PURGATÓRIO


Purgatório é o estado dos que morrem na amizade de Deus, com a certeza de sua salvação eterna, mas que ainda têm necessidade de purificação para entrar na felicidade do céu
O Limbo na Igreja Católica Apostólica Romana, é "um lugar fora dos limites do Céu, onde se vive a plena felicidade natural, mas privado da visão beatífica de Deus" e, por isso, da felicidade suprema e eterna.
Mais precisamente, o Limbo seria um lugar para onde iriam as almas inocentes que, sem terem cometido pecados mortais, estariam para sempre privadas da presença de Deus, pois seu pecado original não teria sido submetido à remissão através do baptismo. Iriam para o limbo, por exemplo, as crianças não-baptizadas e as almas justas que teriam vivido antes da existência terrena de Jesus Cristo [
O Papa Bento XVI em 2007 acabou com o Limbo, mas não mexeu com o Purgatório e fez bem, caso contrário a desorientação seria geral. O Purgatório será o destino natural de 84.8 % dos humanos, segundo sondagens da Marktest, 15 % vão para zonas mais quentes e apenas 0.2 % acomodar-se-ão no Palácio Celestial.
É muito difícil ganhar o Céu na terra, garantir o Purgatório é já uma conquista muito meritória, pois os apelos de Satanás são cada vez mais sofisticados e aliciantes. O marketing infernal faz jus ao nome e muitos não resistem, dos 15 % que irão para as caldeiras, grande parte são políticos, traficantes, pedófilos, corruptos, desumanizados e outros especialistas afins.
Quando Al Pacino no papel satânico em “O Advogado do Diabo”, foi posto por Keanu Reeves perante a evidência de que estaria condenado a perder na sua luta com Deus, ele questionou “quem disse?”, a resposta de Reeves foi simples: “está na Bíblia”, “…pois mas esse foi Ele que escreveu…”-esclareceu Pacino.
Os tempos que correm parecem dar razão a Pacino, mas resta-nos a fé num final feliz. Que Satanás faz um grande acompanhamento dos seus fiéis é um facto indesmentível, que depois de os alistar não mais os abandona, outra evidência, que Deus confia muito no livre arbítrio, que nos perdoe, mas por vezes em excesso, também é um dado assumido, que fomos construídos com tendências contraditórias, também o percebemos quotidianamente, resta-nos a fé e pronto, está tudo dito.

ESPEREM PARA VER


Estamos tão intoxicados pela crise, que se perdeu diversidade. Qualquer tema invariavelmente passa pelo condicionamento económico e financeiro. Desde a cultura, educação, saúde, desporto até ao apagão que sofreram os monumentos nacionais em 80 municípios, tudo é transversalmente afectado por esse vírus epidémico que se chama a CRISE.
Recordemos: Portugal foi-se ao longos dos anos transformando num imenso outlet a prestações.  Recheou-se o país de tudo o que se justificava e injustificava, o dinheiro entrava sem critério  e a taxas de juro acomodatícias, pois o facto de pertencermos à U.E dava garantia aos credores de recuperarem os empréstimos. Tão fácil a coisa era, que quem assumia o destino político do outlet, cada vez pedia mais para mais compras a prestações. A partir de uma certa altura começou a pedir-se para pagar prestações, pois o que o país produzia não chegava para o que se gastava e muito menos para amortizar dívida anteriores. O crescimento foi nos últimos 15 anos incompatível com o que gastava e as prestações superavam largamente o rendimento nacional disponível para o crédito externo. Espiral louca, com os diversos governos a promover a nossa ruína e com os banqueiros a financiar o consumo e a habitação sem qualquer critério de razoabilidade. Tempos de emprestar para a casa e recheio a 100 %.
Tal como nos monumentos veio o apagão e desapareceram os agiotas. O rei ficou nu, afinal o sistema era uma espécie de D. Branca ou do seu mais recente sucedâneo a roda ou bolha.
O sistema só sobrevivia desde que entrassem novos empréstimos, tal como na D. Branca em que os novos investidores traziam liquidez para pagar juros de 10 % ao mês aos mais antigos.
 O sistema não resiste a um stop, pois  em pouco tempo a falta de financiamento paralisa a sobrevivência por asfixia.
Portugal, Grécia, Espanha, Itália e outros, foram vitimas monumentais deste jogo que se tornou mais numa roleta russa que num jogo de casino.
A D. Branca faliu, as bolhas dissolveram-se e os países foram à bancarrota, estas disfarçadas pelas injecções maciças de dinheiro do BCE e do FMI. As troikas são o braço armado do capital para acudirem à desgraça dos insolventes, impondo-lhes tudo e mais alguma coisa e fazendo-os perder o que lhes restava da soberania. Portugal é um bom exemplo do que afirmamos, mas a Grécia é o expoente máximo do sistema.
Não se trata de impor travões às 4 rodas, trata-se de recuar vários anos através de recessões profundas, pois a perda de rendimento liquida o consumo privado, o que por si se reflecte no investimento e no desemprego.
Tudo isto até os meninos da 4ª classe já perceberam, pois  a vida dos pais é aula prática diária da filosofia em que aqui divagamos.
É por causa disto que o 1º ministro com toda a naturalidade anunciou que infelizmente o desemprego se vai agravar. Este  discurso há 1 ano atrás seria fatal e impróprio de um candidato a chefe do governo. Hoje a transparência dos políticos é notável, apenas porque lhes convém e quanto pior melhor.  Quando surgirem eleições no horizonte, tudo mudará, a esperança renascerá, o fim da austeridade é coisa garantida, os portugueses vão poder voltar a gastar…e a trabalhar…vão voltar a ser felizes, mas só por 30 dias que é o tempo de campanha. Esperem para ver.


A IBÉRIA


OS PAPÕES


ELECTRICISTAS


“Tomaria as mesmas medidas de austeridade que o actual Governo, que é o primeiro em dez anos a apresentar um rumo para o país.- Pina Moura (ministro da Economia e Finanças de António Guterres, actual Presidente da Iberdrola - eléctrica espanhola-2º maior accionista da EDP).
Não vale a pena pasmar, porque PM não é caso raro, mas revela bem a qualidade dos políticos que nos vêem desgovernando de há muitos anos a esta parte. Mais um guru que foi parte activa do descalabro, mas passados anos cauciona todas as medidas que são impostas para aliviar a herança de dívidas. Muitas delas têm a sua chancela. Estes iluminados concordam com toda a austeridade, invocando justificações de grande eloquência macroeconómica, mas o que é estranho, ou nem por isso, é que a receita é sempre para os outros. Que diabo, não há notícias que nos mostrem esta gente desempregada, ou a passar privações, pelo contrário estes diamantes estão sempre em lugarzinhos de destaque, que leva os mais cépticos a pensar que tiraram vantagem privada da missão pública.
Então nesta coisa da electricidade, os choques de 220 volts são sucessivos, veja-se Catroga há 1 ano a defender o contrário do que por hoje pugna. O poder público e o dinheiro privado não coincidem no tempo, revezam-se…e aviltam a integridade de muita gente. A economia e o capital são os ventríloquos que fazem dos políticos marionetas que vão falando e fazendo o que mais lhes é conveniente. Não haja ilusões, governar pode durar 4 anos, mas a vida normalmente dura mais…o poder vai-se, mas seguem-se tempos de mordomias e riquezas compensadoras.
Os mesmos de sempre alternam entre cargos públicos e vícios privados, num frenesim que a sociedade feita de mistérios e impotências vai aguentando, remoendo em surdina, ou em manifestações de indignados, mas incapaz de mudar.

MADRASTA


EMIGRANTE


IMUNDÍCIE DE GESTÃO


Inscritos nos Centros de Emprego há cerca de 300 mil desempregados sem subsídio, acresce 350.000 que são beneficiários de prestações de desemprego. Fora das estatísticas os que já não procuram emprego e já não se registam, devem ser entre 200 a 250 mil. O maior flagelo económico e social que esmaga a coesão de um país, em Portugal deve estar a afectar cerca de 900.000 portugueses, caminhando para1 milhão.
Este bater de tecla é mais um desabafo de um desânimo que um grito de revolta.
Ao Estado compete estabelecer políticas que promovam a criação de emprego, mas voltadas para o mercado empresarial e não substituir-se a ele como empregador. O excesso de funcionários a cargo do orçamento não faz crescer a economia e agrava as finanças públicas.
O mercado privado terá de ser a mola do crescimento, produzindo bens e serviços transaccionáveis e como resultado o criador de emprego por excelência. A quadratura do círculo está na compatibilização desse objectivo com a descapitalização da maioria das empresas, a dificuldade no crédito e a quebra no consumo.
O investimento em actividades ou negócios que subsistam pelo consumo interno são de elevado risco nos próximos anos. Há uma janela de oportunidade nas áreas que substituam importações e nas que operem no segmento exportador, mesmo que não directamente, o vulgarmente designado como outsourcing, mas aqui a construção de um mercado demora anos até solidificar relações que permitam alavancar o investimento com segurança.
Esta encruzilhada agravada pela vocação do Governo direccionada em exclusivo para o controlo das contas públicas, está a desorientar a economia e a dinamitar a réstia de confiança do país.
A Política subalternizou a Economia e ela vingou-se atrozmente, reduzindo os gurus dos partidos a simples guarda-livros, que se limitam a fazer contas de somar e subtrair. As promessas do antigamente recente, deram lugar a anulação de todas as encomendas de que ainda se foi a tempo: TGVs, aeroportos, aviões, escolas, hospitais, estradas e até museus.
Perguntar-se-á, mas ninguém conhecia as contas? Uns prometiam, outros pediam emprestado e outros inauguravam. Pelos vistos do pagamento ninguém sabia…só os credores.
Nesta imundície de gestão foram-se criando centenas de milhares de postos de trabalho suportados em empréstimos para actividades que não criavam riqueza sustentada. Desmontado o logro, tudo ruiu como um castelo de cartas e as vítimas estão nas pousadas dos Centros de Emprego à espera de melhores dias.
Enfim…

PARADOXO


Paradoxo: Uma multidão de portugueses à espera que portugueses fossem esmagados por estrangeiros. Passou-se naturalmente no Estádio da Luz, os 3 únicos portugueses que estiveram em campo entre 28 jogadores, jogavam no…Chelsea…
O próprio Chelsea apresentou 2 ingleses. Isto de falar em equipas portuguesas, inglesas, italianas e afins é uma treta, hoje em dia o espectáculo não tem nada de patriótico, é de mercenários.
Quando se via o Benfica das décadas de 60 e 70, pulsava o sangue de Portugal, mesmo que se não fosse adepto do clube, Eusébio, Coluna, Simões, Águas entre outros, eram um símbolo nacional mesmo em tempo de ditadura.
O Porto chegou também ao topo, mas numa mescla de nacionalidades. No Benfica só se falava português.
Não interessa aqui escalpelizar o porquê, haverá muitas razões e a mais importante será a incapacidade para reter os bons jogadores portugueses, que são transferidos para os grandes clubes a peso de ouro, mas o facto é que actualmente nas grandes equipas portuguesas fala-se espanhol, francês e enfim o português…só que… com sotaque.
Hoje foi um bom exemplo deste paradoxo, os portugueses estavam todos do lado contrário. Haveria sempre portugueses a perder, ou jogadores ou adeptos…
O fanatismo atingiu um tal nível, que se por hipótese académica o Chelsea tivesse apenas jogadores portugueses da nossa selecção e o Benfica só espanhóis, os adeptos portugueses morreriam por Castela…

PORTO A NOSSA CIDADE



NEGÓCIOS


PER SECULA SECULORUM


Os congressos dos partidos quando ocorrem em períodos em que são governo, são inócuos e fazem lembrar os famosos “ Vivas à Cristina” no tempo da ditadura. Ninguém está ali para complicar a vida a quem está onde todos querem estar: no poder.
O XXXIV do PSD não fugiu à regra, mas teve um pormenor que o distinguiu pela positiva, a modéstia do conclave. Pouco show off, como aliás os tempos aconselham.
Comparado com aquele circo que foi o Congresso do PS em Matosinhos, que ficará para a história como o último de Sócrates, em que a entrada deste rodeado de seguranças com a música e o ambiente típico das eleições americanas e em que foi reeleito como secretário-geral com 90 % dos votos, foi um acto digno e nobre.
A política tem destes paradoxos: o partido de esquerda apresenta-se à americana e o de direita faz um congresso à albanesa.
O de esquerda apostava tudo no Superstar com pompa e circunstância, abraços, choros e juras de fidelidade eterna. Até as figuras gradas do partido, ajudaram à missa, caucionando actos de governo deploráveis e que nos conduziram até aqui.
O povo parece que não gostou e traçou o caminho para o Engº - que pelos vistos parece que já não o  é, dizem que arranjou um diploma forjado- e que o actual 1º ministro também veio a adoptar: a emigração.
A forma de apresentação dos líderes também é muito diferente. O anterior era um arrogante socialista, o actual um doce conservador. O 1º do que pedia emprestado, tudo dava e gastava numa espiral de disparates e num narcisismo que o destruiu. O que o sucedeu, tudo tira e empobrece, mas é o Messias. O 1º castigava gastando, o 2º castiga poupando…
Tal como nos países subdesenvolvidos, a Justiça chegará tardiamente à conclusão que afinal Sócrates, não está incólume em tantos processos em que está envolvido (14). Basta 1 correr-lhe mal, que as conclusões serão devastadoras para ele e para o PS.
O memorando com a Troika faz do PS um partido da coligação, que pretende ser da oposição. A utilidade de Seguro é carregar a cruz da austeridade que nos foi imposta pela incompetência dos confrades. Pobre Seguro, encurralado entre um contrato e o desprezo geral. Veja-se a sondagem que mesmo após duras medidas, continua a dar maioria absoluta à direita.
O PS, à medida que vão sendo conhecidos actos de governo que lesaram o país, afunda-se e carregará historicamente o fardo da miséria a que fomos sujeitos e ao desemprego galopante que destrói a coesão social. Deu também à direita, os motivos para destruir paulatinamente importantes direitos sociais conquistados pela democracia.
Até que o PS deixe de ser conotado como o Partido de Sócrates para ser o Partido Socialista, vão passar muitos anos e o seu cariz social será sempre sinónimo de bancarrota. No Japão de antigamente a desonra resolvia-se com o hara-kiri, hoje emigra-se.

No congresso do PSD esteve sempre presente o ausente e assim será sempre que der jeito “per secula seculorum”.

DANCE MUSIC




                                

CONDECORAÇÃO


DESCAMISADOS


O futebol vale o que vale e hoje nada tem a ver com desporto. É uma indústria que se serve de uma forte componente emocional e irracional para mascarar o objectivo comum à maioria dos grandes clubes: ganhar dinheiro e sustentar um entourage com rendimentos absolutamente fora do contexto económico. Os rendimentos de administrações, direcções, corpos técnicos e outros, só têm semelhança com banqueiros e gestores de grandes empresas. Isto passa-se em Portugal e praticamente em todo o mundo.
A guerra das tribos que são os clubes, branqueia os disparates das administrações desde que ganhem. No futebol campeia a máxima de Maquiavel: “os fins justificam os meios”.
Tudo isto a propósito do asco que dá ver e ouvir os treinadores dos maiores clubes portugueses: Porto e Benfica. Se fossem levados à letra, ganhavam os jogos todos excepto aqueles em que foram prejudicados pelos árbitros.
O inenarrável Vítor Pereira do Porto, perdeu um jogo para a Liga com o Benfica e teve o desplante de invocar a arbitragem, fazendo tábua rasa do erro grosseiro no jogo duas semanas antes em que o Porto venceu em Lisboa com um golo em nítido fora de jogo. A derrota é sempre imposta por terceiros, a vitória uma conquista própria. Um disparate pegado sempre que o homem fala para a comunicação social e a treinar não parece melhor…
O ai Jesus não lhe fica atrás, naquele seu português cheio de contracções e formas sincopadas, é sempre vítima dos apitos, quando é beneficiado… nunca teve oportunidade de ver.
Arrogância quanto baste na forma como se dirigem aos jornalistas nas conferências de imprensa, nenhum deles tem categoria nem estatuto que lhes permita imitar Mourinho, mas os jornalistas de hoje nada têm a ver com a classe de outros tempos, são dóceis, submissos e sujeitam-se à agressividade de indivíduos que vivem do protagonismo mediático.
Ambos desvalorizam os adversários, são incapazes de dar mérito aqueles que lhes causam engulhos, se tal aconteceu foi porque houve intervenção externa, nunca por nunca a humildade de reconhecer o melhor desempenho do outro lado.
Quem gosta de ver futebol tem de suportar este nojo de actores.
Se amanhã trocarem de clubes, passam a dizer o mesmo, apenas mudam o alvo.
Grandes treinadores em toda a sua dimensão, passaram por Benfica e Porto, Erickson, Trapattoni, Vilas Boas, Ivic, Artur Jorge entre outros, mas eram uns gentlemen na sua função.
O que temos hoje é um duo de descamisados sem classe, independentemente da capacidade técnica que possam ter. Sir Alex Ferguson pertence à classe, mas o único traço comum com aqueles dois é só um…a bola.



INQUÉRITO


O RESULTADO DA EQUAÇÃO


No dia em que veio público uma notícia sobre o caso Freeport, em que uma testemunha de um dos arguidos, que já foi ministro, declarou que José Sócrates foi o destinatário de 500 mil contos para aprovar um projecto, também se soube que o défice do Estado até Fevereiro triplicou como resultado da quebra das receitas fiscais (4%). O 1º ministro pelo seu lado veio dizer que o aumento dos combustíveis não é matéria da intervenção do governo, mas em 2008 disse o oposto, pedindo uma urgente descida do ISP, para contrariar a redução do consumo.
As autarquias não quiseram ficar atrás no protagonismo e soube-se que a dívida ascende a 12 mil milhões, mais 50 % do que o estimado.
O homem forte da Jerónimo Martins já foi avisando que Portugal terá de recorrer a um 2º plano de resgate.
Mas qual é a ligação disto tudo?
Tal como numa equação a várias incógnitas, a complexa resolução leva a um resultado lógico e sem remissão: Os desempregados inscritos nos centros de emprego são já cerca de 650 mil e se considerarmos os que já desistiram de procurar trabalho não deveremos estar muito longe dos 900.000 e no final do ano muito perto de 1 milhão.
A isto se chama um tsunami social sem paralelo.
Os políticos sem estatura moral nem competência, que foram desordenando o território e a economia, sem opções estratégicas sobre o desenvolvimento que estivessem para lá do betão, promoveram a derrocada geral. Toda a política económica assentou na construção e não na produção de bens e serviços transaccionáveis, com a agravante de ter aumentado o endividamento até ao limite do impensável. Todos têm responsabilidade, inclusive as vítimas de hoje, pois também pactuaram com todo o tipo reivindicativo, sem cuidar que a riqueza produzida era incompatível com os benefícios. Tratava-se de empréstimos a financiar gastos e não investimento.
O crescimento do país foi sempre anémico se descontarmos as obras públicas, mesmo numa década em que o crédito foi fácil. Como crescer agora, sem dinheiro para investir? E em quê? Qual a solução para o desemprego para além da emigração? Quem tem de ser a locomotiva do crescimento? A classe empresarial sempre se moveu na esfera dos subsídios e no apoio do Estado, mesmo considerando honrosas excepções, daí a queda brutal do PIB quando o Estado contrai no investimento. Portugal não tem uma economia privada sólida e independente que responda aos desafios do mercado. De uma forma ou de outra, o país foi-se subvertendo num funcionalismo público geral, uns directamente e outros como beneficiários indirectos.
Estamos à deriva tal como as crias quando são abandonadas pela mãe. Sem Estado tudo fica órfão. Foi esta monstruosidade que a classe política criou e alimentou. Quase 40 anos de democracia em que cada vez mais o fosso entre ricos e pobres vai aumentando, em que a classe média vai definhando e em que os pobres mais pobres ficarão, com a  eliminação de direitos que pensavam adquiridos: saúde, trabalho e apoio na idade sénior. Foi isto o resultado da equação.