MAS QUE FAZER?


Quando se comenta sobre as questões económicas e financeiras, resultado da crise que connosco coexiste, é curiosa a reacção de uma grande parte dos leitores : “...mas então o que fazer?”
O ruído permanente sobre o tema, com muita desorientação à mistura e os impactos na vida de cada um, naturalmente leva as pessoas a questionarem sobre soluções, pois as causas já foram demasiado escalpelizadas, mas ainda não explicadas convenientemente.
Soluções ninguém as tem já se viu, é como uma doença diagnosticada mas que não se conhece a cura. Muitas ideias, muitas propostas antagónicas, muita futurologia sem responsabilizar ninguém por erros de avaliação, mas no fundo estamos como na religião, ou se tem fé, ou se não tem. Justificações existem para tudo, mas ninguém sabe definir o caminho com precisão.
Um cidadão que faça incursões pelo tema, não tem obrigatoriamente de propor soluções, se assim fosse, então para comentar futebol só quem jogasse ou fosse treinador, ou para apreciar moda tivesse de ser estilista, dir-se-á até, que qualquer um de nós é quotidianamente chamado a opinar sobre temas de que na sua maioria não somos especialistas.
A política que é a ciência da organização, direcção e administração do Estado, em democracia tem de se sujeitar ao escrutínio e às críticas dos cidadãos. Quem escolhe a carreira tem a convicção de que é uma elite e propõe-se governar os outros, então têm de se  sujeitar ao contraditório e às críticas dos governados.
É o que aqui se faz, não temos de apontar soluções para tudo, mas temos de avaliar os actos e as medidas que os políticos vão impondo à sociedade e se os mesmos produzem os efeitos adequados, ou se pelo contrário, contribuem para agravar os problemas. A economia política depende da forma do exercício do poder e da matriz ideológica.
O facto de não apontarmos as soluções para os problemas, não retira  legitimidade para criticar as que forem sendo adoptadas, por uma razão simples, não temos o poder. Analisamos as causas, as medidas políticas implementadas para as ultrapassar, prevemos efeitos e formulamos as críticas.
Esse é um dos direitos da cidadania em liberdade, que não colide com a legitimidade que um Governo tem de aplicar a política que sufragou e foi escolhida pela maioria. 

Sem comentários:

Enviar um comentário