O SEQUESTRO
Independentemente de quem ganhou e de quem perdeu o debate, o essencial nunca foi discutido nem clarificado.
Os programas dos partidos são lateralidades, no passado sempre foram incumpridos em função das condições concretas e das tácticas de cada momento. Os partidos do poder, perante o contrato estabelecido com o FMI, perderam a autonomia que os podia diferenciar, têm um manual de procedimentos que vão ter de cumprir. O PS, o PSD e o CDS têm um programa comum, o do FMI, mas os líderes iludem a opinião pública, pois nos debates não abordam o acordo que todos subscreveram. Não abordam porque não lhes é conveniente, pois todos teriam de assumir que todos vão fazer da mesma forma e os eleitores ficariam completamente estupefactos perante a indiferenciação. A direita e a esquerda estão numa promiscuidade evidente, sem capacidade para afirmarem ideologias.
A discussão à volta das políticas sociais e laborais são sofismas, pois o contrato está assinado pelos partidos que vão governar. O país será um avião que foi sequestrado, com comandante e tripulação a terem de obedecer aos sequestradores, sob pena de a nave explodir em pleno voo.
Só saberemos o que farão no concreto, quando terminar o carnaval eleitoral. Então tudo o que for feito e desfeito será justificado pelo contrato com o FMI, os programas irão para as malvas e dar-se-á início ao 2º capítulo da culpabilização dos outros pelo que nos for acontecendo durante o voo.
Portanto o que está em debate não são políticas, são só e apenas os líderes. Vai ter de escolher um, caso não o faça, outros escolherão por si.
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