MAMMA MIA


Aí está o que prevíramos, a euforia das medidas da cimeira da U.E passou em 48 horas e cá temos o recuo das bolsas mundiais.
A quebra brutal do crescimento previsto para 2012 pela OCDE, para os países que compõem a zona euro de 2 % para 0.3 %, foi uma péssima notícia para toda a gente e particularmente para nós.
De acordo com a opinião de Krugman (prémio Nobel da Economia) no New York Times, a subida das taxas de juro da dívida italiana, revela que o plano europeu está a fracassar, a yeld da dívida italiana no mercado secundário subiu ao patamar de 6 %. Por outras palavras, para impedir o incumprimento, o excedente orçamental terá de ser suficientemente robusto para estabilizar o seu valor, o que parece missão impossível no actual quadro da economia italiana.
Para Krugman só o BCE com compras maciças no mercado secundário da dívida, ou de contrário o euro colapsa. Também João Ferreira do  Amaral  foi crítico ao perdão à Grécia, que inevitavelmente caminhará rumo ao desastre, pois o financiamento bancário e ao Estado ficam irreversivelmente comprometidos. O BCE porá muitas reticências ao financiamento no futuro e os mercados fecharão as portas às instituições gregas.
Portugal que necessitará de financiamento externo durante muitos anos, tem essa porta vedada. Para Amaral só com um excedente na balança de pagamentos, pois não temos quaisquer condições para um crescimento sustentado. Isso na opinião do economista só é possível com uma desvalorização cambial, que Portugal não pode utilizar, pois faz parte da moeda única. Para Amaral a solução passa pela saída do Euro.
Com o desemprego oficial em 12.5 % e o real perto de 16 %, com o crescimento anémico previsto para a Europa em 2012 e com a crise do Euro num quadro incontrolável, as nuvens adensam-se ainda mais para o nosso país.
O delay dos líderes europeus, tal como temos vindo a dizer ao longo dos últimos meses,  tornou imparável o vírus que nasceu na Grécia, mas que se vai alimentando noutras praças. A moeda única parece começar a entrar num processo terminal  irreversível, cuja responsabilidade cabe inteirinha aos gastadores: Grécia, Portugal, Espanha, Itália e aos retardadores: Alemanha e França. Isto pode acabar muito mal, mas muito mal mesmo...


THE VAMPIRE


ZÉ RIQUEXÓ


CARAMBA!!!


CRATICES


BEBÉ 7 MIL MILHÕES


ACROBACIA E FRAQUEZA A NU


ORÇAMENTO DA DISCÓRDIA


A sondagem do Expresso é inequívoca: 81 % dos portugueses não concorda com o OE para 2012; 80 % não concordam com os cortes aos funcionários públicos; 58 % não confiam no Governo;  63 % dizem que as metas do OE não serão cumpridas e 60 % não confiam  no ministro das Finanças.

Este conjunto de respostas é uma premonição para o futuro.  Os portugueses em síntese dão o dito por não dito, há poucos meses escolheram o novo executivo e agora coloca-lhe todas as reticências. A impreparação política do primeiro ministro, exposta cruelmente na comunicação social através do contraste das suas afirmações antes de chegar ao Governo e as suas medidas no executivo, justificam alguma  coisa,  mas não tudo.
A alteração do seu discurso de esperança, que foi o paradigma do seu programa eleitoral, identificando bem que os portugueses não poderiam ser mais sacrificados, para o oposto, com um permanente acentuar da desgraça e do empobrecimento,  foi um “murro no estômago dos portugueses”,  frase que lhe é cara.
O seu ministro das Finanças, um monetarista convicto, dia a dia vai demonstrando o erro de casting que foi a sua escolha. Técnico brilhante, perfeitamente preparado para banqueiro, despegado de ambições políticas, aplica as receitas afirmando o desprezo por Keynes. Friedman é o seu modelo, a escola de Chicago a sua religião.
Os apoios que as medidas do Governo vão recebendo, vêm todas do mesmo lado: banqueiros,  associações patronais, empresários endinheirados e de outros sectores que se servem do fraco poder político do primeiro ministro para atacarem os mais fracos.
O próprio Presidente veio à liça com mais vigor que o líder da oposição, também ele um estagiário parlamentar.
O primeiro ministro usa e abusa do alarmismo, para impor condições debaixo do terror da falência. O seu peso político internacional é nulo e tenta arrebanhar alguns apoios através da lógica do bom aluno, ainda que para isso tente impor medidas sem equidade e injustas. Com o tique de tem de ser e sem negociar outras que amorteçam os efeitos.
Foram portugueses que assaltaram o BPN, mas não todos, só alguns e muito poucos, Esse automático submeter todos a sacrifícios tem de ser bem explicado. Para onde foi o dinheiro? O empregado de mesa com ordenado mínimo, que teve a ver com o BPN? Vai pagar mais pela energia, pelo transporte e pelos bens essenciais...ele ainda não entendeu porquê, sabe que tudo se passa porque houve assaltos e muitos se governaram...
Não adianta os comentadores levarem o Governo ao colo, com a teoria de depois deles o abismo,  que as medidas têm de ser estas, pois não há outras.  O país não confia minimamente na classe política e com toda a razão, foi ela que nos trouxe até aqui.  Os que lá estão, não são diferentes, só são outros.

EVITE AS COIMAS


DIABO NOS DETALHES


PASSOS COELHO E MAO TSÉ-TUNG


Mao Tsé-Tung o grande líder da Revolução Chinesa escreveu um conjunto de textos que se celebrizaram na colectânea  “Sobre a Prática e a Contradição”,
O nosso primeiro ministro pode ser a reencarnação do modelo de que se serviu  Mao para os seus escritos.
Se recuarmos uns curtíssimos meses e atentarmos às suas várias intervenções, quer como líder da oposição e depois como candidato às eleições, o homem conseguiu uma coisa notável, fez o contrário de tudo o que disse, nem Sócrates conseguiu um tal recorde.
Percebe-se bem que não estava preparado para coisa nenhuma e desconhecia completamente o estado do país.  O primeiro ministro que até parece bom rapaz, estava preparado para tomar conta duma Junta de Freguesia, para depois poder ambicionar uma câmara, agora para a empreitada em que se meteu não tem alvará.
Passa no you-tube uma colectânea das suas intervenções durante esse período com a duração de 9 minutos, que é uma homenagem de Passos ao livro de Mao.
Até uma criança ele enganou sobre o corte no subsídio de Natal, qualificando a atoarda como um perfeito disparate.
Já se sabia que o curriculum do Dr. Passos não era coisa de nos fazer babar de inveja, presidente do conselho de administração de uma empresa com 3 funcionários e uma passagem pela JSD.
Mas os portugueses têm destas coisas, gostam de dar oportunidades aos mais novos, principalmente quando mais ninguém se apresenta ao serviço, já tinha sido assim com Sócrates, repete-se novamente com Passos e parece que não vai ficar por aqui,
Um dos seus célebres discursos pré-governo  foi o climax, pois disse que com ele as palavras passavam a ter sentido e não seriam mais a mera retórica da politiquice. Cruzes, ou o homem estava possuído ou foi depois vítima de bruxarias poderosas.
Para ilustrarmos que se trata de um vírus impregnado nas entranhas do primeiro ministro, atente-se à imagem dos seus ditos de ontem e anteontem.
Anteontem “só saímos da crise empobrecendo”, ontem que o “2012 será o bilhete para sair da crise”. Desmontar isto não é para amadores, mas não custa tentar, em última análise o que se percebe é que 2012 será o início do empobrecimento, que se intensificará à medida que o tempo corre, pois só sairemos da crise empobrecendo. É legitimo deduzir que quanto mais pobres melhor será para  a saída da crise...
Mas que raio de conversa para um 1º ministro e aquela de meter o bilhete pelo meio, com o aumento do custo dos transportes também não foi feliz.
O Dr. Passos passa a vida a desdizer o Dr. Coelho de antigamente, o tal que dizia que já não havia espaço para mais sacrifícios dos portugueses e que o equilíbrio das contas só poderia  ser pelo lado da despesa,
Este Clark Kent transformado subitamente em Superman está a breve tempo de virar Superpateta.

CARTA DE PORTUGUÊS PARA GREGO



Caro Demetrius:
Espero que  estejas bem, assim como a Adonaide e o Agamedes.
Como sabes a vida por aqui começa a parecer-se com a vossa.  Vocês gastaram tanto como nós, a diferença é a de que vocês esconderam a despesa, mas o grave é se escondessem o dinheiro. Cá não, desapareceu o dinheiro e ninguém sabe da despesa.
Como sabes também sou 2º oficial de uma repartição, tal como tu, mas nem imaginas como nos tratam, antigamente todos nos respeitavam  e por vezes até se atemorizavam (...impostos...), agora entram na Repartição numa berraria e a dizer que somos a desgraça da nação. Chego ao ponto de trabalhar de fato de macaco, pois o ambiente aquece de tal forma que o melhor é sair pelas traseiras. O Governo está muito preocupado connosco e para não sermos tão atacados pelos civis, diminuiu-nos ao salário e vai cortar 4 meses  e meio nos próximos 2 anos.  A princípio não achamos correcto, mas  agora vendo bem as coisas até estamos de acordo, temos de fazer sacrifícios e o dinheiro não é tudo.  O país vai-nos ver com outros olhos e vamos poder dizer outra vez que somos funcionários públicos, porque actualmente a gente diz que é tudo menos isso.  Tenho duas colegas que dizem que são massagistas e trabalham de óculos escuros, ligueiro  e cabeleira, sempre são mais respeitadas.
Demetrius, sabes que a desculpa para tudo são vocês, os gregos fizeram isto aquilo e aqueloutro e nós não somos a Grécia.  Ainda não percebi a diferença, pois pelos vistos estamos ambos falidos, a diferença deve estar no clima, mas temos cá uma ilha parecida com as vossas em que o chefe fez o mesmo que vocês, gastou, escondeu as facturas e foi reconduzido.
Por cá e também por aí segundo tenho lido, a classe média passou a  ser a classe mais alta, pois esticaram-na tanto que cresceu uns bons centímetros, ao ponto de toda a gente dizer que é pobre, para não ser mais esticada. Eu lembro-me com saudade dos tempos em que era um funcionário da classe média, em que ia ao domingo com a minha Adozinda e o Toninho, o meu miúdo, às matinés dos cinemas do Norteshoping e depois comíamos uma pizza na Pizzahut, eu até já disse à Adozinda “mulher deixa lá, podem-nos tirar tudo, mas já vivemos como nababos e isso ninguém nos tira”.
Agora vamos ao shopping na mesma, mas só dá para ver as televisões que estão espalhadas pelos cafés e os canais nem sempre me agradam, pois são só de música e nós não conseguimos ouvir, porque estão sem som, verdade seja dita que já decoramos muitas letras pela leitura labial. Eu não sei se já experimentastes, mas a minha Adozinda está mestre nessa coisa da leitura dos lábios, pois como só vê as telenovelas nos cafés e o som está sempre desligado, teve de se adaptar e compreende tudo, chega ao exagero de por vezes estar a ver o episódio tipo cinema mudo e começar a chorar no meio do café -ela é muito emotiva- e os clientes ao vê-la também ficam emocionados e um dia destes entrei no Café Pirata lá de RioTinto e estava toda a gente a chorar.
Sabes que o preço da electricidade já está alto, mas vai levar um aumento tal, que sempre que quiseres fazer um assado, custa mais de luz do que pagas pelo o fogão e pelo cabrito e olha que o Fogão Meireles é bom mas não é barato.
Em casa nós os 3 já andamos com aqueles capacetes de mineiro, ilumina bem, gasta pouco e o foco é direccionado, tens uns que são anti-encandeamento, justifica-se porque à mesa é desagradável quando falamos uns com os outros, apesar de estarmos sempre nos médios, a luz perturba . Ah  já me esquecia, tens de várias cores.
Bem por hoje já chega,  estive pra aqui a desabafar e tu deves  ter ainda mais desabafos do que eu,  Na resposta diz tudo o que te vai na alma.  Tu és grego e eu português, pode ser que tenhamos gasto o que não devíamos, pode ser que até estejamos falidos, mas há duas coisas que eles ainda não nos pagaram: A Grécia  fez do mundo uma sociedade civilizada e Portugal deu novos mundos ao mundo,  Se abaterem à factura, ainda nos ficam a dever muito.
Um abraço Demetrius e o meu respeito.
Júlio

A CRISE E AS ALTERNADEIRAS


A crise tem pelo menos uma vantagem,  desde os motoristas de táxi, passando pelas alternadeiras, até aos grandes pensadores, não há quem não discuta o tema.
Antigamente no meio das telenovelas havia notícias, agora no meio das notícias há telenovelas.
Toda a gente trata por tu a Merkel, o Sarkozy, o Barroso e  não há quem não fale mal dos gregos,  O metro, o comboio  e os autocarros são autênticos repositórios de ciência económica e política.
O CSI também ajuda a criar clima, pois toda a gente acha que os culpados deveriam ser castigados, mas só a polícia técnica americana seria capaz de os apanhar, pois tem equipamento sofisticadíssimo e pessoal especializado.
Os ilustres pensadores e opinion makers não sabem muito mais que os outros, mas falam melhor.
Cada um deles e são muitos, faz o elogio fúnebre com elevada eloquência, mas nada fizeram para evitar a morte do Zé, que foi assassinado à queima-roupa.
Faz lembrar aqueles funerais de um membro da Mafia, em que os que liquidaram o defunto, estão no velório e são dos que mais choram e animam a família da vítima.
Basta assistir aos debates e colóquios das televisões, para se validar o que acabamos de dizer.  Veja-se por exemplo os comentadores contratados à política , tipo Prof. Marcelo, para se perceber a confusão.  Anos a fio a debitarem comentários sobre isto e aquilo e sobre o essencial nada,  Um aviso que fosse, atenção que o país está falido e é preciso tomar medidas. Concerteza estavam como nós... não sabiam de nada...
A malta anda atónita com a situação, não percebe como se deu cabo de tanto dinheiro no BPN e o Dr. Loureiro ainda recebia uma pensão vitalícia.
Também se assiste a um fenómeno curioso, é a primeira vez que o país não tem uma personalidade que seja, com voz inquestionável e prestigiada.  Até o Presidente é criticado publicamente pelos seus amigos de partido. Nem Sócrates  ousou afrontar directamente Cavaco, agora foi um punhado de correligionários que o acusaram de inconveniente.
 No parlamento é um forrobodó, os ministros são enxovalhados e defendem-se sem convicção e conforme podem,  O Dr. Basílio Horta que já foi presidente do CDS e agora é deputado pelo PS, é dos que mais fala e mais deveria estar calado.  A sensação que se tem quando se vê o homem é de náuseas, mas não é o único...
Este folclore dá vontade de rir, pois nenhum dos figurantes risca nada no processo, só se querem aguentar, pois os que contam para o totobola falam outras línguas e não estão cá.
Mas quando se vê o espectáculo das cimeiras de Bruxelas,  Oh meus amigos, aquilo é o Bolhão em campanha eleitoral, à chanceler Merkel só falta o avental e ao Sarkozy o fato de Superpateta. Que falta de nível e de dignidade de Estado, é uma feira.  Correm daqui para ali, telefonam para estes e para aqueles, cancelam agora e marcam para depois, insultam-se e culpam-se uns aos outros.  Até os banqueiros lhes  trocam as voltas e tudo porquê?
Porque eles não sabem o que fazer e também sabem que o que fizerem mais valia estarem quietos. Deixaram a criatura ir tão longe, que agora já não dá para a agarrar, o terror está na rua.


DIRECTOR GERAL DA TROIKA


EÇA DE QUEIRÓS ANTES COMO AGORA


A GRATIDÃO DO PORTO


KEYNES & FRIEDMAN

A objecção do Presidente à proposta do OE para 2012, traz à ribalta as duas correntes dominantes de condução da política económica mundial: a keynesiana e a monetarista.  O ministro das Finanças Vítor Gaspar é um monetarista e Cavaco um adepto de Keynes.  Ambos se dispõem ao cumprimento do acordo com a Troika, diferem é no caminho.
Vamos descodificar estes chavões sem cuidar de grandes teorias, para compreensão dos alunos que frequentam os cursos das novas oportunidades.
Keynes foi um ilustre inglês nascido em 1883 e falecido em 1946, homossexual convicto até perto dos 30 anos, apaixonou-se em 1921 por uma bailarina  russa com quem se casou. Para Keynes o Estado é um agente indispensável de controle da economia, com o objectivo de conduzir a sociedade ao pleno emprego. Na sua perspectiva o Estado tem o direito e o dever de conceder benefícios sociais à população, um padrão de vida mínimo através de um salário mínimo, subsídio de desemprego, horário de trabalho definido e assistência médica gratuita.
Keynes
A teoria de Keynes baseia-se no princípio de que os consumidores gastam e poupam em função do seu rendimento. Assim,  se aumenta o rendimento, aumenta a taxa de poupança. Para Keynes em épocas de recessão o Estado deve intervir imprimindo moeda para aumentar a procura, através de défices do orçamento de Estado e assim manter o pleno emprego. Chama-se a atenção contudo,  que o economista nunca defendeu a manutenção dos défices de um ciclo para outro (do de crescimento para o de recessão) e muito menos manter orçamentos deficitários na fase expansiva do ciclo económico. Por outras palavras, uma economia nacional equilibrada do ponto de vista fiscal, poderá por um breve período sair do equilíbrio para restabelecer o emprego.
A escola Monetarista com Milton Friedman (EUA-Escola de Chicago-1922-2006) como  figura predominante, conhecida também pela liberal, desafiou a teoria keynesiana dominante, ao determinar que a maior crise do mundo capitalista – A Grande Depressão (1929) resultou do excesso e não da falta da intervenção do Estado.
Friedman
A crise do petróleo de 1974, deu força às teorias  neo-liberais, com os dirigentes de diversos países a comprometeram-se  com o fim da regulação e dos mecanismos de controlo e transparência do sistema financeiro internacional. Para os neo-liberais a economia regula-se pelos derivativos. Em síntese, o mercado auto-regula-se e é a razão absoluta do capitalismo.
Em 2003, Friedman declarou que as condições para a prosperidade estavam garantidas, o desemprego era baixo  e a inflação controlada. Para Fiedman a política monetária de Greenspan, presidente da Reserva Federal Americana, trariam à economia prosperidade por muitos anos. Como se veio a verificar a realidade actual contradisse a teoria, e assiste-se actualmente ao regresso às teorias de Keynes com maior regulação e o controlo do Estado ao sistema financeiro.
Como é evidente Portugal manteve a partir do 25 de Abril a adopção da teoria de Keynes, simplesmente  manteve défices orçamentais consecutivos e sempre que foi necessário contrariar os ciclos recessivos o Estado endividava-se ainda mais, sem conseguir inverter essa escalada.
Atente-se ao quadro português (Expresso-Martim Avillez):
-População trabalhadora: 4.9 milhões
Empresas com menos de 10 trabalhadores: 95 % do universo empresarial
Distribuição do trabalho: 45 % (cerca de 2 milhões) nas empresas com menos de 10 trabalhadores
Empresas com mais de 250 trabalhadores: 0.08 % que empregam 21% das pessoas.
Empresas com prejuízos: 44 %
Sector: 70 % das empresas na prestação de serviços-

Conclusão: Inexistência de economia real. A concentração na área dos serviços, torna muito improvável a capacidade de exportar.
O crescimento nacional (PIB) está dependente em cerca de 50 % do Estado e este só sobrevive através de empréstimos do exterior.
Este o verdadeiro drama que não pactua com teorias económicas mais ou menos elaboradas, esperar que o efeito recessivo possa ser contrariado pelo crescimento da economia real, através da exportação de bens transaccionáveis, está condenada ao insucesso porque o país nunca desenvolveu uma estratégia de crescimento estruturada  nesse objectivo, optou sempre por deixar ao Estado a alavanca do crescimento, agravado por não ser reprodutivo.  Foi uma falácia que o stop dos credores trouxe à evidência.
Os ajustamentos da economia não se fazem em tão curto prazo como os que o Governo insinua, a recessão manter-se-á por muitos mais anos. O empobrecimento do país, pela incapacidade da economia real substituir o Estado no crescimento necessário, será uma realidade brutal e sem paralelo. Antes éramos pobres e agíamos como tal, hoje somos pobres, mas com dívidas de ricos e para as pagar, somadas ao custo de vida, vai ser mais uma quadratura do círculo.