GLOBAL GLOBAL, MAS NEGÓCIOS À PARTE
Globalização, é a palavra da moda. Na economia, nos negócios, na comunicação, na política, no social, na religião, etc., tudo é global. Será?
É provável que sim, mas faz lembrar os prédios em que vivemos, com vizinhos há muitos anos, mas que nem sabemos os nomes.
Que é isso de global, para os cidadãos de vários países que vivem em condições sub-humanas, sem acesso às premissas mínimas da decência humana?
Que é isso de global para os habitantes de países que vivem debaixo de um clima permanente de terror, que lhes coarcta um bem essencial, a paz?
Que é isso de global para gente que vive em sociedades em que a distribuição da riqueza é de tal modo desequilibrada, que os ricos cada vez são mais ricos e os pobres cada vez são mais e mais pobres?
Global pode ser moda, mas não ilude a questão. Independentemente de solidariedades mais ou menos desinteressadas, os povos estão por sua conta, nascer americano ou nascer português faz toda a diferença. Nascer alemão ou nascer moçambicano por si só determina a vida subsequente. Desenvolvimento, oportunidades, culturas e condições de vida, são distribuídas à partida de uma forma muito parcial. É como correr uma maratona, em que alguns atletas partem 20 klms adiantados em relação a outros.
Somos membros de uma União com 27 países e com cerca de 500 milhões de pessoas, mas com um estado de alma muito diverso. Nós, os gregos e os irlandeses vivemos uma depressão colectiva, com todos a protestar contra todos, em pânico perante a perda de qualidade de vida que lhes foi sendo proporcionada por políticas irresponsáveis, que não tiveram em conta que há ricos e há pobres, mesmo nas nações e nas uniões.
O global foi letal na nossa desgraça e na dos que estão como nós. A influência dos países ricos e o seu nível de vida, criou a ideia absurda de que poderíamos viver igual com dinheiro emprestado. Esses produzem riqueza para os seus gastos, nós os pobres, é como comprar um carro com empréstimo bancário, mas que sabemos que mais tarde ou mais cedo, não vamos poder pagar a prestação, é gozar enquanto se pode.
Da economia ao social foi um pulo, os alemães, os franceses e os nórdicos, ufanos do seu estatuto de ricos e superiores, humilham os periféricos, impondo-lhes negociações sem respeito nem reserva, aproveitando-se das miseráveis classes políticas nacionais, que desonram na praça pública, países com uma História Universal.
Global, mas cada um por si; global, mas feliz quem pode e sofre quem deve; global, global, mas negócios à parte...
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