ILUSÃO DE POBRE...

Prossegue a guerra das estrelas na complicada situação que se vive na Europa. Merkel, Scháuble (ministro das Finanças da Alemanha), Trichet e Weidmann (Bundesbank), são as figuras do thriller. O presidente da Comissão, o nosso Barroso, pesa tanto como nós na economia europeia: 2 %.
A Grécia enredada na impossibilidade absoluta de cumprir com os credores, necessitando de renovadas injecções de liquidez, está a servir de balão de ensaio para a estratégia alemã, que consiste em isolar os membros da U.E com défices elevados e que trazem mais engulhos que boas notícias.
Com a adopção da moeda única, foi como se todos partissem para uma corrida em condições completamente desiguais: Ferraris e Fiats Punto lado a lado, mas apenas na partida, ao fim de 3 voltas  estes já tinham sido dobrados. Sem competitividade, sem crescimento económico sustentado, grandes défices públicos para financiamento da política social, incapacidade de produção de bens transaccionáveis para exportar ou substituir importações, perda da soberania cambial, tudo isto associado às inenarráveis políticas orçamentais, foi provocando avarias consecutivas nos menos apetrechados, até os levar à desistência, o caso da Grécia.
A Europa comunitária é feita de ricos e pobres, o problema foi o fascínio de levar a pensar e pior que isso a agir, os pobres como se fossem ricos. O nível de vida, as prestações sociais, as obras públicas, o consumo privado e a compra de habitação, não foram resultado do aumento de riqueza redistribuída,  foi resultado dos empréstimos externos, quer aos Estados quer aos bancos e empresas.
Chegado o momento da verdade, os ricos que foram financiando com alegria as esquizofrenias dos pobres, desencadearam uma operação stop e aqui estamos hoje. O sistema em que  os periféricos têm vivido, assenta na lógica do jogo da roda, o sistema é alimentado por novas entradas (empréstimos), que pagam os anteriores e o remanescente é injectado na despesa pública ou privada, mas sempre em espiral ascendente. Por outras palavras, cada vez se deve mais na esperança de que o aumento do PIB, permita um dia reverter a espiral e se comece a diminuir a dependência do financiamento exterior. Ilusão sistematicamente negada pelas contas nacionais. Isto provoca um desassossego que os ricos não suportam, afecta a moeda e desvia recursos para acudir a esses esconjurados. Os juros que os pobres têm de pagar pelos auxílios a contragosto dos ricos, em vez de lhes aliviar a carga, ainda os empurram mais para o abismo, não lhes restando outra alternativa que não seja a de fazer a fita de que vão cumprir tudo que lhes foi imposto, quando sabem de antemão que é uma utopia, ganham tempo até que qualquer coisa boa aconteça...é a ilusão  de pobre...

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