ESCURIDÃO PROFUNDA


Estamos a assistir ao final do 1º capítulo da crise financeira na Europa.
30 % da U.E ou já se rendeu (Grécia, Irlanda e Portugal) ou está prestes a entregar-se (Itália e Espanha).
Quando a Itália ficar impossibilitada de  aceder aos mercados, bem como a Espanha, que lança apelos desesperados para que U.E tome medidas imediatas e definitivas, passaremos ao capítulo final: a desintegração do euro e as consequências imprevisíveis daí advenientes.
Mais uma vez a volatilidade das bolsas mundiais está a antecipar qualquer coisa de pouco agradável. Não afundaram ainda, porque esperam qualquer coisa da pátria de Pavarotti, que dê uma luzinha num ambiente de escuridão profunda.
O combate entre as 2 facções que decidem o comportamento do BCE, uma contra o financiamento directo do Banco Central Europeu aos países em dificuldades, limitando a intervenção à  compra  de dívida no mercado secundário e a outra de que o BCE deveria intervir fornecendo liquidez aos membros que dela necessitem, a exemplo da Reserva Federal Americana, foi a gasolina no fogo da crise.
Ambas as posições têm prós e contras, mas a ambiguidade foi um dos factores que mais contribuiu para a degradação e o descontrolo a que se chegou.
As políticas governamentais dos países periféricos, bem como a desregulação sobre os bancos, que não serviu de travão a operações de elevado risco, entre as quais o financiamento de dívidas soberanas duvidosas, défices públicos, consumo privado e crédito à habitação desproporcionado com os rendimentos nacionais, confluíram num beco sem saída.
A austeridade que obviamente tem de ser imposta aos que foram gastadores compulsivos, entre os quais estamos à cabeça, com os gregos, mas que conta com mais parceiros, não pode ser dada numa dose, que como diz Rubini- “ o medicamento vai matar o doente”,
A doença é epidémica e já contagiou todos, no 2º e último capítulo assistiremos à capitulação do sistema, tudo que era solução há 6 meses, no futuro nem para analgésico servirá.
A reestruturação das dívidas dos 5 magníficos a que se juntarão, belgas, austríacos e outros, será o estertor do euro e o caos no mundo global.

A citação de Marx sobre globalização e a redistribuição de riqueza, parece actual nos dias de hoje, mesmo considerando que o socialismo por ele teorizado também não tenha sido um grande exemplo de sucesso.
Os mercados e os seus exércitos continuam imparáveis, dizimando tudo por onde passam, submetendo democracias, governos e Constituições Nacionais, que são letra morta perante a voragem do capital. Se Marx tiver razão, esta ofensiva global para inverter as transferências de rendimentos  do capital para o trabalho, ser-lhe-á também fatal, pois vai aniquilar os clientes e sem clientes não há negócio.

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