ESPEREM PARA VER


Estamos tão intoxicados pela crise, que se perdeu diversidade. Qualquer tema invariavelmente passa pelo condicionamento económico e financeiro. Desde a cultura, educação, saúde, desporto até ao apagão que sofreram os monumentos nacionais em 80 municípios, tudo é transversalmente afectado por esse vírus epidémico que se chama a CRISE.
Recordemos: Portugal foi-se ao longos dos anos transformando num imenso outlet a prestações.  Recheou-se o país de tudo o que se justificava e injustificava, o dinheiro entrava sem critério  e a taxas de juro acomodatícias, pois o facto de pertencermos à U.E dava garantia aos credores de recuperarem os empréstimos. Tão fácil a coisa era, que quem assumia o destino político do outlet, cada vez pedia mais para mais compras a prestações. A partir de uma certa altura começou a pedir-se para pagar prestações, pois o que o país produzia não chegava para o que se gastava e muito menos para amortizar dívida anteriores. O crescimento foi nos últimos 15 anos incompatível com o que gastava e as prestações superavam largamente o rendimento nacional disponível para o crédito externo. Espiral louca, com os diversos governos a promover a nossa ruína e com os banqueiros a financiar o consumo e a habitação sem qualquer critério de razoabilidade. Tempos de emprestar para a casa e recheio a 100 %.
Tal como nos monumentos veio o apagão e desapareceram os agiotas. O rei ficou nu, afinal o sistema era uma espécie de D. Branca ou do seu mais recente sucedâneo a roda ou bolha.
O sistema só sobrevivia desde que entrassem novos empréstimos, tal como na D. Branca em que os novos investidores traziam liquidez para pagar juros de 10 % ao mês aos mais antigos.
 O sistema não resiste a um stop, pois  em pouco tempo a falta de financiamento paralisa a sobrevivência por asfixia.
Portugal, Grécia, Espanha, Itália e outros, foram vitimas monumentais deste jogo que se tornou mais numa roleta russa que num jogo de casino.
A D. Branca faliu, as bolhas dissolveram-se e os países foram à bancarrota, estas disfarçadas pelas injecções maciças de dinheiro do BCE e do FMI. As troikas são o braço armado do capital para acudirem à desgraça dos insolventes, impondo-lhes tudo e mais alguma coisa e fazendo-os perder o que lhes restava da soberania. Portugal é um bom exemplo do que afirmamos, mas a Grécia é o expoente máximo do sistema.
Não se trata de impor travões às 4 rodas, trata-se de recuar vários anos através de recessões profundas, pois a perda de rendimento liquida o consumo privado, o que por si se reflecte no investimento e no desemprego.
Tudo isto até os meninos da 4ª classe já perceberam, pois  a vida dos pais é aula prática diária da filosofia em que aqui divagamos.
É por causa disto que o 1º ministro com toda a naturalidade anunciou que infelizmente o desemprego se vai agravar. Este  discurso há 1 ano atrás seria fatal e impróprio de um candidato a chefe do governo. Hoje a transparência dos políticos é notável, apenas porque lhes convém e quanto pior melhor.  Quando surgirem eleições no horizonte, tudo mudará, a esperança renascerá, o fim da austeridade é coisa garantida, os portugueses vão poder voltar a gastar…e a trabalhar…vão voltar a ser felizes, mas só por 30 dias que é o tempo de campanha. Esperem para ver.


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