OS TONINHOS


O debate na tertúlia dos amigos da República, designada por AR, foi o mais British possível, com um fair-play de fazer inveja à antiga Assembleia Nacional. Apenas os do costume destoaram; BE, PCP e os tais verdes, mas esses depois da tareia que levaram no sufrágio, servem apenas para compor o ramalhete e para legitimar os outros. Não se livrarão nunca da responsabilidade de ter levado a direita ao poder. Toda a gente sabe que o país não pagou a traidores, só eles parece que ainda não se aperceberam e lá vão fazendo o folclore do costume, mas com menos Zés Pereiras.
Um observador desapaixonado questiona-se sobre a viragem de 360 graus no status da AR. Um 1º ministro educadíssimo, a ceder tempo ao PS e este elegantemente ao governo, a propagandear um quadro caótico do estado do país, que exige sacrifícios inauditos.  
O anterior dizia que tudo estava bem e criticava duramente os profetas da desgraça, o actual não é profeta, ele é o clero todo, não desperdiçando uma oportunidade para esclarecer que tudo é ainda pior do que o que se pensava. E será…
O PS está meio entontecido, tem um novo líder que desceu uns degraus para a 1ª fila, mas continua com aquela pose a fazer lembrar Chance Gardiner superiormente interpretado por Peter Sellers, em Goodbye Mr. Chance.
O ar meio apatetado do inseguro Seguro, olhando para os lados, quando interpelado pelo líder da bancada do PSD, como se não estivesse a perceber coisa alguma do que se passava e a pedir socorro aos colegas de bancada, enquanto murmurava palavras infantis, fica como o melhor momento do colóquio.
O PS despachou o lobo mau e contratou o Toninho para levar os meninos para a cama a horas.


                                                

O rapaz até é simpático, mas está deslumbrado com o posto e por nada deste mundo quer mudar para a bancada da frente, pois sabe que aí teria de mostrar o que vale e ele próprio não deve saber bem.
Esperemos pelas próximas novenas para se perceber a valia real desta malta toda.


O DEBT CEILING


O teatro dos americanos sobre o “debt ceiling” o denominado limite de endividamento, faz inveja aos grandes realizadores de cinema dos EUA, particularmente aos de ficção científica. O limite de emissão de dívida pública americana actual é de cerca de 14.300 biliões de dólares. Esse limite é definido pelo Congresso e desde 1962 já foi aumentado 74 vezes.
Como parte desse aumento é para financiar políticas sociais implementadas por Obama, assiste-se a uma luta de faz de conta, entre Republicanos e Democratas, no que respeita ao valor do aumento a ser aprovado. Todos sabem que o tecto vai subir mais uns andares: cerca de 3 biliões de dólares, caso contrário os americanos tinham que se juntar a nós e aos gregos no pedido de um “pequeno auxílio ao FMI”, que não seria uma TROIKA, mas sim uma PERESTROIKA.
Os americanos podem dar-se ao luxo destas coisas, brincar com coisas sérias, encenar tensões e suspenses para se assustarem uns aos outros, mas como nos filmes do Spielberg vai ter um final feliz…mas atenção que num futuro próximo a brincadeira vai ser séria. Quando os chineses amortecerem a compra de dívida americana, que ultrapassará 100 % do PIB em 2012, o caso muda de figura e a economia americana será alvo de medidas de austeridade para reequilibrar as contas públicas. Austeridade é uma palavra maldita para os fabricantes de dólares, mas de pouco lhes vai valer, tal foi a cedência à China a troco de lucros de curto prazo.
A Europa assiste a isto tudo, como uma espécie de um espectador menos preparado ao ver as películas do Ingmar Bergman, sem perceber bem a coisa e à espera do fim do filme para ir lanchar…


OS SPONSORS EM ANGOLA

O MACABRO CLUBE DOS JOTA 27

Jimi Hendrix, Jim Morrison, Brian Jones, Janis Joplin e agora Amy Jade Winehouse são o quinteto de talentos que desapareceram aos 27 anos. O macabro clube dos 27, ganhou mais um membro que precocemente ou talvez não, desaparece tal como os outros, depois de curtas carreiras que entusiasmaram as gerações em que viveram e as que se lhes seguiram.
Todos eles têm traços comuns, têm um Jota- Jimi, Jim, Jones, Joplin e Jade, arrebatadores, genialidade, anti-establishment e um traço vincado de contradição entre o prazer para os vários públicos que os idolatravam e o sofrimento pessoal que os perseguiu ao longo das curtas carreiras.
Como palhaços de circo que deliciam as crianças, mas que mascaram muitas vezes dores e estados de espírito tristes e infelizes.
A sociedade não se importa com o sofrimento dos geniais, se disso resultar o sublime, que ajuda a que ela própria seja menos infeliz. Se a criatividade libertadora, estiver associada a vidas devastadoras, tanto mais se enraizará o mito.
Quem ouvia e via Joplin pouco se importava com a vida infernal que a cantora levava, indignava-se com cancelamentos de concertos e exigia até à exaustão que ela cantasse, porque Joplin tinha uma voz única e irrepetível. Winehouse igual, a antítese entre o prazer que proporcionava a quem a ouvia e o sofrimento que era o seu quotidiano, faziam parte da mesma peça e mais reforçavam a mitomania.
Todos eles que abalroaram as regras do seu tempo, muito poucas vezes devem ter tido oportunidade de usufruírem do prazer que proporcionaram. A sociedade mostrou todo o seu sadismo, nunca lhes propôs um pacto de vida, pressionou os génios até à morte e contribuiu para que o macabro clube dos 27 fosse reforçado, porque para além de génios precisa de mártires e mitos.
Um viver para além dos limites geralmente aceites, com excessos de vária ordem, leva-nos a reflectir sobre a causa-efeito. Foram génios como resultados dos excessos, ou pelo contrário, excederam-se porque eram génios?
A vida continua, alguém se seguirá porque os mitos urbanos são insaciáveis...


JULIUS RIMANTE EM LUANDA



O JULIUS RIMANTE volta a África e à sua redacção em TALATONA-LUANDA-ANGOLA. Esperamos continuar a acompanhar a actualidade global e salientar o que de mais relevante ocorrer na política, economia e na sociedade em geral.
Podem acompanhar o  JULIUS no Blogger, Facebook,  Twitter ou no Googlebuzz.
Até lá.


PSICOFÁRMACOS



 notícia dos elevados encargos suportados com psicofármacos, impôs que entrevistássemos o conhecido psiquiatra Júlio Rachado Paz, para uma apreciação profissional e desapaixonada do momento psíquico nacional e as repercussões na vida pública portuguesa.
P- Prof. Rachado, Portugal é hoje um país doente na óptica da sanidade mental?
R- Não tenho qualquer dúvida em afirmar que sim.
P- Como se pode diagnosticar essa enfermidade ?
R- Não é uma enfermidade, são várias : depressão, esquizofrenia, bipolaridade, transtornos de ansiedade, entre outras. São as denominadas psicopatologias.
Os sintomas são os mais variados, mas basta ver os meios de comunicação social, para de imediato se diagnosticar em todas as áreas da sociedade, perigosos indícios de psicopatologias colectivas.
P- Pode o Prof. exemplificar…
Rachado Paz
R- Veja o caso dos poderes públicos, na política por exemplo: há cerca de 12 meses o país era imune a quaisquer problemas financeiros que afectavam o mundo, o anterior governo asseverava que estava tudo debaixo de controlo, últimos a entrar na crise e primeiros a sair. O desemprego não era nada de alarmante, o deficit público cifrava-se em cerca de 5.8 %. Aqui estamos perante um diagnóstico evidente de esquizofrenia. Recordo que a esquizofrenia é um transtorno psíquico gravíssimo, caracterizado por uma colecção de sintomas tais como: ALTERAÇÕES DO PENSAMENTO, ALUCINAÇÕES, DELÍRIOS E PERDA DE CONTACTO COM A REALIDADE…
P-O que se veio a verificar…
R- Claro, basta ver o discurso do novo governo passados 2 meses, que passou o país da euforia e grandiosidade à depressão. Trata-se do chamado TRANSTORNO BIPOLAR, caracterizado pela variação extrema do humor entre uma fase de maníaca ou hipomania, hiperactividade e grande imaginação, e uma fase de depressão de inibição, lentidão para conceber ideias e realizar, e ansiedade ou tristeza. Juntos estes sintomas são comummente conhecidos como depressão maníaca.
P- Encontra mais sintomas, em outras áreas ?
consumidor de psicofármacos
R- Como atrás disse, a comunicação social está diariamente repleta de exemplos. Veja a Justiça, as páginas de jornais e horas de televisão, sobre o problema do segredo de justiça. Para os epicuristas, a felicidade e mesmo a riqueza, está em desejar ou querer apenas aquilo que já se tem. Para os estóicos, a felicidade está não em desejar que ocorra o que queremos, mas, ao contrário, em desejar o acontecimento. Esta confrontação entre estas duas correntes de morais metafísicas, faz do segredo uma coisa que toda a gente sabe… e do que se sabe e que não seja segredo… não ter qualquer interesse público, por muito relevante que seja.
P- Isso também indicia um transtorno psíquico?
R- Como é evidente, estamos perante, uma sociopatia, é um distúrbio mental grave caracterizado por um desvio de carácter, ausência de sentimentos genuínos, frieza, insensibilidade aos sentimentos alheios, manipulação, egocentrismo, falta de remorso e culpa para actos cruéis e inflexibilidade com castigos e punições.
P- O quadro que refere é preocupante….
Conhecida figura pública vítima de distúrbios
R- Pois é, se verificar as estatísticas de consumo de anti-depressivos em Portugal, conclui que aumentou exponencialmente. Os políticos contribuem decisivamente, quer pelo consumo próprio, quer através das medidas que tomam, que implica uma corrida aos psicofármacos, por parte de grande maioria dos cidadãos.
P- Mas o problema não é apenas do país…
R- Claro que por toda a parte encontramos sintomas destas psicopatologias, mas não há dúvida que Portugal, é riquíssimo em todas as variantes investigadas. A psicose, que se caracteriza pela perda do contacto com a realidade, acompanhada pela falta de insight, que impossibilita o reconhecimento do carácter bizarro do comportamento, é todos os dias evidenciado nos programas de televisão, quer nos debates políticos, nos talk shows, programas desportivos, em entrevistas a figuras públicas, etc.… e não se pense que é apenas o caso do emplastro, aquele que procura as câmaras desenfreadamente…
P- Que terapias propõe?
R- Muitas psicopatologias não têm cura, a esquizofrenia dos políticos é um conjunto de sintomas crónico, repleto de alucinações, como atrás refiro, ideias delirantes que se podem manifestar de forma instantânea e explosiva, com diminuição das capacidades mentais e pobreza de pensamento.
A teoria dos neurotransmissores considera-a um excesso de dopamina na via mesolímbica e falta dopamina na via mesocortical.
No entanto a eletroconvulsoterapia também conhecida por eletrochoques é um tratamento psiquiátrico em que a acção é rápida e eficaz.
P-Os investidores internacionais estão preocupados, com o estado dos gregos, portugueses e outros...
R- E é natural que estejam, pois os receios de que os países se tornem inimputáveis, por um estado de demência colectiva, pode levar a que as dívidas públicas sejam incobráveis.
P- Mas isso seria um quadro devastador…
R- Pelo contacto que tenho com alguns colegas gregos, a situação é idêntica. O estado psíquico dos helenos é também crítico, seria bom que a União Europeia criasse uma comissão de apoio psicológico a gregos e portugueses, com distribuição gratuita de prozac e outros medicamentos, para minimizar os riscos de uma depressão irreversível. Fala-se que estão a analisar a possibilidade de vender algumas ilhas como Santorini, Mikonos e Corfu. Portugal só poderá vender as Berlengas, pois a Madeira e os Açores ninguém as quer comprar, pelos custos da insularidade.
Foi esta a opinião do Prof. Rachado Paz, acerca  do estado da saúde mental dos cidadãos dos países acossados pela crise financeira e particularmente dos portugueses.


DESVIOS...

RICOS, POBRES E REMEDIADOS...


Antes do virar a página deste 13 de Julho de 2011, dei comigo a reflectir sobre estas duas palavras que invariavelmente nos acossam todos os dias, seja no imaginário seja na vida real: ricos e pobres.
Têm muito de conceito, apesar do indicador do rendimento per capita o clarificar em cada comunidade. Ser pobre na Suécia não é o mesmo que ser pobre em Moçambique, ser rico em Portugal não é o mesmo que ser rico na Arábia Saudita. Por outras palavras, o pobre é mais ou menos pobre conforme o local em que vive a sua desdita, da mesma forma que o rico é mais ou menos rico conforme a comunidade em que se insere. O mais rico lusitano ocupa um modesto lugar dentre os ricos europeus e se se considerar os ricos americanos ou chineses é um simples pobre dentre eles.
Vivemos tempo de incertezas, os pobres assustados com a descida do seu rating, pois podem passar a b1 a b2 e inclusive a lixo, num abrir e fechar de olhos, os ricos também temem que a descida do rating dos pobres, lhes traga do mesmo modo notícias desagradáveis e qualquer rico que se preze só gosta de contas de somar, subtrair nunca.
O problema mais deprimente é a imensa comunidade que se situa entre essas duas palavras, a designada classe média, que também se não sabe bem o que é em termos objectivos, mas que os próprios interpretam bem, são aqueles que não se sentem pobres nem ricos, que antigamente eram qualificados como os remediados, palavra a puxar mais para o pobre que para o rico.  Dependem do trabalho e de muitos empréstimos que foram contraindo para poderem demonstrar que não eram pobres. Têm algumas particularidades comuns: casal empregado, com casa equipada, 2 carros, filhos em colégios também médios , fazem férias, jantam fora algumas vezes, em suma praticam os chamados sinais exteriores de classe média, que por vezes se confunde com os dos ricos. Para se manter o padrão não há folgas, aqui os ratings, as dívidas soberanas e o diabo a quatro, acendeu a luz amarela e a ganhar cor avermelhada. Se algum perde o posto de trabalho, vira completamente vermelha e a tocar o alarme 24 horas. Desmontar por pouco que seja a estrutura familiar, é uma trapalhada que ninguém sabe por onde começar.
Os cínicos que falam de sacrifícios para pôr em ordem a casa mãe, não sofrem coisa alguma com as austeridades que propagam e beneficiam do marketing do pânico que entretanto passou a desígnio patriótico. Para já é assim, mas se não chegar vai ser pior e os pobres, remediados e ricos irmanados do mesmo espírito de manter a correlação de forças, resignam-se como se a luta de classes fosse coisa dos séculos passados.
Perante a incerteza,  curiosamente todos se julgam ricos e o bom será manter tudo como está, pois para pior já basta assim...
Tudo isto resulta do primado da Economia sobre a Política, pois quando esta é exercida sem respeitar princípios básicos de equilíbrio, aquela subjuga-a e vinga-se duramente dos períodos em que é subalternizada.
Vamos dormir...