A IMPREVIDÊNCIA DA PRESIDÊNCIA



As notícias que chegam da Grécia são demasiado dramáticas para que não se espere o pior. O Presidente da República apregoa nos Açores, talvez influenciado pelo clima eleitoral que se vive nas ilhas, que se cumprirmos o acordo com a Troika estaremos a salvo de novo plano de austeridade.
Para quem tanto proclama pela política de transparência, é surrealista que o PR venha anunciar o que não está debaixo do controlo dos portugueses. Caso a Grécia entre em colapso total e isso é praticamente garantido, conforme é opinião unânime dos especialistas e políticos da UE, razão pela qual anda toda a gente atarefada no chamado plano B, o resgate será inevitável, até para a Alemanha.
A conflitualidade social que se estabelecerá nos nossos parceiros gregos, se atentarmos às declarações de hoje do ministro das Finanças, fará da rua o verdadeiro parlamento grego e que obviamente rejeitará mais austeridade. Reduções de pensões entre 20 e 40 %, tributações adicionais e desemprego acima de 17 %, não deixarão qualquer margem de manobra para o novo plano de estrangulamento social feito à pressão, para que a Grécia consiga novo empréstimo. A Grécia sucumbirá, pois se não morre da doença, morrerá da cura. Os gregos já compreenderam que só com um plano europeu terão alguma hipótese de resistir, daí tudo farão para que a sua desgraça seja a de todos.
A Grécia cai, mas não irá sozinha e aqui a anedota presidencial de que Portugal se deve colar à Irlanda e fugir da Grécia a sete pés.
Sr. Presidente, quando os aviões atingiram as Twin Towers, foi bem nos pisos superiores, mas isso não obstou a que a derrocada fosse total. Assim sucederá à zona euro e não só. O colapso dos bancos que têm na sua carteira a dívida grega e neste caso estão as maiores instituições europeias, provocará uma catástrofe financeira, que nem planos b e  c conseguirão anular, talvez no melhor cenário amortecer impactos.
Nesse tempo que se aproxima rapidamente, perceber-se-á o quanto os líderes europeus lidaram com o drama grego, com uma frivolidade absolutamente criminosa.
Nesse tempo que se avizinha, viver-se-ão momentos de pânico no mundo financeiro que se propagarão de imediato à economia e à sociedade de uma maneira geral. Vai ser um salve-se quem puder, ninguém vai pagar a ninguém e ninguém receberá de ninguém. O período de tempo que vai durar esse estado de guerra, dependerá da liderança que surgirá nesse contexto, que será eventualmente com caras diferentes das que inundam as televisões actualmente…
A Grécia que é a fonte da civilização moderna, com uma História ímpar, mas que nos últimos tempos se dedicou mais ao mundanismo ateniense, em prejuízo de uma vida espartana, será novamente decisiva na destruição e refundação do espaço europeu e mundial.
Como disse Obama e bem, o planeta hoje está demasiado interdependente para que as nações se possam isolar das desgraças umas das outras. O Professor Cavaco que não lê jornais e raramente se engana, será a curto prazo um Presidente de uma das Repúblicas das Bananas.


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