O Presidente ou acordou da
sua letargia, ou já interiorizou que não vamos lá com as receitas que nos medicaram.
“Ataque feroz”, é assim
que a imprensa qualifica a intervenção do professor na conferência “Europa em
debate” que decorre em Firenze. A Itália recebeu bem as palavras de Cavaco,
pois poderá ser a próxima vítima dos mercados.
Cavaco atacou o eixo
franco-prussiano, como até agora nunca se tinha visto por um político da União.
O que disse é a verdade, mas foi pena que não tenha tomado posições decididas
mais cedo. Denunciou os erros na U.E a destempo, tal como os do anterior
governo. O Presidente anda a contraciclo,
não actua preventivamente, participa no colégio dos críticos.
Sempre justificou não ser
poder executivo, mas as suas palavras na conferência tiveram um “tuning”
global. A sua posição foi clara e incisiva, sem as meias palavras e ambiguidade
que foi todo o seu 1º mandato. Se tivesse sido tão contundente durante o ciclo
Sócrates, pelo menos estaria isento de
cumplicidade por inacção.
Foi duro com 2 políticos
que tentam a fuga para a frente, já que os espera o fim de carreira. Sarkozy
tenta a todo o transe protagonismo internacional que amorteça a sua derrocada
em França, envolvido que está em escândalos que culminarão certamente na acção
de despejo do Eliseu.
A chanceler com as suas
hesitações para não agradar a gregos e troianos, foi protelando decisões que a encurralaram interna e
externamente. O duo franco-alemão é de políticos exauridos e sem prestígio nos seus próprios países.
Ambos procuram a tábua de
salvação para se manterem no poder, daí secundarizarem a Comissão que deveria
ser o orgão de comando da U.E..
Cavaco ataca com dureza
esse processo anti-comunitário, o directório que à revelia das instituições da
União, tenta impor soluções que a todos dizem respeito. Fez bem e falou melhor,
muitos devem ter-se revisto nas palavras de Cavaco Silva, que nos surpreendeu a
todos pelo seu atrevimento.
A responsabilidade da
crise europeia é de todos e não apenas de gregos, portugueses, irlandeses, espanhóis,
italianos e outros, é da responsabilidade global dos países membros e das
instituições nacionais e europeias que
pactuaram com défices públicos exagerados e não exerceram eficazmente a função
reguladora de todo o sistema financeiro. Cavaco focalizou bem a
responsabilidade colectiva, ainda que também afirmasse que uns se excederam mais que outros.
Cavaco foi corajoso e ao nível
do que se lhe conhecia como 1º ministro. Que pena o Presidente ter hibernado
durante 5 anos. Antes havia um Sócrates omnipresente e um Cavaco ausente, hoje um Passos obediente e um Cavaco irreverente. Ora bolas...
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