O DESEURO
Não se trata de um visionário, trata-se de uma avaliação muito realista e premonitória do que irá suceder a muito curto prazo.
A contínua pressão dos mercados sobre os membros da U.E em dificuldades, particularmente: Grécia, Irlanda e Portugal resulta do descontrolo que adviria do default daqueles países no sistema bancário europeu, que possui grande parte da dívida pública e do endividamento externo do trio. A Alemanha e a França seriam seriamente atingidas e o sistema financeiro europeu ruiria em cadeia.
A Itália e a Espanha são os senhores que se seguem e o FEEF não prevê reforços para cobrir ajudas aqueles países mediterrânicos, sem a injecção de recursos colossais por parte da Alemanha e França, para acudir a incumprimentos deste duo.
As políticas de austeridade impostas pelas Troikas, só servirão de analgésico, mas sem qualquer efeito terapêutico, pois a infecção alastrará. A recessão que afogará as economias dos países intervencionados, como exemplo no caso de Portugal, com um endividamento externo de 230 % do PIB, não deixará margem de manobra para qualquer convivência económica dentro da zona Euro.
É evidente que o pagamento da dívida e a austeridade serão processos antagónicos em vez de complementares, o 2º anulará o 1º.
A redução dos défices orçamentais é uma imposição lógica e coerente, que nada deveria ter a ver com as medidas da Troika, mas sim um voluntariado para corrigir os desvarios das governações nos diversos países, porém, já a contracção do crédito que advém das limitações impostas aos bancos, impactará sobre a actividade económica de uma forma brutal, fazendo disparar as falências, o desemprego e restringirá o investimento. O bom crédito será penalizado pelo crédito desperdício.
O que fazer?
Os especialistas que não vão ao sabor da corrente, entendem que os desequilíbrios dos países mais frágeis só podem ser minimizados saindo do euro. O insuportável serviço de dívida atirará a Grécia, Portugal e Espanha para fora da moeda única, pois não podem desvalorizar a moeda. Chicoteados de austeridade em austeridade, para que o sistema bancário europeu não sofra a hecatombe do incumprimento, apenas poderão adiar por algum tempo, mas o destino será implacável.
Os díspares desequilíbrios orçamentais dos vários estados, na realidade não podem ser corrigidos dentro do euro, conforme referiu Lachman.
O convívio de ricos e pobres, com aqueles a facultarem recursos que deveriam saber de antemão que seriam incobráveis em função da capacidade e competitividade dos mais fracos, foram o combustível desta derrocada. Tal como em Portugal, quando os bancos emprestaram dinheiro para compra de habitação e crédito ao consumo, a cidadãos com o ordenado mínimo, obviamente só poderiam esperar incumprimentos. A abundância dos recursos concedidos pelos mercados, quer aos governos quer aos bancos, redundou no aumento da despesa política e na concessão de mau crédito. O resultado está à vista, os pobres aceitam tudo, porque têm menos a perder, quanto mais não seja pela ilusão curta de uma vida melhor. Assim se passou nos particulares, assim se passou nos governos.
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