CHEGOU A HORA
Chegou a hora da cidadania. Esta palavra é das que mais incomoda os comentadores políticos, também eles na sua maioria políticos encartados, uns de férias, outros no activo.
Chegou o momento de mostrar que se a falta de credibilidade dos políticos atingiu os 90 % da população, num estudo recentemente publicado, então a sociedade tem de escolher em coerência. Não vale a pena depois andar a criticar a classe política, quando num momento em que a sociedade pôde afirmar a sua indignação e independência, deixou passar a oportunidade, que eventualmente será a única na década.
Isto pode resultar de um factor fundamental, a intoxicação sobre o poder presidencial, que pouco mais é que representativo, mas tentando fazer crer que a estabilidade política depende da reeleição do Presidente, é uma chantagem que se faz sobre o eleitorado, amedrontando-o através do aproveitamento da crise.
O Presidente candidato demonstrou durante 6 anos, que o seu poder ou foi insuficientemente exercido, ou ele é muito reduzido e é solidariamente responsável pelo estado do país nas diversas vertentes: social, política e económica.
Fala na sua campanha como se estivesse a escrutinar um programa de governo, o que é completamente desajustado. Ao Presidente compete zelar pela Constituição, deverá ser um factor de agregação e não um foco de instabilidade, mas também não pode ser inócuo. O Prof. Cavaco durante o seu mandato levou tão à risca esse princípio, que se esqueceu de agir atempadamente com os poderes de que dispunha. Agora promete tudo para o 2º mandato, do género “agora é que vai ser”.
A Presidência da República em Portugal, é uma espécie de prémio de carreira, que se concede a políticos que deram um contributo mais ou menos relevante, nas funções executivas que exerceram até chegarem ao mais alto cargo.
Pela primeira vez aparece alguém que merece um prémio de carreira, que não foi construída na política, outros poderiam ter o mesmo estatuto, mas não são candidatos. O Dr. Nobre merece ter esse prémio, independentemente de não estar tão bem preparado para as intrigas palacianas, isso não é importante, as sondagens consideram-no o mais honesto entre todos e esse é o 1º mandamento para a função, os outros manda o bom senso.
Alguns profissionais do erário, chamam-lhe de populista, pois que seja, chamam-lhe demagogo, pois que seja, um free-lancer, pois que seja também, mas nós precisamos de alguém que possa ser tudo isso, mas que seja honesto, que não seja apoiado pelas corporações partidárias, que não tenha ao seu lado aparelhos que só pretendem o pagamento desses apoios.
Não interessa se acaba na 1ª volta, ou se chega à 2ª volta, o que interessa é que o país tem uma oportunidade rara de se demarcar da política profissional, cuja reputação é miserável, tem a possibilidade de injectar uma lufada de ar fresco na politiquice, de optar por gente impoluta e sem risco sistémico. Se não mudar, o país tem naturalmente o que merece, não deu um sinal à classe de que se saturou, demonstra que protesta, mas que na hora se deixa vencer. Cidadania é termos respeito por nós próprios.
Pensionista
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