VIAGEM AO CENTRO DA TERRA


O centro do mundo passou para  Atenas. O tempo é de Zeus e de Atena.
Muita gente ainda não percebeu bem que o que está em jogo não são meras questões da Economia e de Finanças, o que verdadeiramente está em jogo é a paz ou a guerra num espaço que não se confinará só à Grécia....
O Governo grego substituiu todas as chefias militares, o que indicia dificuldades de controlo da tensão social.  A marcação de um referendo para ratificar o acordo com a Troika, por parte do 1º ministro grego apanhou de surpresa o mundo, pois é conhecida uma sondagem com a  rejeição pela maioria. O 1º ministro sabe que o parlamento está exaurido e mesmo que aprove o novo acordo e novas medidas de austeridade, estas serão combatidas na rua. Resta-lhe a consulta popular, jogando tudo no sim e  passando também o problema para a U.E.
A mudança das chefias militares faz crescer as suspeitas de que se preparava um golpe militar. A democracia na Grécia, tal como em Portugal,  foi decepada pelos sucessivos  planos de austeridade acordados com a Troika e o exercício da soberania foi limitado à imposição das medidas mais ou menos discricionárias que lançaram a sociedade no caos.
O que se discute não é o diagnóstico, pois esse é sobejamente conhecido, o que está em discussão é a terapia. A sociedade grega caminha para o desespero e começa a indiciar propensão para a insurreição. O perdão da dívida em 50 % foi condicionada a novo pacote de medidas que  afundarão ainda mais a vida dos gregos. 
Os capitalistas gregos desviaram desde o inicio da crise financeira e orçamental da Grécia, mais de 200.000 milhões de euros para contas na Suíça, 40.000 milhões de contos na moeda antiga,  com o receio do default e a adopção da moeda antiga-  o dracma -, o que fará, se tal acontecer,  com que os fundos em euros em contas gregas percam mais de 50 % do seu valor.
Conhecedores destes desmandos e de outros, o clima de guerra civil é latente. A luta de classes começa a implodir, responsabilizando-se os políticos pela corrupção que está na génese da derrocada.
O problema já por si é intrincadíssimo, mas se lhe acrescentarmos mais umas incógnitas: Portugal, Espanha e Itália, então a equação torna-se insolúvel.
Até há uns meses atrás a impressão de euros poderia ter resolvido o problema, associado à adopção pelo BCE de medidas que defendessem os membros do euro e garantissem a sua solvabilidade fosse em que circunstâncias fossem.  Não foi este o caminho, a estratégia foi a ausência de estratégia, foi esperar, esperar, até que os medicamentos de antes não passam de uns analgésicos perante o  evoluir da doença.  A Europa do euro tinha um cancro que foi detectado a tempo, mas não seguiu o tratamento aconselhável e agora as metástases  proliferaram e os médicos já deram a sentença, a não ser que um milagre inverta tudo...

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