A
volatilidade das bolsas é o termómetro do capitalismo.
A
reacção dos mercados bolsistas à notícia é automática, qualquer novo detalhe
macro-económico que influencie o desempenho empresarial é em poucos segundos
reflectido sobre as cotações das empresas ou dos produtos. Como exemplo, uma
previsão em baixa do crescimento das economias, impacta de imediato na quebra
da cotação do petróleo e nas acções das petrolíferas, obviamente o contrário
provoca uma oscilação no sentido inverso.
O
mercado português é um mercado tal como o país, periférico, somos 2.5 % da
economia europeia e a nossa bolsa é um jogo de play-station comparada com a
bolsa americana. A liquidez anual
(volume de negócios) da bolsa portuguesa é inferior à liquidez da Apple
numa semana.
Uma
particularidade a levar em conta é o ciclo, as bolsas antecipam desgraças 1 ano
antes de elas ocorrerem, assim como sobem a contraciclo da Economia. O exemplo
de 2009/2010 é um bom indicador, as bolsas recuperaram quase 50 % , desde o
fundo de 2008 (falência do Lehman) , mas só então os países começavam a sentir
o impacto da crise financeira. Por outras palavras a bolsa subia e a vida dos
cidadãos começava a sofrer transtornos. Parecia o fim de uma recessão que
atravessou o mundo ocidental e iniciava-se o ciclo do crescimento das
economias. O ano de 2010 mostrou esse crescimento nas locomotivas do
capitalismo: EUA, Alemanha e Japão. A China é um caso à parte, pois é um regime
híbrido, comunista para 1.800 milhões de chineses e americanizado para 200 milhões,
que mesmo assim tem tantos milionários como a população norte-americana.
Toda
esta conversa para quê?
A
volatilidade voltou e quando ela volta, são nuvens que podem degenerar numa
tempestade. As previsões de crescimento para a zona euro cada vez são menores
(0.3 %) e a qualquer momento poderão ser passar a dead-line e aí temos uma nova
recessão, mais amarga porque a anterior ainda não cicatrizou.
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O
1º ministro grego fez muito bem, a sociedade que decida. Se for no sentido da
rejeição ao plano e ao euro, o país entra em default....aí o problema será de
muita gente...e não só da Grécia, apesar de o sofrimento dos helénicos subir
exponencialmente. Não tem escapatória possível, a legitimidade já não está no
Parlamento. A proposta de Barroso para um governo de salvação nacional é uma
opinião de quem não sofre na pele as medidas duríssimas que foram inculcadas num povo que teve regalias a mais em relação ao
que produzia, mas que lhe foram proporcionadas por governos irresponsáveis e
pelos credores que agora lhe não dão prazo decente para pagar.
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Para
se inverter este ciclo, a actividade económica teria de produzir rendimento,
para isso precisa de investimento e emprego, a austeridade não poderia ser em
dose letal, teria de ser gerida e não descontrolada, que é o quadro a que se
assiste.
Veja-se
a pressão que a U.E faz sobre os parceiros em desespero, têm de assumir mais e
mais austeridade de que vão cumprir tudo e mais alguma coisa para poderem
aceder a nova tranche de auxílio. É a chantagem que o agiota faz ao desesperado
que o procura, impõe-lhe uma taxa e pede garantias que o pobre não vai poder
cumprir, mas ganhou tempo e oxigénio...
Os
periféricos como nós e os gregos, numa
aflição total, sob pena de cessarem pagamentos e não terem recursos
imediatos para acorrer aos serviços
públicos, salários, transportes, saúde,
etc., têm de aceitar as condições
brutais associados aos empréstimos, mas têm a perfeita noção de que não
conseguirão cumprir as condições com que se comprometeram, mas tal como os
pobres...ganharam tempo e oxigénio...
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