A QUEDA DO CAMPEÃO




                                 O SUCESSOR


Alguma vez tinha de acontecer, o engº pela primeira vez foi claramente batido naquilo em que parecia invencível – na conversa- .Foi destroçado tão implacavelmente, que algumas vezes parecia  querer chorar e quase implorava piedade. Mesmo quem não o suporta, teve momentos de desconforto e achou que o ataque do sucessor por vezes foi excessivo.
Sem alicerces argumentativos que sustentassem o discurso, cansado, repetitivo e acima de tudo descrente de si próprio, o 1º ministro caiu fulminado, como um campeão de pesos pesados que sucumbe aos golpes impiedosos do candidato ao título.
A herança que levava para o debate foi um fardo intransponível, bem tentou evitar o knock-out  tal como o pugilista que se refugia no ringue junto às cordas ou agarrando-se ao adversário para sobreviver ao assalto. Ilusão de pouca dura, pois foi-lhe impossível aguentar os ataques sucessivos do adversário, com golpes de esquerda e direita que o deixaram atordoado. Ripostou insipidamente, sem energia nem convencimento. Ao suscitar o plano do candidato para a governação e apesar deste demonstrar pouca clareza na matéria, deu-lhe a visibilidade de 1º ministro e a ele próprio a de opositor vencido. Incrível para um político com a experiência do engº.
A cara triste e o olhar mortiço completaram o desastre do combate. Ao fim de uma hora de round o final foi um alívio para o engº,  que se tentava defender conforme podia com os papéis que levou e que serviram de analgésicos para os socos do adversário.
Começou com a arrogância do costume, mas perante o castigo a que foi submetido, vitimizou-se e foi premonitório, percebeu que teve o último combate como campeão em título.


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