OS NOVOS POLÍTICOS


Os cidadãos portugueses só há um ano a esta parte tomaram verdadeira consciência da influência da política no seu dia-a-dia. Até lá os políticos eram vistos como uns parasitas do poder, que acima de tudo se serviam, mas que também serviam para nos servirmos, quer nas reivindicações sociais, quer nos interesses locais e corporativos, mas que acima de tudo que nos permitiam traficar o nosso voto.
Eram o nosso Pai Natal, tal como de Jardim, dos professores, dos polícias, da TAP, da RTP, da CP e de muitos outros. A gente subia o tom e eles cediam, em troca tinham S. Bento. Era um casamento de conveniência.
Não percebíamos que quanto mais fossem permeáveis aos nossos desejos, maior seria a factura na hora da separação.
Os políticos só podiam acrescentar, nunca tirar, lembrem-se da confusão com os professores que organizavam manifestações que paralisavam a capital só por causa das avaliações.
Passado um ano, virou tudo do avesso, os novos políticos apresentam-se como os capitães de Abril mas às avessas, derrubaram a ditadura dos direitos. Em pouco tempo, a coberto dos actos dos colegas que os antecederam que nos deixaram chegar à bancarrota e com o manual de procedimentos da Troika, os novos políticos vão destruindo tudo aquilo que faça recordar os tempos longínquos de há 1 ano atrás.
Nesse avanço tipo III Reich, arrasaram tudo, o que de facto deveria ser eliminado e o que deveria ser preservado. As pequenas e médias empresas sustento do emprego, foram dizimadas e o desemprego já atinge números que se percebe estarem fora de controlo. Reconstruir o tecido empresarial e a recuperação de centenas de milhares de postos de trabalho entretanto extintos, não é expectável com estes novos políticos, que julgam estar na Escandinávia quando propagam que a economia portuguesa tem de ser refundada.
Muitas das medidas tomadas para controlo das finanças públicas foram adequadas, perante a situação que os anteriores colegas dos novos políticos nos deixaram, mas era preciso muito mais que a sanha persecutória sobre os direitos do trabalho, até pela simples razão que a crise tem na alta finança a sua causa. Passar ao lado do BPN, que começa a parecer o acidente/atentado de Camarate, que vitimou Sá Carneiro e Amaro da Costa, tantas são as comissões de inquérito sem resultados e responsabilidades clarificadas, induz qual o alvo dos novos políticos, o trabalho e a destruição do poder de compra para compensar a impossibilidade da desvalorização cambial. Ganhar competitividade com a miséria, reflecte-se no consumo e no investimento e o resultado está à vista, recessão sobre recessão. A reestruturação da dívida está no virar da esquina.
A política é muito mais importante que as rotundas nas freguesias e o subsídio de inserção, é a causa e o efeito da qualidade de vida da maioria. Sem serem funcionários do Estado, muitos trabalhadores das empresas privadas são tão ou mais dependentes do Estado que aqueles, pois os erros dos Executivos corroem a liberdade do país nos mercados financeiros e limitam o acesso à liquidez, imprescindível para a sobrevivência das empresas e dos postos de trabalho.

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