O TRIÂNGULO DAS ESTRELAS

O corte da notação portuguesa foi recebida com estupefacção pela maioria dos players da vida política e financeira nacional. Veio também trazer à superfície a hipocrisia dessa maioria. Sócrates debateu-se com o ataque maciço das agências de “rating” após a débacle grega e ninguém o apoiou. As agências norte-americanas no seu móbil pré determinado, infligem pesadas baixas na economia da zona euro, sem que esta consiga replicar minimamente.
A Moody´s , a Fitch e a S&P foram sempre consideradas como sacrossantas e acima de  quaisquer suspeitas, apesar de terem esbarrado no mistério do Lehman & Brothers em que não vislumbraram qualquer anomalia e depois foi o que se viu.
Os mercados financeiros mundiais que não têm rosto, servem-se das 3 agências americanas para o marketing da guerra, porque é disso que se trata, uma guerra.
Os líderes políticos europeus secundados pelo BCE, agem sobre as economias dos parceiros alicerçados nas notas do triângulo das estrelas. É como se a táctica do combate fosse delineada pelo inimigo. O BCE que na ausência do Tesouro europeu deveria conduzir a política financeira com autoridade e independência, determinou que não aceitaria garantias de estados membros cuja notação das agências americanas  fosse abaixo do patamar baa3.
Esta subserviência ao poder financeiro norte-americano tem provocado a degradação do euro e a desintegração da União Europeia enquanto espaço comunitário. Veja-se a preocupação de Portugal e da Irlanda sistematicamente a lembrarem que não são a Grécia, a Espanha a gritar que não é Portugal e por aí sucessivamente. A corrente que deveria ser de solidariedade e interacção, deu lugar ao salve-se quem puder. Tudo porquê ? Para ficarem bem nas fotografias dos técnicos das 3 agências. É evidente que é uma estratégia condenada ao fracasso, pois o mundo financeiro tal como a internet é global e os activos de uns são passivos de outros, as dívidas de uns são créditos de outros. O sistema é de vasos comunicantes e se houver um colapso em qualquer membro espalhar-se-á de imediato descontroladamente. Veja-se a génese da crise mundial que esteve na falência do Lehman para se prever o que aconteceria globalmente. O capital nunca deixará isso acontecer, mas aproveitar-se-á para enfraquecer o poder do adversário. Portugal é um balão de ensaio para o que seguirá em Espanha, recorde-se que o memorando com a troika impõe a privatização das empresas portuguesas participadas pelo Estado. No clima de debilidade que vivemos, a nossa capacidade de valorização desses activos será diminuta, ficaremos sujeitos à melhor oferta externa, pois internamente não haverá recursos financeiros para contrapor.
Finalmente  conclui-se  que os players se aperceberam  de que o triângulo das estrelas não é tão justo e isento como parecia, afinal o engº Sócrates tinha alguma razão quando dizia que estava perante um ataque inaudito dos mercados. Portugal pôs-se a jeito com políticas orçamentais e de endividamento externo incompreensíveis, mas o objectivo  do dólar não é começar em Atenas e acabar em Lisboa, são apenas escalas. Brevemente se verá.


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