MOODY´S WEEK

Foi com algum orgulho que o JULIUS RIMANTE apreciou as crónicas de economia política de fim de semana do EXPRESSO e de outros órgãos de comunicação social,  particularmente as dos mais prestigiados jornalistas, pois são um plágio (salvo seja)  do artigo de opinião que postamos na passada 5 ª feira (TRIÂNGULO DAS ESTRELAS). Com redacção superior, como é óbvio, dada a categoria dos cronistas, mas na essência a abordagem  é idêntica. De uma forma geral a psicanálise à semana Moody’s, é a seguinte:
1ª-A hipocrisia dos agentes políticos e financeiros portugueses, que para atacarem o anterior governo, glorificavam as agências de Rating americanas e que  agora diabolizam. O próprio Presidente que antes era um fanático do funcionamento dos mercados, agora é o mais resiliente.
2º- A incapacidade dos líderes europeus em tratarem a crise como um todo, sem uma estratégia de defesa do euro e do espaço europeu. Desde o BCE, passando pela Comissão até aos membros mais ricos da U.E , tem-se assistido à sucessiva humilhação pública da Grécia, que foi das civilizações que mais contribuiu para o progresso universal, na tentativa de aplacar as tais agências de rating. As sucessivas medidas de austeridade impostas à Grécia, que usou e abusou das facilidades dos tais ditos mercados, em políticas orçamentais inenarráveis, são de tal forma inenarráveis também, que o doente morrerá rapidamente da cura.
3ª- Perante a falta de uma acção comum, cada um dos membros em dificuldades,  tenta demonstrar que está em melhor situação que os outros, para evitar descer mais uns degraus no rating das agências norte-americanas.
4º- O governo português em estreia absoluta, mal chegou pediu logo namoro às agências americanas, com a aplicação de uma medida dura, que não constava do acordo com a Troika. A Moody´s rejeitou logo a seguir, dizendo que o candidato não tinha capacidade nem para passar um fim de semana, quanto mais para namorar- lixo- foi a resposta ao pedido de namoro. O 1º ministro levou um murro no estômago, porque a moça não gosta de abusos nem assédios marialvas.
5º- Apesar de criticadas politicamente, ninguém critica os critérios técnicos das agências americanas, que em função dos dados disponíveis e das medidas que a Europa impõe aos países em crise, parecem estar correctos. Sem crescimento económico e aumento da carga fiscal, o downgrade agrava a recessão, o que provocará que o défice não desça. É uma política condenada ao malogro na Grécia e o mesmo se passará em Portugal. Mais medidas de austeridade para além das negociadas nos acordos com o FMI, terão resultado contrário ao objectivo. Racionalização da despesa pública, mas evitar maior contracção do consumo privado, apoiando a produção de bens transaccionáveis, para substituição de importações e aumento das exportações.
6º- Os países em dificuldades mais cedo que tarde, terão de ter uma reestruturação da dívida, chamem-lhe o nome que lhe queiram chamar, para aliviar o serviço de reembolso dos empréstimos soberanos e suavizá-los no tempo. Isto para as agências de rating significa maior risco de default.
7º- Os ataques sucessivos às economias europeias mais débeis, tem tido a complacência das autoridades comunitárias, sem se entenderem numa acção comum de defesa do património político, social e económico do espaço europeu.
8º-A seguir à Grécia, Portugal e Irlanda, as agências apontarão as baterias para Itália, Espanha e Bélgica. O que está em causa é implodir a moeda única e o espaço económico comunitário que surgia como refúgio à volatilidade do dólar e poderia tornar-se um adversário de peso na política económica mundial, que suporta apenas dois gigantes: os USA e a China.


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