PER SECULA SECULORUM


Os congressos dos partidos quando ocorrem em períodos em que são governo, são inócuos e fazem lembrar os famosos “ Vivas à Cristina” no tempo da ditadura. Ninguém está ali para complicar a vida a quem está onde todos querem estar: no poder.
O XXXIV do PSD não fugiu à regra, mas teve um pormenor que o distinguiu pela positiva, a modéstia do conclave. Pouco show off, como aliás os tempos aconselham.
Comparado com aquele circo que foi o Congresso do PS em Matosinhos, que ficará para a história como o último de Sócrates, em que a entrada deste rodeado de seguranças com a música e o ambiente típico das eleições americanas e em que foi reeleito como secretário-geral com 90 % dos votos, foi um acto digno e nobre.
A política tem destes paradoxos: o partido de esquerda apresenta-se à americana e o de direita faz um congresso à albanesa.
O de esquerda apostava tudo no Superstar com pompa e circunstância, abraços, choros e juras de fidelidade eterna. Até as figuras gradas do partido, ajudaram à missa, caucionando actos de governo deploráveis e que nos conduziram até aqui.
O povo parece que não gostou e traçou o caminho para o Engº - que pelos vistos parece que já não o  é, dizem que arranjou um diploma forjado- e que o actual 1º ministro também veio a adoptar: a emigração.
A forma de apresentação dos líderes também é muito diferente. O anterior era um arrogante socialista, o actual um doce conservador. O 1º do que pedia emprestado, tudo dava e gastava numa espiral de disparates e num narcisismo que o destruiu. O que o sucedeu, tudo tira e empobrece, mas é o Messias. O 1º castigava gastando, o 2º castiga poupando…
Tal como nos países subdesenvolvidos, a Justiça chegará tardiamente à conclusão que afinal Sócrates, não está incólume em tantos processos em que está envolvido (14). Basta 1 correr-lhe mal, que as conclusões serão devastadoras para ele e para o PS.
O memorando com a Troika faz do PS um partido da coligação, que pretende ser da oposição. A utilidade de Seguro é carregar a cruz da austeridade que nos foi imposta pela incompetência dos confrades. Pobre Seguro, encurralado entre um contrato e o desprezo geral. Veja-se a sondagem que mesmo após duras medidas, continua a dar maioria absoluta à direita.
O PS, à medida que vão sendo conhecidos actos de governo que lesaram o país, afunda-se e carregará historicamente o fardo da miséria a que fomos sujeitos e ao desemprego galopante que destrói a coesão social. Deu também à direita, os motivos para destruir paulatinamente importantes direitos sociais conquistados pela democracia.
Até que o PS deixe de ser conotado como o Partido de Sócrates para ser o Partido Socialista, vão passar muitos anos e o seu cariz social será sempre sinónimo de bancarrota. No Japão de antigamente a desonra resolvia-se com o hara-kiri, hoje emigra-se.

No congresso do PSD esteve sempre presente o ausente e assim será sempre que der jeito “per secula seculorum”.

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