PERFUME DE LEÃO


Entre o perder e o ganhar quando os adversários se equivalem, está o detalhe e nele pode estar a felicidade ou infelicidade. O Sporting perdeu nesse detalhe da sorte, perdeu nos últimos minutos quando tudo parecia ir para prolongamento. A trave que antes tinha sido amiga, tal como com o Atlético de Bilbau, resolveu acabar com um magnífico jogo antes do tempo.
O Sporting perdeu como podia ter ganho, jogou no seu estilo europeu com bravura e entusiasmo, com a sua habitual inconsistência defensiva, mas com a irreverente criatividade na transposição para o ataque, a que também nos habituou. A derrota é amarga, pois a final da Liga estava ao seu alcance, mas quem assistiu aos dois jogos, não sendo adepto dos leões e sem nacionalismos bacocos, viu uma equipa de grande categoria, jovem, sem grandes estrelas, mas com um sentido colectivo total, suplantando-se nos momentos mais difíceis, reagindo sempre à adversidade nunca virando a cara à luta. Tivesse o fatal golo ocorrido mais cedo e o Sporting cavalgaria para novo empate.

Uma imagem vale por tudo o que dissemos: a Televisão mostrava a cara dos adeptos bascos com as mãos na cabeça, espelhando o medo da derrota, o técnico do Atlético era a aflição personificada sempre que o Sporting se aproximava da baliza dos bascos. O que se respirava em S. Mamés era medo. A isto chama-se respeito pelo adversário, a isto chama-se perder com dignidade. Os bascos ganharam, mas nunca puderam usufruir da vitória durante 88 minutos, o Sporting pairou sempre, como pairou em toda a campanha europeia. Os seus adeptos podem ter a cabeça bem erguida, o Sporting praticou do melhor futebol que se viu este ano em toda a Europa e tal como o melhor deles todos, o do Barcelona, caiu de pé e deixou um perfume que se fará sentir em Inglaterra, na Ucránia e agora em Espanha. Olé Olé Sporting.

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