1-
Pelo 3ª ano consecutivo, o Porto apresenta 3º técnico diferente. Jesualdo um
estudioso da matéria, mas um conservador. Villas Boas na senda do seu mestre,
audaz , impulsionador, activo, líder e auto confiante. Pereira, um adjunto que
ainda não se conseguiu emancipar dessa característica. No banco, a presença de
Villas Boas era omnipresente, de mangas arregaçadas e camisa branca. Pereira
todo de azul, confunde-se com a própria cor do banco, simplesmente não se vê.
Villas Boas antecipava no jogo, o que só mais tarde se compreendia. Pereira,
compreende mais tarde o que o espectador minimamente atento percebeu antes. Com
Villas Boas percebia-se bem quem era o líder e os adjuntos, com Pereira as
conferências no banco entre o técnico principal e adjunto denunciam uma
responsabilidade híbrida demasiado evidente.
2-
Villas Boas defendia atacando, Pereira ataca defendendo.
3-
Villas Boas era sempre seguro até nos momentos mais frágeis, Pereira é inseguro
até nos momentos mais altos. As substituições que operou no jogo são disso uma
evidência. Depois de voltar à vantagem por 2-1, mas receoso de a perder,
substitui o avançado que foi o melhor jogador em campo - Kleber, metendo um ala
esquerda- Rodriguez, derivando Hulk para onde é só mais um - para o centro - e
mantendo Varela, o menos laborioso em campo (apesar do golo). Com isto deu um
poderoso sinal ao adversário: de fraqueza e de contenção, para segurar a vantagem mínima. O Porto
encolheu-se, o Benfica renasceu não pela sua qualidade de jogo, mas pelo medo
do treinador do Porto. Quando o Benfica empatou viu-se a atrapalhação de
Pereira e a leitura tardia do desenrolar do desafio. Mete o avançado que estava
no banco e saiu Varela. Não teve a tal capacidade de antecipação, nem rasgo de
líder. Todos os sinais de medo foram transmitidos à equipe e esta caiu. Tanto
mais surpreendente, pois tinha tido uma 1ª parte de grande superioridade, apesar
de continuar a demonstrar alguma desarticulação de processos.
4-
Ver o discurso de Pereira nas entrevistas, é a antítese do antecessor: triste,
apagado, sem autoconfiança, denunciando que o lugar foi uma prenda do Papai
Noel. Umas desculpas de técnico de equipe de meia tabela e não de um grande da
Europa.
Pereira
parece a encarnação do princípio de Peter, um bom adjunto pode não ser um bom
técnico principal e com a confusão perdem-se ambos. Há muitos exemplos disso.
5-
Jesus tinha uma cartada importante, carregava o peso dos 5 a 0 de 2010 e o
estigma de ter perdido tudo no ano anterior. Este jogo podia ser decisivo para
o decorrer da época. A 1ª parte foi muito ansiosa por parte do Benfica, mas
curiosamente o sofrer o golo perto do intervalo permitiu a catarse da 2ª parte.
Entrou no 2ª tempo sem a ansiedade de manter o empate e arriscou tudo. Mesmo
depois de sofrer nova desvantagem, percebeu-se que o Benfica poderia virar as
coisas, perante a o recuo do Porto e a perda do domínio do meio campo. A interligação
dos sectores no Porto perdeu-se na insegurança do passe longo, o meio campo que
justificava um reforço, perdeu rendimento com a saída de Guarin com mais
músculo que Bellushi. Defour deveria ter sido a 1ª opção. Jesus ganhou, foi
humilde na forma como abordou o jogo e soube aproveitar a ingenuidade e o temor
do adversário.
O
Porto perdeu Falcão, mas não parece ser essa a sua principal perda. A saída
extemporânea de Villas Boas criou algum embaraço na sua substituição, mas
mantém-se o benefício da dúvida para o técnico, contudo não podemos deixar de
evidenciar aquilo que nos parece um mau augúrio.
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