-JORNALISMO DE ANTECIPAÇÃO ONLINE juliusrimante@sapo.pt-Fundado em 03/07/2008-Director: Toni Roma-Porto-Portugal(-A notícia antes da ocorrência-)
O INCRÍVEL SÓCRATES
O INCRÍVEL SÓCRATES
As imagens que as TV transmitiram no último domingo de campanha foram notáveis no que respeita ao estado de espírito dos candidatos da Troika.
Um passeia de chapéu, sorridente, disparando hipocrisia por tudo quanto é feira, mercado, peixaria, etc. Para ele é uma festa, mas sabe que assinou um documento letal. Não está minimamente preocupado com o país, está apenas preocupado com o score. É o que está em melhor posição, vai viver com o marido ou com o amante, nem precisa de projecto, basta mostrar-se.
O príncipe que pode vir a ser rei, continua a evidenciar aquele ar de pouca convicção, simpático qb, imaturo, ingénuo e sem discurso de credibilidade que convença indecisos, apenas beneficia dos que querem mudar de qualquer modo. Precisa de outros do partido que confirmem que ele até serve para a missão, pois por si é muito pouco convincente. Infelizmente os companheiros do candidato também não são de grande confiança. Já nem barões o PSD tem, agora só uns aios sem nobreza nem classe.
Resta o Incrível Sócrates, goste-se ou odeie-se é único na perseverança, na convicção e na capacidade de luta. Renasce das cinzas sempre que o querem abater, luta contra tudo e contra todos, enfrenta-os de peito aberto, mesmo que o discurso seja falso. A cara do Incrível Sócrates reflecte grande desilusão e sofrimento interior, mas isso não o abate, não precisa de barões nem das hipócritas figuras do partido, que esperam ansiosamente que perca, para poderem almejar protagonismo. É único e por isso carrega solitariamente nas suas costas a séria hipótese de vencer. O povo esquece rápido e gosta de heróis, os meninos de coro e da linha de Cascais são uns betinhos comparados com o engº. O simples facto de manter a dúvida sobre quem ganha, faz do Incrível Sócrates o único político digno desse nome.
O Primeiro Ministro que não é a nossa escolha, é digno destas palavras, porque é um fighter man que pode cair em combate, mas lutou até à exaustão. O Julius Rimante que é um crítico acérrimo do engº, presta aqui homenagem à indómita personalidade do candidato.BARCELONA FC
A MELHOR EQUIPE DO MUNDO DE SEMPRE
A melhor equipe do mundo de clubes de todos os tempos, sem qualquer margem para dúvidas, excepto para José Mourinho, fez do Manchester United uma equipe que mais parecia dos regionais. Os ingleses praticamente não conseguiram chutar à baliza do Barça e mesmo o golo de honra foi obtido em fora de jogo.
A classe individual de cada jogador do Barcelona é de tal forma superior, que a sua movimentação só a espaços é feita em corrida, jogam com grande serenidade, passe curto, excepto nas variações de flancos e tudo se desenvolve harmoniosamente com uma inteligência colectiva incrível. A qualidade individual dos intérpretes, resulta numa sinergia que supera em muito a soma dos onze em campo.
É a perfeição nunca antes atingida, é a ópera do futebol. Os ingleses pareciam simples figurantes que só almejavam perder por poucos, mas com o fair-play que caracteriza a pátria do football, renderam-se deliciadamente ao adversário de outro mundo.
Os espanhóis para além da perfeição técnica, têm uma elegância em campo que faz deles o expoente máximo de atracção pela modalidade. A simplicidade do técnico e a sua humildade, completa o colar de pedras preciosas que o futebol jamais teve.
Só o Brasil da década de 60 do tempo de Pélé, esteve perto da perfeição do Barcelona actual, mas tratava-se de uma selecção nacional.
Não há imbatíveis, mas há inesquecíveis, esta equipe do Barcelona será inesquecível, pois mudou os conceitos do jogo, esmagou a teoria da hegemonia da componente física sobre a técnica e foi concludente na opção que a gestão de um clube de topo deve prosseguir, a formação interna reforçada com poucos elementos oriundos do mercado. A filosofia de jogo deve ser um processo enraizado e presente nos vários escalões etários, até que a elite que chega à equipe principal seja a montra de toda uma estrutura coerente.
O Barça gasta mais a formar que a comprar, mas dá oportunidade aos da casa. Em Portugal a opção é o inverso. Por isso quando um clube português ganha, caso do FC do Porto, a bandeira nacional praticamente só é ostentada pelo treinador e pouco mais, porque a maioria tem bandeiras de outras cores.
Y VIVA ESPAÑA
EMPATE TÉCNICO
A SEMANA DO DESEMPATE TÉCNICO
Estamos praticamente a uma semana do fim das sondagens. Já não era sem tempo. O chamado carrossel das sondagens já mete fastio e o empate técnico é a moda do momento.
Parece uma prova de ciclismo com 2 em fuga, que vão alternando no comando da corrida e um pelotão sem qualquer hipótese de vitória, que lá atrás tenta que os da frente não se distanciem ainda mais.
Os corredores são de qualidade duvidosa e não empolgam a assistência, excepto os indefectíveis admiradores.
Tal como no ciclismo, há dois prémios: para o vencedor individual e para o colectivo.
Os ciclistas e o organizador da corrida. |
Ambas estão em empate técnico e segundo os sondadores tudo se vai decidir ao sprint, quer na chegada dos 2 primeiros, quer na do resto do pelotão.
Moral da história, no Grande Prémio da Volta de Portugal que pode acabar num Grande Prémio da Revolta de Portugal, está tudo tão insondável, que ganhe quem ganhar tudo vai ficar mais na mesma: um dos ciclistas para ganhar faz batota, o outro não tem pedalada que prometa grandes feitos.
É uma corrida má de mais para suscitar emoções colectivas.
Foi uma pena que a imposição da Justiça para a obrigatoriedade dos debates na TV não tenha chegado em tempo útil, teriam sido 116 debates a dois entre todos os ciclistas, que reverteria em momentos magníficos de esclarecimento, a exemplo dos que tivemos o privilégio de assistir.
A juíza esqueceu-se de incluir o FMI nos debates e foi imperdoável, porque seria o único que teria alguma coisa objectiva a dizer e a lembrar, porque os outros nada disseram nem esclareceram.
A VERDADE
A VERDADE
O professor Álvaro Santos Pereira (Universidade de Vancouver, Canadá) colocou no seu blogue "Desmitos" um post que é obrigatório ler para perceber o que devíamos estar a discutir na campanha eleitoral. Aqui fica a reprodução:
1) Na última década, Portugal teve o pior crescimento económico dos últimos 90 anos;
2) Temos a pior dívida pública (em % do PIB) dos últimos 160 anos. A dívida pública este ano vai rondar os 100% do PIB;
3) Esta dívida pública histórica não inclui as dívidas das empresas públicas (mais 25% do PIB nacional);
4) Esta dívida pública sem precedentes não inclui os 60 mil milhões de euros das PPPs (35% do PIB adicionais), que foram utilizadas pelos nosso governantes para fazer obra (auto-estradas, hospitais, etc.) enquanto se adiava o seu pagamento para os próximos governos e as gerações futuras. As escolas também foram construídas a crédito;
5) Temos a pior taxa de desemprego dos últimos 90 anos (desde que há registos). Em 2005, a taxa de desemprego era de 6,6%. Em 2011, a taxa de desemprego chegou aos 11,1% e continua a aumentar;
6) Temos 620 mil desempregados, dos quais mais de 300 mil estão desempregados há mais de 12 meses;
2) Temos a pior dívida pública (em % do PIB) dos últimos 160 anos. A dívida pública este ano vai rondar os 100% do PIB;
3) Esta dívida pública histórica não inclui as dívidas das empresas públicas (mais 25% do PIB nacional);
4) Esta dívida pública sem precedentes não inclui os 60 mil milhões de euros das PPPs (35% do PIB adicionais), que foram utilizadas pelos nosso governantes para fazer obra (auto-estradas, hospitais, etc.) enquanto se adiava o seu pagamento para os próximos governos e as gerações futuras. As escolas também foram construídas a crédito;
5) Temos a pior taxa de desemprego dos últimos 90 anos (desde que há registos). Em 2005, a taxa de desemprego era de 6,6%. Em 2011, a taxa de desemprego chegou aos 11,1% e continua a aumentar;
6) Temos 620 mil desempregados, dos quais mais de 300 mil estão desempregados há mais de 12 meses;
7) Temos a maior dívida externa dos últimos 120 anos;
8) A nossa dívida externa bruta é quase 8 vezes maior do que as nossas exportações;
9) Estamos no top 10 dos países mais endividados do mundo em praticamente todos os indicadores possíveis;
10) A nossa dívida externa bruta em 1995 era inferior a 40% do PIB. Hoje é de 230% do PIB;
11) A nossa dívida externa líquida em 1995 era de 10% do PIB. Hoje é de quase 110% do PIB;
8) A nossa dívida externa bruta é quase 8 vezes maior do que as nossas exportações;
9) Estamos no top 10 dos países mais endividados do mundo em praticamente todos os indicadores possíveis;
10) A nossa dívida externa bruta em 1995 era inferior a 40% do PIB. Hoje é de 230% do PIB;
11) A nossa dívida externa líquida em 1995 era de 10% do PIB. Hoje é de quase 110% do PIB;
12) As dívidas das famílias são cerca de 100% do PIB e 135% do rendimento disponível;
13) As dívidas das empresas são equivalente a 150% do PIB;
14) Cerca de 50% de todo endividamento nacional deve-se, directa ou indirectamente, ao nosso Estado;
15) Temos a segunda maior vaga de emigração dos últimos 160 anos;
16) Temos a segunda maior fuga de cérebros de toda a OCDE;
17) Temos a pior taxa de poupança dos últimos 50 anos;
18) Nos últimos 10 anos, tivemos défices da balança corrente que rondaram entre os 8% e os 10% do PIB;
19) Há 1,6 milhões de casos pendentes nos tribunais civis. Em 1995, havia 630 mil. Portugal é ainda um dos países que mais gasta com os tribunais por habitante na Europa;
20) Temos a terceira pior taxa de abandono escolar de toda a OCDE (só melhor do que o México e a Turquia);
21) Temos um Estado desproporcionado para o nosso país, um Estado cujo peso já ultrapassa os 50% do PIB;
13) As dívidas das empresas são equivalente a 150% do PIB;
14) Cerca de 50% de todo endividamento nacional deve-se, directa ou indirectamente, ao nosso Estado;
15) Temos a segunda maior vaga de emigração dos últimos 160 anos;
16) Temos a segunda maior fuga de cérebros de toda a OCDE;
17) Temos a pior taxa de poupança dos últimos 50 anos;
18) Nos últimos 10 anos, tivemos défices da balança corrente que rondaram entre os 8% e os 10% do PIB;
19) Há 1,6 milhões de casos pendentes nos tribunais civis. Em 1995, havia 630 mil. Portugal é ainda um dos países que mais gasta com os tribunais por habitante na Europa;
20) Temos a terceira pior taxa de abandono escolar de toda a OCDE (só melhor do que o México e a Turquia);
21) Temos um Estado desproporcionado para o nosso país, um Estado cujo peso já ultrapassa os 50% do PIB;
BRUXOS
OS BRUXOS DO VOTO
O mistério das sondagens é insondável.
Os jornais e as televisões disparam sondagens sobre as legislativas, algumas contraditórias de outras publicadas no mesmo dia.
É a festa das sondagens.
Uns sondadores dizem que o partido A está com 40 %, outros afirmam que há empate técnico. No dia seguinte invertem de opinião.
Como ninguém é responsável por coisa nenhuma, os critérios e métodos não são questionados por ninguém. Há argumentos para tudo, o mais repetido é o do universo da amostra. Como a amostra varia em função do investimento que cada orgão se dispõe a suportar, os resultados ressentem-se e contradizem-se.
Tudo vale e a honorabilidade dos sondadores é posta em cheque, levando a que ninguém ligue nenhuma ao que dia a dia os sondadores vão publicando.
Se no dia das eleições, as coisas correrem de forma a que as sondagens tenham errado muito, virá o argumento do costume: “ os indecisos tiveram comportamento atípico e as margens de erro foram ultrapassadas”.
Vulgarizaram tanto e tão mal as adivinhações científicas, que o público sorri sempre que alguma é publicada.
A populaça vai-se encarregar de demonstrar que por muitas sondagens que se tenham feito, nenhuma se aproximará decentemente do resultado final. É a vingança sobre os bruxos do voto, que só lhes falta voar na vassoura.
O TITANIC
O TITANIC
A Espanha deu o mote, correu com Zapatero das autarquias e este teve o bom senso de não se candidatar às legislativas.
Por cá a obstinação foi mais forte e foi mau, péssimo mesmo. O estado do país é desesperado, desemprego real acima de 900.000 pessoas, com cerca de 200.000 a desistirem de procurar novo posto, consumo privado em ruptura galopante, levando as PME à beira do abismo, sem capacidade para suportarem os pagamentos dos salários e muito menos subsídios de férias. O investimento privado é nulo, impossibilitando a criação de novos empregos e a criação de riqueza. Tudo isto antes da aplicação da austeridade contratada com o FMI.
Qualquer dos políticos que se propõem conduzir o Titanic, não percebem nada de icebergs, um já deu para entender que é especialista em conduzir o barco exactamente nessa direcção e os outros analisado o curriculum, poderão comandar cacilheiros. Um deles comprou submarinos, mas só para exposição, nem sabe onde fica o tanque de lastro.
Portanto o colapso silencioso que se está a viver, vai subir de tom e muito rapidamente. O descalabro da redução de velocidade de 150 klms/hora para 60, com travões a fundo para tentar evitar a colisão, vai numa 1ª fase lançar ao mar aqueles que estão no convés a apanhar sol, que são muitos dos passageiros do Titanic, mas depois vai ser pior, a água vai entrar em diversas áreas do navio e liquidará muitos, antes de terem tempo de fugir para o convés.
Um comandante experiente e com reconhecida autoridade, seria fundamental para minimizar perdas e definir a estratégia de salvamento, porque tem de existir.
Infelizmente nós não temos, na Espanha a alternativa está há vários anos na oposição, goza do benefício da dúvida, mas não é um estreante, por cá os que temos são cacilheiros ou afundadores.
Se o responsável tivesse abdicado, o próprio partido tem 2 ou 3 figuras que poderiam ser melhores propostas que aquelas que a oposição apresenta, assim como está ...venha o Diabo e escolha...
O SEQUESTRO
O SEQUESTRO
Independentemente de quem ganhou e de quem perdeu o debate, o essencial nunca foi discutido nem clarificado.
Os programas dos partidos são lateralidades, no passado sempre foram incumpridos em função das condições concretas e das tácticas de cada momento. Os partidos do poder, perante o contrato estabelecido com o FMI, perderam a autonomia que os podia diferenciar, têm um manual de procedimentos que vão ter de cumprir. O PS, o PSD e o CDS têm um programa comum, o do FMI, mas os líderes iludem a opinião pública, pois nos debates não abordam o acordo que todos subscreveram. Não abordam porque não lhes é conveniente, pois todos teriam de assumir que todos vão fazer da mesma forma e os eleitores ficariam completamente estupefactos perante a indiferenciação. A direita e a esquerda estão numa promiscuidade evidente, sem capacidade para afirmarem ideologias.
A discussão à volta das políticas sociais e laborais são sofismas, pois o contrato está assinado pelos partidos que vão governar. O país será um avião que foi sequestrado, com comandante e tripulação a terem de obedecer aos sequestradores, sob pena de a nave explodir em pleno voo.
Só saberemos o que farão no concreto, quando terminar o carnaval eleitoral. Então tudo o que for feito e desfeito será justificado pelo contrato com o FMI, os programas irão para as malvas e dar-se-á início ao 2º capítulo da culpabilização dos outros pelo que nos for acontecendo durante o voo.
Portanto o que está em debate não são políticas, são só e apenas os líderes. Vai ter de escolher um, caso não o faça, outros escolherão por si.
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