas. Os socialistas, a maçonaria, os gajos da sic, os blogues (fora o vosso), os bolchevistas, os capitalistas da distribuição, os banqueiros da corrupção, os políticos de Lisboa sejam de que partido forem, essa seita de chulos nacionais, levou tudo à banca rota e agora querem passar a dívida para cima de nós...
JR- Mas foi o ministro das Finanças que o disse...
J- Esse seminarista da Opus Dei, armado em Gasparznho é o homem de mão ao serviço de interesses estrangeiros, que querem fazer da Madeira o destino das low costs.  Esse gajo está ao serviço da Ryanair e dessas companhias de navegação com cacilheiros. Esse indivíduo está a tentar limpar-se passando a dívida do continente despesista para cima desta ilha séria e poupada.
JR- O PR também se referiu à situação, criticando o desvio...
J- Quem é ele para criticar o desvio? Sim quem é ele? Não foi o Sr. Silva que aprovou o casamento gay? Estava à espera de quê? Ele aprovou os desvios e agora está contra?
JR- Não é esse desvio, é o desvio nas contas...
J- Nas contas? Quem é o Sr. Silva para falar de contas? Então anda no meio das contas há 30 anos e não viu nada no continente e agora vem falar das contas da ilha? Quando cá vem  nunca pagou uma conta, é tudo à nossa custa e o cavalheiro vem agora com essa conversa. Ele que esteja caladinho, porque se a coisa chegou onde chegou, foi porque ele não falava,  agora já não vale a pena falar, já se sabe tudo.
JR- O governo diz que vai ser preciso medidas na Madeira de grande impacto, o que pensa?
J- Eu não penso, eu faço. Estou de acordo com isso e já ordenei que as obras do TGV do Funchal para Porto Santo se iniciem na próxima semana.
JR- TGV?
J- Sim, mas não é tudo, vamos começar a construção da auto-estrada Funchal-Lisboa no início de Novembro.  São obras de grande impacto e que contribuirão para o aumento do PIB.  Essas contas que os cubanos fazem é sempre sobre o PIB, temos de fazer  crescer o PIB por aí a cima.
JR- Mas vai aumentar o endividamento...
J- Quem eu?
JR- Sim...
J- Eu não, mas se alguém aumentar, abençoado endividamento...
Foram estas as palavras de Alberto João sobre o resultado da auditoria.


TITANIC


GOOGLE EARTH


GRÉCIA EM DEFAULT-CONSEQUÊNCIAS...


OS 5


O CHUMBO DO PRESIDENTE


A entrevista do PR veio mostrar à saciedade, porque razão o Prof. Cavaco apesar da legitimidade democrática foi eleito por apenas 20 % dos portugueses.
Há 30 anos envolvido na política nacional, quer como ministro das Finanças, Primeiro Ministro e Presidente,  ficou surpreendido com os desvios nas contas públicas quer da República quer da Madeira. Parecia um cidadão comum a justificar incredulidade perante as débacles dos políticos.
 O Professor pareceu um espectador, esquecendo que é um actor. Todos sabemos que não tem poder executivo e quando o teve, a realidade actual coloca grande responsabilidade em muitas das acções implementadas pelo então primeiro ministro que se reflectem agora na viabilidade do país. Quando essa avaliação for feita com isenção e distanciamento, conhecer-se-á a factura do Professor.
O PR podia justificar com tudo, menos com a surpresa, pois sabe onde recolher a informação para avaliar o estado das contas públicas. A Troika  chegou lá em pouco tempo e envergonhou os mais altos responsáveis políticos nacionais. No que respeita à Madeira, o próprio TC já há anos que informava toda a gente, incluindo o Professor, só se ele achava que a dívida da ilha era abençoada.
Já dissemos várias vezes que o actual Presidente é o que menos eficiência teve de todos os que passaram pelo cargo. Veja-se o ridículo da convocação da conferência de imprensa sobre o estatuto dos Açores, com grande pompa e circunstância e a ligeireza com que lida com a gravidade do rombo do Dr. Jardim.
Consegue-se perceber claramente o proteccionismo à maioria, mas durante 5 anos nada disse e fez sobre a gestão Sócrates, limitando-se a refugiar nos chavões de sempre: coesão nacional, que não tem funções executivas, que são questões que não podem vir para a praça pública, etc.
Na entrevista à TVI lançou algumas ideias sobre economia, responsabilizando os orgãos da U.E,  enquanto que na era Sócrates os mercados eram soberanos. O Presidente não é uma figura agregadora , como Mário Soares, nem tem a sua estatura política, mas esperava-se muito mais. Se tivermos de dar notas: Soares 17; Sampaio 14; Eanes 13 e Cavaco 9. 


BOKASSA VS. PERNALONGA



A BOLSA DIA A DIA


A pedido de vários leitores que se interessam por estas coisas do mercado de capitais, vamos conforme diz um amigo nosso, dar uns bitaites, que não passam disso mesmo.
Desde 2008 as bolsas são diariamente escaparate dos noticiários de todos os meios de comunicação. A predisposição para a desgraça é sempre muito maior do que para as coisas boas, daí quando há quedas acentuadas, as notícias são a vermelho carregado e top de página. O cidadão comum olhava para as notícias sobre os mercados financeiros com desinteresse e passava a frente, pois era matéria de especialistas da especulação. Assim se passou até à falência do Lehman & Br. um banco americano de investimento de tal envergadura, que lançou o mundo numa crise financeira de contornos ainda indeterminados.
Em Portugal vivia-se ainda a euforia da invulnerabilidade à crise mundial. A inversão da teoria deu-se com a débacle do Banco Privado e as trapalhadas do BPN. Directa ou indirectamente, os cidadãos menos familiarizados com a alta finança começaram a sentir que o tempo ia mudar, vinha aí tempestade....e veio.
Vários posts que temos publicado ao longo destes 3 anos, dão especial ênfase ao factor premonitório dos mercados. As bolsas antecipam sempre movimentos da economia, valorizando as expectativas de ganhos ou perdas de rendimentos das empresas, que por si também resultam da capacidade da sociedade no seu todo em produzir e consumir bens e serviços, no fundo o famigerado crescimento, que resulta em: mais rendimento = mais investimento= mais emprego = mais produção=mais mais consumo=mais lucros.
Esta simples operação que só usa o sinal +, é digamos de um forma simples, a essência da subida ou descida das acções. Não é preciso ser-se licenciado, para se antever que perante a política de austeridade que o país atravessa, o consumo inflectirá e as empresas mais dependentes do mercado interno, terão fortes reduções nos resultados (dividendos), os investidores preferirão outras alternativas de menor risco para as aplicações de capitais. A título de exemplo, veja-se o comportamento das acções da Sonae, que estão a sofrer consecutivas desvalorizações resultado da antecipação de perdas futuras pelo factor contraccionista que a austeridade implicará.
A bolsa nacional que é tão pindérica como nós somos no contexto europeu, 2 % da U.E, é a nossa imagem: desorientada e desmoralizada, que a qualquer subida pronunciada no exterior, responde com uma subida moderada e a qualquer queda nos EUA e na Alemanha, estatela-se.


O gráfico cor de rosa que é o índice nacional, demonstra-o inequivocamente, no valor mínimo de quase 10 anos. 13.000 pontos em 2007 e 5.700 em 2011. É como se as empresas cotadas no seu conjunto perdessem valor em cerca de 60 % nos últimos 4 anos.
Devastador para o mercado e para os fundos que apostaram nas acções portuguesas.
Se analisarmos o comportamento dos títulos da banca, a coisa ainda está pior. A análise das cotações dos bancos deve ser mais cautelosa, pois aumentos de capital reflectem-se em cotações não homogéneas- incorporações de reservas, redenominações de capital e aumentos de capital a preços variáveis, reflectem-se nas cotações. O caso do BES é paradigmático, as acções valiam cerca de 20 euros em 1997 e agora 1.86 euros. Não se trata de uma desvalorização entre aqueles montantes, pois teve aumentos de capital com atribuição gratuita de acções que baixou o preço médio das que ficaram em carteira.
De qualquer modo a perda de valor do BCP, BES e BPI é fortíssimo e reflecte as dificuldades que aquelas instituições têm para rendibilizar os capitais e a insuficiência de recursos para alavancar a actividade interna e externamente. Estão prisioneiros de muitos obstáculos:
1º- Incapacidade de se financiar no mercado
2º- Crédito mal parado significativo
3º- Recursos substanciais aplicados na compra da dívida soberana portuguesa.
4º- Limitações impostas à concessão de crédito e como consequência contracção no negócio operacional.
5º- Necessidade crescente de recapitalização para responder aos compromissos e às dificuldades dos clientes dos sectores mais vulneráveis.

O mercado já antecipou todos estes factores, apesar de alguns deles só atingirem o climax em 2012 e 2013.
Mas nem tudo são más notícias. Se o BCP se desvalorizar mais 50 % estamos a falar de 9 cêntimos,  quando há 3 anos atrás, 50 % de desvalorização correspondia a uma perda de 2 euros. O que significa isto ? Que se ocorrer a falência grega, o risco é global, nesse preciso momento as autoridades deverão encerrar os mercados, sob pena do colapso planetário ser coisa de Sodoma e Gomorra. Se tal ocorrer poderá comprar BCP a 4 escudos (2 cts.) e o BES eventualmente a 20 cêntimos. Portanto escolha o momento, mas a 4/5 anos vai multiplicar por 5 o que gastar agora. É um palpite, vale o que vale, mas depois falamos...
Caso contrário, nem o dinheiro que tiver no colchão lhe valerá de muito...


MADEIRA-INDEPENDÊNCIA OU MORTE



O CABO DO MEDO

 O Dragão foi palco de um Porto-Benfica com um conjunto de particularidades, a suscitar uma análise subjectiva como é óbvio, mas que entendemos que no seu conjunto determinaram o desfecho e poderão ter influência no decurso da época.

1- Pelo 3ª ano consecutivo, o Porto apresenta 3º técnico diferente. Jesualdo um estudioso da matéria, mas um conservador. Villas Boas na senda do seu mestre, audaz , impulsionador, activo, líder e auto confiante. Pereira, um adjunto que ainda não se conseguiu emancipar dessa característica. No banco, a presença de Villas Boas era omnipresente, de mangas arregaçadas e camisa branca. Pereira todo de azul, confunde-se com a própria cor do banco, simplesmente não se vê. Villas Boas antecipava no jogo, o que só mais tarde se compreendia. Pereira, compreende mais tarde o que o espectador minimamente atento percebeu antes. Com Villas Boas percebia-se bem quem era o líder e os adjuntos, com Pereira as conferências no banco entre o técnico principal e adjunto denunciam uma responsabilidade híbrida demasiado evidente.
2- Villas Boas defendia atacando, Pereira ataca defendendo.
3- Villas Boas era sempre seguro até nos momentos mais frágeis, Pereira é inseguro até nos momentos mais altos. As substituições que operou no jogo são disso uma evidência. Depois de voltar à vantagem por 2-1, mas receoso de a perder, substitui o avançado que foi o melhor jogador em campo - Kleber, metendo um ala esquerda- Rodriguez, derivando Hulk para onde é só mais um - para o centro - e mantendo Varela, o menos laborioso em campo (apesar do golo). Com isto deu um poderoso sinal ao adversário: de fraqueza e de contenção,  para segurar a vantagem mínima. O Porto encolheu-se, o Benfica renasceu não pela sua qualidade de jogo, mas pelo medo do treinador do Porto. Quando o Benfica empatou viu-se a atrapalhação de Pereira e a leitura tardia do desenrolar do desafio. Mete o avançado que estava no banco e saiu Varela. Não teve a tal capacidade de antecipação, nem rasgo de líder. Todos os sinais de medo foram transmitidos à equipe e esta caiu. Tanto mais surpreendente, pois tinha tido uma 1ª parte de grande superioridade, apesar de continuar a demonstrar alguma desarticulação de processos.
4- Ver o discurso de Pereira nas entrevistas, é a antítese do antecessor: triste, apagado, sem autoconfiança, denunciando que o lugar foi uma prenda do Papai Noel. Umas desculpas de técnico de equipe de meia tabela e não de um grande da Europa.
Pereira parece a encarnação do princípio de Peter, um bom adjunto pode não ser um bom técnico principal e com a confusão perdem-se ambos. Há muitos exemplos disso.
5- Jesus tinha uma cartada importante, carregava o peso dos 5 a 0 de 2010 e o estigma de ter perdido tudo no ano anterior. Este jogo podia ser decisivo para o decorrer da época. A 1ª parte foi muito ansiosa por parte do Benfica, mas curiosamente o sofrer o golo perto do intervalo permitiu a catarse da 2ª parte. Entrou no 2ª tempo sem a ansiedade de manter o empate e arriscou tudo. Mesmo depois de sofrer nova desvantagem, percebeu-se que o Benfica poderia virar as coisas, perante a o recuo do Porto e a perda do domínio do meio campo. A interligação dos sectores no Porto perdeu-se na insegurança do passe longo, o meio campo que justificava um reforço, perdeu rendimento com a saída de Guarin com mais músculo que Bellushi. Defour deveria ter sido a 1ª opção. Jesus ganhou, foi humilde na forma como abordou o jogo e soube aproveitar a ingenuidade e o temor do adversário.
O Porto perdeu Falcão, mas não parece ser essa a sua principal perda. A saída extemporânea de Villas Boas criou algum embaraço na sua substituição, mas mantém-se o benefício da dúvida para o técnico, contudo não podemos deixar de evidenciar aquilo que nos parece um mau augúrio.

O CLUBE DOS 31


Esta histeria à volta da MADEIRA tem servido para tudo, menos para o essencial. Vejamos:
1º- As jardinices não foram nem mais nem menos que as Socrachatices, as Guterrices, as Barrosisses, as Santanisses e até as Cavaquices. O homem gastou à tripa forra, como os outros fizeram. O PECADO não foi gastar, foi esconder...
2º- Um dos Presidentes até disse, que havia vida para além do défice e Jardim assim fez, viveu muito para lá do défice, os outros também.
3º- Muitas das obras em que gastou o que não tinha, parece que são coisas de árabe com muito petróleo. Foram marinas desmarinadas, piscinas, aterros e túneis sem saída. Mas pelo continente também se fez coisa parecida: autoestradas que servem para recordes de Guinness em almoçaradas, mas de trânsito népias, foram estádios de futebol, que alguns tentam agora vender para a agricultura, foram parcerias público-privadas com lucros para os privados e prejuízos para o erário e um sem fim de gloriosas criações dos ricos de há 2 anos e pedintes da actualidade.
4º- O DN dá relevo e bem, que pelo menos 30 personalidades da maior importância no exercício do poder, foram informadas atempadamente sobre a situação da Madeira. 2 Presidentes da República, 4 Primeiro ministros, Procuradores, Ministros das Finanças, Presidentes do Supremo e muitos mais, entre os quais 129 motoristas dos vários membros dos governos.
5º- Alguns desses bem informados nos últimos 15 anos, vieram agora candidamente admoestar o Dr. Jardim, como se só agora tivessem tomado conhecimento das traquinices do Alberto João. Pasme-se, o próprio Presidente Cavaco, que em Julho na Madeira invocou o sucesso madeirense para servir de exemplo a todo o país, também verberou agora o comportamento do madeirense.
O homem andou anos a estacionar o carro em lugar proibido, muitas das vezes dando boleia aos que agora o censuram. Esses são hipócritas e oportunistas. A cumplicidade é absoluta, entre quem transgride e quem tem poder para punir essa transgressão e não o fez.
6º- O Dr. Coelho inteligentemente, aproveita o momento para tirar a pedra do sapato que calçou todos os líderes do PSD. Jardim sempre foi bipolar, provocando grandes dores de cabeça ao PSD quando este era poder. A aspirina era sempre muito cara. Todos os líderes do PSD provaram dela nos últimos 30 anos. Agora acabou, o homem mesmo ganhando, levou tamanha tareia, que resta-lhe a aposentação na Ilha de Santa Helena, pois quando a coisa começar a ficar feia para os lados do Funchal, vai ter que explicar como gastou tanto dinheiro em coisas que ninguém vai perceber, mas vai ter de pagar.
7º- A ameaça da independência que o Dr. Jardim vai sibilinamente aflorando, tem como único fito: “Queremos a independência, mas vocês perdoam a dívida como às ex-colónias”. Esse vai ser o próximo capítulo. É muito tarde para a habilidade.
Concluindo, escusam de andarem todos a bater no ceguinho, pois a malta já percebeu que o Sócrates da Madeira tem razão, quando diz que está a ser o bombo da festa. Se for caso de polícia, não foi pelo gastar, foi pelo ocultar. Que treta mais insossa. Gaste-se o que se não tem, mas mostre-se bem, o slogan dos inimputáveis.