GLORIA A QUIEN HABLA ESPAÑOL
O futebol há muito que deixou de ser um desporto na acepção da palavra. É um jogo que envolve em si um conjunto de emoções que depende de muitas circunstâncias. Trata-se de uma guerra em que os beligerantes utilizam as armas mais primárias: corpo, talento e qualidade colectiva de um conjunto de intérpretes que a cada momento constituem o seu exército.
Os clubes reflectem o espírito da tribo que os alimenta. Quando ganha ou perde, é uma batalha que eleva ou deprime o ego dos adeptos. O clube é um estado de espírito, que congrega personalidades que em muitos casos são antagónicas noutras matérias. Quanto mais periférico, mais a guerra se intensifica. O Porto quando ganha ao Benfica, é a cidade que derrota a privilegiada capital, é o David a derrotar o Golias, é a vitória da minoria sobre a maioria, enfim é o clímax duma região. Quando o Benfica vence, os adeptos rejubilam, mas não como os do Porto, os da Luz são de muitos sítios, não é Lisboa que ganha, é só o Benfica, o Porto quando vence é a Invicta mui nobre e sempre leal cidade do Porto que ganha essa guerra.
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O Porto e o seu técnico conseguiram um jogo invulgar, 1ª parte sem acerto e uma estratégia inapropriada. O adversário teve as oportunidades mais claras e foi para o intervalo a ganhar com justiça. 2ª parte demolidora, com Falcão a ser a star da companhia. Os espanhóis são uma equipe forte no contra-ataque, que se partiu após o empate, obtido à entrada do período complementar. Soberba 2ª parte de uma equipe que se transfigurou e devastou a armada de Castela. Curiosamente, só quem fala espanhol marcou os 6 golos da noite. O Porto ganhou com golos colombianos.
Villas Boas manteve a sua elegância e delicadeza, não embandeirando em arco e prestigiando o seu adversário. Generais devem ter códigos de conduta, que são exemplos para jovens adeptos. Villas Boas teve a glória do vencedor, mas dignificou o vencido. Mourinho nem uma coisa nem outra.
Jesus fiel a si mesmo, disse que tanto fazia ter o Porto ou os espanhóis na final. Outra infelicidade de um general de poucas estrelas. Deveria ter orgulho se fosse o F. C. Porto, mas a tribo não deixa. Os adeptos de ambos podem pensar assim, os generais não, têm de ser dignos do posto.
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