POÇO SEM FUNDO


Gota a gota, muito leve, levemente,  o sistema vai fornecendo pistas sobre o que aconteceu no BPN. É muito desconfortável para os políticos quando os seus camaradas de lides são envolvidos directamente nas falcatruas.
O caso de Duarte Lima é paradigmático, um fundo imobiliário que foi constituído pelo filho e um sócio, também ele do PSD, com 10 milhões de euros do BPN, por decisão pessoal do Presidente do banco, Oliveira e Costa, vale hoje zero.
Em 2009 numa comissão parlamentar à nacionalização do BPN, um dos administradores disse que se demitiu da empresa Imofundo, participada pelo BPN, por discordar de uma operação financeira em que  “ um cliente pretendia constituir um fundo e pretendia que o BPN lhe emprestasse 10 milhões de euros.” Pouca importância foi dada no referido inquérito ao Fundo Homeland, do filho de Lima e que só agora se perceberam os contornos.
A imprensa também parece agir a reboque das notícias, sem um jornalismo de investigação que vá desmontando as mafias que pululam no sistema político e financeiro. Pensam que a verdadeira Casa dos Segredos é a da TVI e contam tudo da vida desses infelizes, dos outros pouco sabem...pelo menos assim parece.
Enquanto o BPN foi um problema de gestão bancária, com perdas para accionistas,  tratava-se de um fait-divers, mas quando os funcionários públicos foram obrigados a pagar os desvios, sem serem accionistas, o processo muda de figura.
O Governo massacra toda a sociedade com austeridade sem quartel, mas nada diz sobre o que se passou no BPN. O impacto nas contas do Estado foi de 2.000 milhões de euros, mas nada diz como aconteceu, quem desviou e para onde. Muitos casos como o de Duarte Lima devem ter sido repetidos, mas ninguém sabe de nada, ou se sabem, não querem que os outros saibam.
Nojo e revolta, são sentimentos que o cidadão comum vai acumulando, os responsáveis mais visíveis do caso BPN eram figuras de elite do PSD, mas até os socialistas são ambíguos no desmascarar do que aconteceu no banco, também eles são corporativos e não fazem ondas.
Qual a legitimidade para se impor medidas que criam miséria, falência de empresas, desemprego galopante e perdas de salário, com a arrogância de que temos de empobrecer, quando responsáveis objectivos por actos que nos conduziram até aqui, continuam a viver na pacatez de uma prisão domiciliária, ou adiando em recursos sucessivos decisões judiciais ? As perdas já se conhecem, o Banco foi administrado pela CGD, então que expliquem o que levou à débacle, para onde foi o dinheiro?... é simples...a Justiça que julgue os crimes, se os houver, mas o que aconteceu?
Os políticos em Portugal são historicamente incompetentes, salvo raras e honrosas excepções e também são historicamente desonestos, salvo também,  raras e honrosas excepções e por isso mais de 85 % dos portugueses não confia neles.
Raramente governam, frequentemente desgovernam e são sempre competentes para quem lhes convém.
É a ditadura da democracia, mudam as caras, mas o manual de procedimentos é sempre o mesmo. Para alguns até poderá ser injusto, mas paga 1 justo pelos muitos milhares de pecadores....

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