ILUSÕES



“Acabaram os tempos de ilusões”
A frase do Presidente é enquadrada num discurso todo ele de lugares comuns. Há pouco tempo dizia que o país não podia ser sujeito a mais sacrifícios e se cumpríssemos o acordo com a Troika entraríamos  num novo ciclo. Sempre a reboque dos acontecimentos, vem agora avisar que tal poderá não ser suficiente, caso se assista ao agravamento da situação económica e financeira internacional.
Tudo isto em intervalos demasiado curtos. Como Pilatos, lavou as mãos da era Sócrates, dizendo que  tinha avisado em diversas ocasiões do caminho para o precipício a que o executivo Sócrates conduziu o país.
Os avisos durante o seu 1º mandato foram inaudíveis e só na tomada de posse do 2º mandato foi avassalador, por revanche à campanha do PS nas presidenciais, que tentou afectar a credibilidade pessoal do Presidente candidato. Foram 5 anos de silêncio e colaboracionismo, não adianta tentar iludir o que foi óbvio.
Não é politicamente aceitável que diga que acabaram os tempos de ilusões, como se nada tivesse a ver com essas ilusões, pois apesar de não ter o poder executivo, era o mais alto representante do país,  com legitimidade para ter agido de outro modo.
O Presidente está mais discursivo, mas continua sem influência no curso dos acontecimentos. É tão vácuo, que todos os políticos das diversas facções lhe dão razão, conforme as conveniências.
Promulgou tudo que foram as ilusões do anterior governo e agora vem dizer que acabou a tinta da caneta, mas não era preciso, os residentes e os credores já perceberam que estamos falidos. Antes aprovou tudo o que nos conduziu até aqui, agora aprova tudo o que não nos vai deixar sair daqui.
Quem vai para a política, parte do princípio que é o melhor, daí tenta convencer os eleitores de que tem as soluções para os problemas da sociedade. Em democracia os políticos são escrutinados constantemente e é justo, porque venderam um produto que diziam ser o melhor, mas o pós-venda demonstra que na maioria dos casos, se tratou de publicidade enganosa.
O ano passado, o Presidente em campanha na Madeira fez a apologia do líder regional como o paradigma que deveria servir de exemplo ao continente. Passado um ano, vem dizer que acabaram os tempos de ilusões....ora bolas Sr. Presidente...
Tem razão numa coisa, acabaram as ilusões de se ver o Presidente como um factor de antecipação e provedor dos cidadãos, protegendo-os dos disparates da política partidária.


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