EUROPA...JUNKER



A agência de notação Moody´s cortou o “rating” da dívida portuguesa em 4 níveis,  para “Ba2” (investimento de alto risco – lixo ).
As razões prendem-se com os seguintes 4 pontos:
1º- risco crescente de Portugal necessitar de um segundo plano de ajuda.
2º- risco da participação dos credores privados nesse novo plano.
3º-risco de incumprimento da redução do défice orçamental e da estabilização do endividamento.
4º risco do sistema bancário português necessitar de maior apoio do que o previsto no memorando.
A solução encontrada para a Grécia está a pressionar a notação de Portugal. O “rollover” da dívida grega, que consiste na data de vencimento das obrigações gregas, os bancos comprarem voluntariamente novos títulos, isto à medida que os que têm na sua posse cheguem ao fim do prazo. As agências qualificam este subterfúgio como a evidência de um default  da Grécia e os balanços dos bancos que participem no processo, devem reflectir as imparidades (perdas potenciais).
O ataque às economias europeias, através dos seus elos mais frágeis (Grécia, Portugal, Irlanda e seguir-se-á a Espanha), não tem paralelo no comportamento anterior das agências americanas, que são decisivas no acesso aos mercados financeiros. Em resgates anteriores na América Latina e na América do Sul, as agências agiram com uma postura flexível, completamente oposta à forma como encaram actualmente as ajudas aos países da zona  euro.
A incapacidade política da Europa, sem líderes de estatura nem visão federal, completamente à deriva e que se limitam a  criar cenários ridículos em cimeiras,  que não passam de humilhações públicas aos líderes dos parceiros em dificuldade, impondo-lhes promessas consecutivas de medidas de austeridade, só para agradarem às agências de rating, que servem interesses obscuros para uns e muito claros para outros, é mais um factor de perturbação.
O que está em cima da mesa, é uma estratégia concertada do grande capital americano, europeu e outros, para liquidar a zona euro e a Europa como um mercado único respeitável. A destruição de uma visão social europeísta com afectação de parte substancial dos lucros das empresas para a melhoria das condições de vida colectiva, que obviamente torna o custo do trabalho menos competitivo, promove um feroz ataque para  substituição da lógica social-democrata, pela do neo-liberalismo anglo-saxónico, em que a maximização do lucro é o paradigma.
A subserviência dos líderes europeus, com a Alemanha da Srº Merkel e a França do Sr. Sarkozy nos papéis de engraxadores do Café Paladium no Porto, sem desprimor para estes, impõe-lhes o teatro de ralhar em voz alta à família e a impor castigos, para agradar a quem nunca ficará agradado, até que tudo se desmorone. 
Podem ir esmolando de austeridade em austeridade; na Grécia, em Portugal, na Espanha, na Irlanda, etc., que nunca saciarão os abutres. Estes só comem carne morta. A política de controle dos défices ensaiadas em Portugal e na Grécia, não produzirá qualquer resultado para além do empobrecimento acelerado desses países. Um terço da ajuda é para juros e impacta sobre o crescimento económico de uma forma brutal. É uma espécie de um doente que está ligado às máquinas, o fim é o resultado, Mais cedo ou um pouco mais tarde, a sentença está traçada - saída do euro-. O que consta do programa da Troika, que ingenuamente julgamos poder cumprir, é uma impossibilidade. O défice negociado até poderá ser alcançado, mas as outras condições precisam de crescimento económico para gerar recursos. O dinheiro que chega através do FMI e do FEEF, é a máquina ligada,, que ajuda a manter as funções vitais, sem ele seria o colapso imediato, a morte anunciada, mas não haja ilusões, a Grécia não tem qualquer condição de sobreviver sem reforços permanentes e arrastar-nos-á e aos outros no desenlace. O que se desequilibrou durante décadas,  é impossível de se reajustar em 2 ou 3 anos, particularmente em países com economias pouco competitivas. Os credores facultaram recursos sem cuidar da solvabilidade dos devedores anos a fio, permitindo excessos inconcebíveis de governos e bancos  e de um momento para o outro, alto lá,,  ou travam a fundo ou não há empréstimos para pagar empréstimos. Aos pobres periféricos, resta a revolta contra o sistema, que a implodir juntará os pobres, os ricos e os credores. 
A diplomacia das austeridades, só produzirá maior vulnerabilidade, o tempo seria de criar um forte bloco aliado de ataque, a quem nos quer eliminar, mas não,  os engraxadores não têm categoria para outra missão senão a de engraxar até ao estertor final. Princípio de Peter.
As locomotivas do mais velho continente, não têm prestígio nem categoria para os tempos que vivemos, são actores secundários que não passam disso, a Europa de Delors está órfã de estadistas. Vamos todos sofrer, uns mais cedo outros mais tarde, mas ninguém ficará imune a esse pesadelo.

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