A volatilidade das bolsas continua a um ritmo infernal, com empresas americanas e europeias a terem oscilações de cotações que por vezes chegam a 30 % de desvalorizações e valorizações, em períodos de dias, o que em condições normais deveria ocorrer em anos.
A crise financeira e as fundadas dúvidas sobre a recuperação da economia mundial, está a avolumar as dúvidas sobre os lucros futuros das sociedades cotadas.
Já várias vezes referimos que as bolsas são o termómetro que melhor avalia a temperatura da economia. Independentemente do quadro especulativo que envolve o mercado de capitais, as bolsas reagem com grande acutilância ao conjunto de informações macro-económicas que influenciam o universo capitalista, não destinguindo o trigo do joio, levando na enxurrada das subidas e descidas empresas com desempenhos muito diferenciados. Particularmente em períodos como o que se vive, as descidas do valor das acções de algumas empresas, nada tem a ver com o valor intrínseco de muitas delas, é a venda ao desbarato perante o pânico que passa dos mercados para os computadores, disparando ordens de venda consecutivas, que a procura não suporta, sem uma destruição significativa de valor.
Esta aparente irracionalidade dos mercados, demonstra inequivocamente que o poder de intervenção das autoridades monetárias dos EUA e da Europa, é completamente esmagado pelos comportamentos dos mercados, com recursos sofisticadíssimos de negociação, imunes aos discursos de tranquilização dos responsáveis políticos.
O mercado de capitais acima de tudo, trata informações concretas e objectivas, que projecta evoluções de curto e médio prazo, que se repercutem nos lucros das cotadas e na respectiva capacidade de remunerar os capitais investidos.
O agravamento da crise europeia, com os receios sobre a falência dos 3 países sob a protecção da Troika, que segundo vários especialistas é irreversível, está a adensar o nervosismo dos mercados, com a perspectiva de grandes perdas nas dívidas soberanas, que irá afectar devastadoramente a banca europeia. É bom lembrar que a banca detém grande parte da dívida pública dos países em risco de default. Em caso de incumprimento, os bancos terão de se recapitalizar para suportarem as perdas provocadas pelos incumprimentos soberanos.O posicionamento da Alemanha e da França, avessos à emissão de dívida pública conjunta por parte da União Europeia (obrigações), invocando que o futuro do Euro não pode ser resolvido pelo aumento do endividamento, está em contradição com diversas opiniões, inclusive a de Delors antigo presidente da Comissão e permite antever um fim sinistro para a moeda única. Os ricos não estão dispostos a segurar a U.E, mas não lhes restará outra solução, sobre pena de implosão do sistema financeiro com repercussões idênticas à de uma guerra mundial.
A fome e a escassez de bens, invadiria alguns países e infectaria de imediato a estabilidade de todo o sistema capitalista universal, fazendo com que a Grande Depressão fosse um jogo de play-station comparado com o fogo real que daí adviria. Portugal independentemente dos esforços internos que poderá fazer para equilibrar as contas e o endividamento externo, não escaparia à falência, não fosse a contaminação a que se assiste, o que levará a medidas de salvação colectivas, quer os ricos queiram ou não, pois hoje é impossível conter esses vírus através do isolamento. Os mercados metem tudo no mesmo saco, tal como nas acções, a derrocada seria geral.
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