O CLONE DOS POLÍTICOS


O que se assiste hoje com a Madeira, com o consecutivo aparecimento de buracos financeiros, justifica uma abordagem simples do tema.
As instituições públicas e no conceito incluímos todas as que por qualquer forma recorrem para o seu funcionamento ao Orçamento do Estado, estão sujeitas a um conjunto de regras, que diferem da lógica do negócio privado.
Enquanto que nas empresas, a contracção de compromissos é de imediato relevado na contabilidade, independentemente dos fluxos financeiros adjacentes -ex: uma compra a crédito é lançada no momento em que a factura do fornecedor é emitida, tal como a venda a crédito é registada no momento da emissão da factura, isto sem que tenha sido paga a compra, nem cobrada a venda, no Estado a importância é dada aos fluxos financeiros.
O que fez o nosso amigo Jardim e outros vulgarmente fizeram e fazem? Nos anos em que o orçamento não é gasto na totalidade, pedem aos fornecedores privados facturas e recibos adiantados, mas executam as obras e as compras nos anos seguintes. Se assim não operassem, perderiam verbas e teriam o budget do ano seguinte minorado, pois este normalmente é elaborado em função da aplicação de uma percentagem à execução do ano anterior. Nos anos em que gastam mais (por eleições e outros interesses) que o aprovado, negoceiam com os fornecedores a apresentação das facturas nos anos seguintes e os pagamentos serão cobertos por orçamentos de anos também posteriores.
Esta salsada, que é do conhecimento de toda a classe, é o dia a dia das regiões autónomas, autarquias, etc.
Faz lembrar a roda, que esteve na moda no ano passado, que assentava no pressuposto de entrada de novos sócios. Os primeiros ganhavam sempre, a maioria perderia sempre.
No dia em que o sistema implode, aí faz-se o balanço de quem perdeu e quem ganhou. Na Madeira chegou essa dead-line. Não se acredite que nas autarquias não haja esquemas idênticos, com valores menos relevantes, mas que serão conhecidos mais à frente.
O madeirense usou e abusou da cobardia dos políticos do continente, também eles atafulhados no sistema, mas teve o azar da entrada da Troika. O comportamento do PR tem sido lastimável e a exemplo do seu 1º mandato: inócuo, para não dizer outra coisa. O mais alto magistrado, professor emérito de Economia, desconhecia que o exemplo de sucesso que ainda há pouco tempo propagou, estava assente na completa bandalheira no gasto de fundos públicos, que o autor sabia não poder pagar. A ocultação dos gastos na Madeira, foi em proporção superior ao que a Grécia escondeu. Os jornais americanos e europeus deram-lhe o nome apropriado: Madeira trapaceira.
O Eng.º Sócrates comparado com o madeirense, não passou de um menino Tonecas e não há dúvida que à medida que o tempo faz o seu percurso, se percebe que o Eng.º não foi quem concebeu a Criatura, foi um dos que a alimentou enquanto lá esteve. Muitos outros já deveriam ter ido para Paris estudar filosofia, mas não foram e continuam a viver à custa do orçamento.  


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