Os
mercados financeiros que suportam o financiamento da dívida pública e as
necessidades de liquidez dos bancos,
portanto as entidades que vão facultando os recursos para o
funcionamento das economias e das dívidas públicas, cobrando um determinado prémio (juro) são um conjunto de instituições que envolvem vários
bancos internacionais, quer como market makers ou market takers, É uma
estrutura muito especializada e com um funcionamento muito técnico que não
interessa aqui particularizar, mas o princípio é simples: trocam dinheiro por
uns papéis que os Estados emitem, que serão resgatados nas datas acordadas.
São
essas as entidades que fornecem os meios da perdição, o TNT que faz explodir as
Grécias que por aí pululam.
Tal
como Portugal, que baseou a sua sobrevivência no contínuo recurso a esses tais
ditos mercados. É como se se tratasse de um cidadão que ganha 1.000 euros todos os meses e gaste 1.500, pedindo mensalmente 500 para solver os gastos. Com a agravante
que os 500 de dívida não foram aplicados em criação de riqueza produtora de
rendimento, de forma a que a necessidade do empréstimo se fosse anulando e se
iniciasse o processo de reembolso. Pelo
contrário, à medida que o tempo avança aumenta os gastos e como o rendimento
não cresce, precisa de novos empréstimos para amortizar outros anteriores, acrescidos de juros.
A
expectativa do saneamento da dívida estava sempre ligada ao aumento do
rendimento, mas esse nunca chegou e a pressão dos credores já não deixa gastar
os 1.500, já só gasta 900 e 600 é para dívida e juros, mas com aquela sempre a
aumentar. Até que chegou o momento em que aquela gente disse stop, não há mais
crédito. Aqui começam os PECS, para ver se os convence a continuar a
emprestar, mas eles já não vão na conversa. A crise internacional pôs a nu os
devedores de risco, aqueles em que os mercados começaram a duvidar que
pagassem...
Aqui
surge a palavra mágica: AUSTERIDADE, os mercados adoram-na. Eles que deram tudo
e mais alguma coisa para: submarinos, campos de futebol, estradas que parecem
pistas de aviação pois automóveis não se vêem, para pagar prémios e carros de
luxo de empresas públicas falidas, túneis para aldeias de 30 pessoas na
Madeira, reformas vitalícias para políticos e um sem fim de disparates, sem
qualquer preocupação sobre a racionalidade da aplicação dos capitais que emprestaram e a
capacidade de reembolso do devedor, vêm agora com a política da “casa roubada
trancas à porta”.
À
Grécia perdoaram 50 % da dívida, mas já disseram que não repetem a graça. O que
cobraram em juros deu para as perdas e ainda sobrou.
O
fluxograma da desgraça é muito simples:
Política-partidos-promessas-eleições-lobbies-obras-benefícios
incomportáveis-desvios -défices- mais dívida-mais juros-fim do casino=default.
Coitada
da classe média que é afectada brutalmente pelas reduções de rendimento e
aumento de preços, coitados dos pobres que a hipocrisia dos governos diz sempre
acautelar, sem referir que o aumento dos preços e o desemprego por si só, fazem disparar a miséria. Mas a sociedade também é culpada na sua ânsia
de ter vantagens, sempre colabora com a festa das promessas e dá o voto a quem
mais promete gastar o que não pode nem deve e depois...lá vem a palavra mágica que nos faz descer aos infernos :
AUSTERIDADE.
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