A PANELA DE PRESSÃO


Caramba, perder mais de 1, 1 milhão por minuto, é coisa digna de registo. A bolsa de Lisboa perdeu hoje a bonita soma de 600 milhões de euros num dia, 120 milhões de contos na nossa ex-futura moeda.
A capitalização bolsista no fecho da sessão era de 51,2 mil milhões de euros, face aos 51,8 mil milhões de terça-feira.
Desde o início da semana foram-se 2,4 mil milhões, quase 500 milhões de contos.

Como é evidente esta quebra não significa que os investidores tenham perdido realmente esse capital, pois só os que venderam e dependentemente do preço a que adquiriram os títulos, é que tiveram perdas efectivas. Certo porém, é que as carteiras se deterioraram e consequentemente os activos intangíveis foram duramente desvalorizados. Os bancos e as empresas titulares de acções do PSI20, a manter-se o quadro actual serão bastante penalizados no lado esquerdo do Balanço, com uma redução significativa dos activos e por consequência uma degradação dos resultados, que serão afectados pelas imparidades.
Tudo esta conversa para quê?
Os crashes provocam prejuízos avultados nas estruturas financeiras de muitas instituições e empresas. Os accionistas individuais têm perdas potenciais que só se transformam em prejuízos no momento da venda. Os bancos e os fundos têm outro problema, têm de reflectir permanentemente as valorizações e desvalorizações das carteiras, o que tem implicações importantes na autonomia financeira de cada entidade e diminui a capacidade de financiamento da actividade económica por parte dos bancos.
O caos que se vive no mundo financeiro, releva para 2º plano a insurreição em Inglaterra, mas os acontecimentos não são assim tão díspares. O descrédito em que caiu a economia mundial, com uma autêntica Torre de Babel de opiniões, muitas vezes antagónicas, sem um senso comum, que escalpelizam até à exaustão as causas e os efeitos, mas sem uma terapêutica eficaz, passam para a sociedade o clima de pânico que se vive nos mercados. Uns dizem que a austeridade é o caminho, outros dizem que esse é o único caminho que não deve ser prosseguido. Uns dizem que o momento é de estímulo à economia, outros que a inflação é o inimigo principal. A Economia hoje é um conjunto de religiões, em que cada profeta é o detentor da verdade.
Um deles – Paul Krugman -  diz que esta crise vai perseguir a sociedade durante décadas, porque os governos dos países desenvolvidos ignoraram as lições da História e em particular as da Grande Depressão.
O desnorte económico é pois transversal a toda a sociedade, Londres é um bom exemplo deste tempo de desnorte, veremos o que o futuro nos trará no curto prazo, mas a pressão tem de ter escape, sob pena da panela rebentar.


Sem comentários:

Enviar um comentário