O drama cada vez se agrava
mais. Conforme temos vindo a insistir, o problema do endividamento externo é
mais importante de que o do défice orçamental e lançará o país numa recessão
profunda. A dívida do Estado é de cerca de 30 % da dívida total de Portugal, o
restante é das empresas e particulares.
A banca não se consegue
financiar nos mercados e só através do BCE consegue os recursos para a sua actividade,
a exposição ao Banco Central Europeu é agora de cerca de 50 mil milhões de
euros.. Como é evidente os recursos utilizados na aquisição de dívida soberana
portuguesa, fazem muita falta para
injectar na economia, mas o travão imposto pela banca às empresas e
particulares, por falta de meios, terá consequências irrecuperáveis. O crédito mal parado das famílias é recorde
neste século, atinge já cerca de 5 mil milhões de euros e nas empresas 6 mil
milhões.
A banca nacional emprestou
à economia menos 20 % que no período homólogo do ano passado.
O aumento da carga fiscal
ainda mais depauperará a débil situação portuguesa, não há quaisquer sinais
para relançar a economia, as baterias estão todas apontadas para o défice, sem
uma política de esbatimento da recessão, que naturalmente fará aumentar o
défice por insuficiência das receitas (impostos) e pelo acréscimo do
desemprego.
As empresas na sua maioria
com uma insuficiência de capitais próprios, não resistem ao aperto do crédito e
é visível a morte diária de diversas unidades por todo o país, propagando com
isso o vírus do desemprego de longa duração.
O aperto imposto pela
Alemanha em contradição com a advertência do FMI, que é apologista de uma
austeridade mais light para impedir a recessão mundial, terá impactos
irreversíveis no contexto europeu e não só.
A derrota de Merkel nas
eleições regionais alemãs, também é um revés importante para uma política mais
flexível, os eleitores alemães não estão dispostos a sacrifícios no curto prazo
para ajudarem os periféricos a saírem da crise. Não estão disponíveis agora,
mas o safanão que a Grécia, Portugal, a Espanha e a Itália vão provocar no
prédio do euro e também na estrutura financeira germânica, vai obrigar a
medidas muito mais pesadas e onerosas. A economia é global não só nas transacções
nem na circulação de pessoas, é também
global na contaminação sistémica de incumprimentos seja de quem for. A Grécia só
por si, é suficiente para arrasar a banca europeia, pois na sua maioria é
credora da dívida soberana grega. Se acrescermos os gigantes latinos, então o
colapso será inimaginável.
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