A pressão
sobre Portugal vai aumentando e a tenaz sobre o trabalho vai-se apertar.
Segundo o FMI, a forma como se está a corrigir a falta de competitividade da
nossa economia é pelo lado do volume, o que quer dizer por outras palavras, que
é o desemprego que está a suportar a correcção, mas isso é insuficiente. Os
técnicos do FMI sugerem a necessidade de flexibilizar a rigidez pelo factor
preço, o que também dito por outra forma significa reduzir salários.
Esta
metodologia que já foi aplicada no funcionalismo público com a perda dos subsídios,
deve ser alargada ao sector privado. Perante os indicadores recentes, com uma
taxa de desemprego galopante, uma recessão que vai superar a previsão - 3.3 %,
um crescimento de apenas 0.3 % para 2013, os peritos sugerem apenas medidas no
mercado do trabalho e do produto.
Portugal foi
o país da OCDE que registou maior quebra do PIB.
O objectivo
é produzir mais barato, reduzindo o impacto do custo da mão-de-obra no produto
final, para ganhar competitividade no preço.
Por outro
lado o Prémio Nobel da Economia Eric Maskin alertou que a austeridade tem de
ser gradual, sustentando que nenhum país deve viver acima das suas
possibilidades, mas impor austeridade da forma como a U.E está a prosseguir vai
contra o que a teoria económica aconselha. Recessão implicará maior recessão.
Em Portugal
a receita fiscal já entrou em regressão, pelo que qualquer política nesse sentido
terá efeitos contrários, mais impostos, menos receita. A despesa apresenta uma
rigidez complexa e só com despedimentos maciços no Estado e autarquias poderá
ter uma redução aparente, pois os encargos sociais que daí resultarem
amortecerão os benefícios.
Estudos do
Banco de Portugal concluíram que 60 % das unidades de trabalho do país têm o 1º
grau (4ª classe), o dobro da vizinha Espanha, o que é um número surpreendente
se avaliarmos os custos com a educação nos últimos 15 anos.
Tudo isto
junto, são ingredientes explosivos e augura penas pesadas para o país,
independentemente da abertura dos mercados ao financiamento do Estado, bancos e
empresas.
O problema
crucial é toda a estrutura da economia com que fomos vivendo ao longo dos anos,
submersa na contradição de ter sido financiada por empréstimos e não pela
produção de riqueza, que foi sempre insuficiente para sobrevivermos.
A injecção
de dinheiro por si só não é a solução, subsidiar a economia improdutiva e sem
competitividade é agravar os desequilíbrios, mas o contrário de uma forma
abrupta fará disparar ainda mais o desemprego.
Este caldo
de ingredientes incompatíveis, precisa de mestres de culinária, os chamados
chefes criadores, que monitorizem com grande detalhe as doses apropriadas de cada
substância, caso contrário vira caldo de cicuta.
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