O CARAPAU


A desorientação é completa. O ministro Gaspar veio hoje dizer o que outros responsáveis do governo têm vindo a afirmar: estamos completamente tesos.
A populaça duvidava disso, era conversa para aplicar as medidas de austeridade, mas pelos vistos não há dinheiro nem para o petróleo. Se não fosse a Troika, uma espécie de Cofidis, nos ter dado aquele cartão de crédito manhoso, mas que dá para uns apertos, estávamos fritos.
Os comentadores que antes falavam de o ministro só aumentar a receita, agora criticam o corte da despesa, também eles andam desorientados. Dizem que vem aí uma grande recessão, pudera, que esperavam? Tanto pediram, que o homem fez-lhes a vontade, cortou tanto que as calças viraram slips.
Perguntam-lhe sobre a estratégia para o crescimento, o Dr. Gaspar responde-lhes que o Natal está à porta e a seguir vem a Páscoa.
O homem não tem dinheiro para nada, as empresas públicas não conseguem financiamento a não ser em notas do monopólio, entretanto têm tanta dívida para pagar, que o melhor é criar o Instituto da Dívida Concentrada.
A bancarrota é coisa do passado, nós estamos todos rotos, não é só a banca.
Essa coisa de apurar os responsáveis nem pensar, eram tantos os que iam presos, que o agravamento dos custos sociais com alojamento e alimentação disparava o défice.
Os políticos e sindicalistas protestam, os funcionários públicos andam de óculos escuros com a vergonha, os reformados pedem para voltar ao serviço para poderem fazer greve, a sociedade civil começa  a incivilizar-se em manifestações de indignados, que só servem para dar ânimo ao governo, pois são tão poucos, que o primeiro ministro parte do princípio que a maioria está contente.
Os empregados e os desempregados estão tão atarantados que todos pensam que vão ter de dar mais meia hora, uns na fila do autocarro e os outros na do centro de emprego.
A situação de penúria é tal, que o ministro tem um grupo de trabalho para ir à caixa  Multibanco do ministério hora a hora, para ver se as transferências da troika já caíram.
A lista dos credores é de tal envergadura, que a Portucel não tinha pasta suficiente para fabricar o papel para a impressão.
E por falar em pasta, que é coisa que ao país  só lhe resta em spaghetti, não há dúvida que o Luís de Matos é um amador à beira do engº Sócrates, basta ver como este fez desaparecer mais de 10.000 milhões em 3 anos e ainda ninguém os encontrou.. Foi o touch and o go...ele era o number one...
A bandeira nacional deveria passar a ter um novo símbolo: o carapau


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