O APAGÃO EM LISBOA

                                O APAGÃO DA LUZ

Independentemente das rivalidades doentias que desde há muito subsistem entre o FC do Porto e o SL Benfica, que tem como génese o favorecimento do Estado Novo ao clube da Luz, que sempre foi considerado o clube do regime, com a subalternidade da cidade do Porto e do seu clube mais representativo, há limites inultrapassáveis.

O  FC do Porto, representa um grito de revolta de uma região contra o poder centralista e a humilhação a que muitas vezes foi sujeita.

O FC do Porto não é só um clube, é uma cidade à volta do seu clube. O Benfica indubitavelmente tem mais adeptos, tem um grande historial, mas tal como o Real Madrid, são os clubes da capital, que tudo recebe, com indíces de vida superiores, com mais oportunidades e mais gastos do erário público.

A Catalunha, tal como o Porto, afrontam esses poderes centralistas, que mais se corrompem e delapidam os patrimónios de Portugal e Espanha.

Quando o Porto ganha, ganha a cidade, quando o Benfica ganha, só ganha  o Benfica, de muitos adeptos é certo, mas do clube e não da cidade.

As vitórias do Porto são épicas, são lanças nos burocratas, são como as manifestações da geração à rasca contra o poder estabelecido,  são gritos contra a cefalia da capital e os desmandos que esmagam o país, económica e socialmente.

Trata-se da vitória de um David contra um Golias. Um tripeiro mesmo na sua obscenidade linguística, é romântico, celebra a vitória como se se tratasse da vitória dos pobres contra os ricos.

A Luz apagou-se, mas o efeito de humilhação foi o oposto, o Benfica assumiu as trevas, não os adeptos, que esses são generosos no apoio ao seu clube, os responsáveis contribuíram para tornar esta vitória do Porto ainda mais histórica: na casa do rival e deixou-o às escuras.