A CULPA É MINHA E SUA
O economista Vítor Bento, num artigo no Jornal de Negócios, considera que a situação actual resulta de erros políticos nos últimos 15 anos.
Refere que as escolhas feitas pelos gestores partidários, não poderiam ser outras, no quadro democrático. “Qualquer narrativa diferente seria rejeitada pelo eleitorado”.
Esta é a verdadeira géneses da crise.
A responsabilidade nunca assumida, é a do eleitor.
Algum projecto eleitoral sério e responsável, que defendesse o interesse nacional e assentasse em medidas de contenção, tais como por exemplo: a redução do investimento público, redução de transferências para autarquias, do número de deputados, de prémios nas empresas públicas, de congelamentos salariais nas empresas, de aumento de impostos, taxas sobre o crédito ao consumo agravadas, etc., teria qualquer hipótese de ser sufragado com sucesso?
Toda a gente fica contente quando vê a inauguração de um fontanário na sua aldeia, mais uma rotunda que para nada serve, estádios de futebol vazios e sabe-se lá que mais.
O partido que em consciência, propusesse o programa que se impunha, perante o descalabro permanente, era acusado de não perceber “...que há vida para além do défice...”, célebre frase de um presidente da República, também ele um inconsciente do que se seguiria.
O povo é o culpado, só escolhe quem promete mais gastos e mordomias. Rejeita quem previne e faz o discurso da contenção. Falar em aumentos de impostos para os políticos em campanha, é tabu. Veja-se hoje mesmo, que a comissão política do PSD mandou calar o candidato a 1ª ministro, porque insinuou o aumento do IVA.
É evidente que se chegar ao poder, vai demorar pouco tempo a passar para 25 %, mas em campanha, é tabu. O povo não gosta de ouvir que vai ter sacrifícios, prefere passar por eles depois. O povo é masoquista, escolhe sempre as políticas que o vão depauperar, que vão criar desemprego, que o vão deixar em míngua, mas a democracia é assim. Quando Guterres chegou ao poder tínhamos uma dívida pública de 10 % do PIB, hoje passados 15 anos,110 %. Porquê? Porque os eleitores só aprovam políticas expansionistas, com o dinheiro emprestado pelos outros. Os eleitores querem lá saber se a despesa está de acordo com o rendimento
Quando a cultura social tiver outros níveis, é natural que se comece a privilegiar as propostas sérias e contidas, ajustadas a um país que não é rico, que não pode importar Ferraris nem fazer TGVs.
Quando a cultura social tiver outros níveis, é natural que se comece a privilegiar as propostas sérias e contidas, ajustadas a um país que não é rico, que não pode importar Ferraris nem fazer TGVs.
Nessa altura, talvez os eleitores percebam que não devem deixar as gerações futuras mais endividadas, apesar de antes, tudo terem feito para isso, escolhendo quem promoveu o aumento do endividamento externo desenfreadamente,
Talvez optem por dar maiorias a quem proponha uma linha de governação dura, mas justa, séria e sem mistificações. Actualmente não há no espectro político, personalidades que encarnem este papel, essa é a nossa maior falência.
Sem comentários:
Enviar um comentário