EFEITOS DA CRISE




                                    EFEITOS DA CRISE
Apesar da quantidade infindável de artigos, entrevistas, debates e similares, por vezes o cidadão comum tem dificuldade em perceber os efeitos da situação em que o país vive, para além daquelas que o afectam directamente.
Vamos tentar identificar  10 desses efeitos sobre a microeconomia: empresas e  cidadãos, sem qualquer presunção, nem hierarquização do peso relativo de cada um, pois há muitos mais.
As dificuldades dos bancos em obterem empréstimos nos mercados financeiros, que resultou da contínua degradação do rating da República , implicou de imediato:
1-Dificuldade de acesso ao crédito por parte das empresas, independentemente da sua dimensão. As PME são asfixiadas na sua actividade, já que lhes dificulta as transacções a crédito. A banca meteu travões a fundo no desconto de letras e livranças, para além dos financiamentos de tesouraria (contas caucionadas) e outras operações de crédito a curto, médio e longo prazo. Também o financiamento das empresas para  investimentos de modernização e expansão, sofreram um constrangimento radical.
2- As taxas de juro das operações bancárias, foram agravadas substancialmente através de spreads (prémios dos bancos) incomportáveis para as empresas de pequena e média dimensão (maioria).
3-A redução do crédito e o juro elevado, estão a causar uma retracção da capacidade de produção e comercialização por parte das PMEs. A sustentabilidade das empresas  está ameaçada, particularmente nas que têm insuficiências de capitais próprios para o  ciclo do negócio (compra dos factores, transformação e  venda dos produtos e serviços), que é a grande maioria.
4- A tenaz que a banca impôs aos particulares e a degradação do rendimento disponível , diminuiu fortemente a capacidade destes para o consumo.
5- O agravamento das taxas de juro e  a sub-avaliação das habitações novas,  resultou numa quebra profunda da venda imobiliária, com a consequência devastadora nas empresas de construção e relacionadas (subcontratadas do sector).
6- O crescendo das taxas de juro no crédito à habitação, tem repercussões significativas no rendimento disponível dos particulares, pois as prestações aumentam.
7-A redução do consumo privado nacional, resultado das medidas de austeridade já implementadas, impactou nas empresas que estão vocacionadas em exclusivo para o mercado nacional- a maioria -.A quebra de negócio da grande parte dessas unidades, teve consequências imediatas no emprego. Perdem-se cerca de 360 postos de trabalho diariamente e a taxa de desemprego oficial cifra-se ao redor de 12 %, mas os especialistas situam-na perto dos 14/15 %.
8- A redução da actividade económica (recessão), proveniente da falta de oxigenação das empresas (crédito) e a perda de rendimento dos particulares,  implica que o mercado não crie condições de regeneração e grande dos empregos perdidos, não serão nunca recuperados (desemprego de pessoas acima de 45 anos).
9- A falta de recursos da banca privada, penaliza a emissão de dívida pública que era adquirida por essas instituições. O Estado, que foi o motor do default, fica inibido de se financiar no mercado português, tendo de reforçar os empréstimos no exterior.
10- Em economias desenvolvidas o Estado responde ao ciclo da crise, com uma taxa de investimento público mais acentuada para evitar a recessão. Portugal está incapacitado, pois foi exactamente o investimento público desenfreado, acrescido dos gastos sociais e estruturais, que trouxe ao nosso tempo, a maior crise dos últimos 70 anos.


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