PRESIDENCIAIS

                                                  UM AVÔ CANTIGAS A PRESIDENTE

A política é uma arte, uma ciência ou lá o que lhe queiram chamar, mas na realidade, de um detalhe poucos duvidam, é de que se trata de uma actividade desprestigiada até aos limites. Qualquer cidadão, que até pode ter um percurso impoluto, se se propõe a funções políticas, de imediato é olhado de soslaio. É rotulado indelevelmente como mais um que se vai servir, em vez de servir.
É evidente que esta péssima reputação, não foi inventada sem fundamento e é normal na esmagadora maioria das nações. Ao exercício do poder está associado, o compadrio, o favorecimento de grupos, protecção de interesses particulares e um infindável rol de pagamentos de apoios. Da direita à esquerda, todos são produtos tóxicos, todos gerem estratégias de conveniências e sempre com uma máxima que lhes é comum, servir a comunidade, o tamanho dela é que varia...
Tudo isto a propósito das presidenciais. Numa eleição de grupos, como nas legislativas, que são o trampolim para a governação, os candidatos ainda falam no plural : “ nós somos os melhores...” - por isto e por aquilo, em que cada um tenta demonstrar a vantagem da sua corporação, perante as adversárias.
Nas eleições unipessoais o espectáculo é mais degradante, é cada um per si a dizer...”...eu sou melhor que os outros...”- por isto e por aquilo. A imodéstia atinge o pornográfico, os adversários atacam-se sem decoro, nem decência.
O ego é levado ao ridículo, com cada um a desvalorizar tudo o que os outros digam que tenham feito, ou se proponham fazer. Um circo de vaidade, com os candidatos a falarem tanto em “eu isto...eu aquilo...”.
Só para concorrer já é preciso ter estômago, meses de auto-elogio, de culto da personalidade, que até é natural que no fim pensem mesmo que são os melhores.
A plebe vai assistindo a tudo isto, colaborando nas manifestações, nos jantares e nas reuniões bem preparadas pelos staffs dos grupos. A maioria silenciosa, presta pouca atenção aos candidatos, acha que são todos uns hipócritas, mas que são um mal necessário, para que se possa ter um regime democrático. Qualquer jogo de futebol mediano, ou uma telenovela, bate nas audiências um debate televisivo de candidatos. O caso de Tiririca o palhaço deputado no Brasil é paradigmático, grande parte dos eleitores estão fartos dos políticos profissionais e volta e meia indignam-se e bora lá, aí vai uma pateada.
É penoso ver personalidades com idades que aconselham honorabilidade, consideração e respeito pelos seus pares, a usarem linguagem deselegante, acintosa e por vezes ofensiva, sobre adversários também eles de idade de aposentados ou prestes a lá chegarem.
Dizem que é o debate político, não é nada, é o fascínio pelo poder que tolda estes nossos avós, que os torna mais infantis que os netos, que os fazem perder a compostura, que os ridiculariza perante a sociedade, mas eles não se importam...
Velhos vaidosos é do que se trata e ainda por cima, só vão mandar no jardineiro do Palácio, porque no resto pensam que vão mandar, mas o Professor nisso foi mestre e já mostrou que não mandam nada.

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