A dívida
pública de Portugal em 2011 superou pela 1ª vez os 100 % do PIB (107.8%), recorde-se
que em 2008 o rácio era de 71.6 %. A nossa dívida é a 4ª maior da Europa, a
seguir à Grécia (165.3 %), Itália (120.1) e Irlanda (108.2).
Em 3 anos o
coeficiente que mede a dívida sobre a riqueza produzida cresceu mais de 50 %...
Países como
os EUA, a Inglaterra e Japão têm dívidas relativamente ao PIB muito superiores,
no entanto qualquer um deles tem uma particularidade fundamental, podem emitir
moeda e pagar aos credores…os países da zona euro não gozam desse privilégio.
Cadilhe recorda
em entrevista ao Jornal “I”, o alerta que formulou em 1990, sobre o perigo da
adesão à moeda única, que implicava cumprir regras de indexação cambial e a
convergência nominal. Dito de outra forma, adoptar uma moeda forte para uma
economia débil. Esta é uma das razões fundamentais da crise que vivemos,
associada ao facto de o crescimento ter sido alavancado por investimento
público, sem rendibilidade e sem uma política de canalização de recursos para a
produção de bens e serviços transaccionáveis, esses sim, reprodutores de
crescimento sustentado.
As medidas
de ajustamento do FMI, começam a dar os sinais evidentes de que a terapêutica
vai definhando ainda mais o doente. Desemprego fora de controlo e a destruição
maciça de milhares de pequenas e médias empresas, atira as receitas do Estado
para fora do perímetro do expectável e agrava levianamente a despesa social com
subsídios de desemprego. Se considerarmos que grande parte de pessoas que é
lançada para os Centros de Emprego faz parte dos 60 % de trabalhadores com o 1º
grau de escolaridade e idades acima dos 45 anos, é provável que a perda de
emprego se torne de longa duração e pressione de forma permanente a coesão
social.
A política
monetarista levada aos limites em economias frágeis como a portuguesa e a
grega, no futuro vai servir de exemplo do que se não deve fazer.
Ajudas
consecutivas e a reestruturação da dívida, são os passos que se vão seguir,
sempre debaixo de um empobrecimento colectivo e sem que a economia registe
melhoras, pois a criação de unidades produtivas que possam absorver desemprego,
será sempre insuficiente perante a destruição que lhe está a montante.
A dose
absurda de austeridade, destruiu já parte boa da maçã e não demorará muito, até
que toda ela apodreça. Desgraçadamente os radicalismos dos últimos dois governos,
um expansionista sem critério na contracção de dívida para o que quer que fosse
(os submarinos são um bom exemplo), outro no limite oposto, contracionista e
aluno exemplar no cumprimento dos ajustamentos e cego perante o quadro
recessivo que o rodeia. A Europa está em roda livre e cada um age por si, os
programas de ajustamento nos vários países, apenas pretendem salvaguardar uma
bancarrota geral e descontrolada nos países periféricos, mas dificilmente se
escapará a um colapso continental, quando a austeridade lançar a gota que fará
transbordar o cálice.