O JULIUS RIMANTE a exemplo dos grandes orgãos de comunicação mundial, enviou uma equipe de reportagem constituída por David Estaline e Pedro Guest, para acompanhar no local todas as peripécias relacionadas com os acontecimentos no Egipto.
O que se segue é o relato dos nossos enviados especiais, que levará até aos leitores a realidade do que se vive numa das civilizações mais influentes na História da humanidade.
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Chegamos ao Cairo, instalamo-nos num hotel modesto e seguimos de imediato para
o SPA afim de tomarmos contacto com a situação.
Chegada da equipe ao Cairo |
Pensão Marriott |
Os nossos colegas americanos aconselharam-nos a visitar a Saturday Night Fever, para nos adaptarmos à vida egípcia. Seguimos à risca a indicação, ainda para mais vindo de quem veio. Antes ainda passamos por um magnífico salão de dança do ventre, de forma a tomarmos o pulso ao environment, pois o ventre é a razão principal dos distúrbios de que tanto se fala.
Dançarinas com ventre |
Foram umas horas de adaptação às odaliscas, que nos foram relatando pormenorizadamente a situação que se vive no Egipto. Fizemos uma refeição frugal de aish baladi, felafel (umas boas almôndegas) temperadas com iogurte. De seguida continuamos com camarões gigantes com molho de alho de Alexandria. A carne que se impunha, para retemperar o nosso estômago, foi um shish kebab, que é uma brocheta de carne de cordeiro. Para finalizar, uma baklava, massa recheada de nozes aromatizada com água mel e uma infusão de limão. Esta parca refeição foi acompanhada com sucos de manga, goiaba e um zahib.
Repórteres em acção |
Aconchegados, avançamos então para o nosso destino, o Saturday Night Fever, que é uma discoteca cairota de categoria internacional. Aí sim vimos uma grande aglomeração de civis, evidenciando atitudes exacerbadas, sempre que tocavam os últimos sucessos do hip-hop. Percebemos o descontentamento dos que não conseguiam entrar na discoteca. A tensão constrangia-nos, mas a missão deu-nos força redobrada e lá conseguimos entrar furando pelo meio dos manifestantes, que de mão no ar, reclamavam a atenção dos porteiros. Algumas manifestantes percebendo que éramos jornalistas, agarraram-nos pelo braço e entraram connosco, pois como estrangeiros a entrada era mais acessível. As belas egípcias agradeceram-nos com uma postura revolucionária, empurrando-nos contra a parede e não fosse a segurança da casa, dificilmente escaparíamos vestidos, tal a força do agradecimento.
Discretamente abordamos algumas manifestantes, sobre as razões da sublevação que se estava a verificar e delicadamente nos responderam quase em uníssono.
-Porquê este movimento contra Mubarak?
-نحب الرقص وصنع الحب...
- Exactamente, mas não será perigoso a proporção do movimento?
-لا شيء من هذا هو أن الحب هو جيد...
E falamos com mais alguns manifestantes, mas a opinião foi unânime...foi aquela que está escrita atrás.
Cerca das 4 da manhã abandonamos o Saturday Night Fever e já com uma opinião formada. Cansados regressamos ao Marriott.
Apesar do adiantado da hora e sendo sábado, passamos por uma praça com bastante gente, a Tahrir, mas o taxista que nos levava, disse que era normal, que eram pessoas que iam de fim de semana. Realmente deu para entender, pois até havia tendas montadas.
No dia seguinte espera-nos uma dura jornada, Vale dos Reis, Luxor e Assuão. Locais de grandes concentrações de populares a exigirem a mudança do regime e reformas democráticas.
Cairo-Guest e Estaline-enviados especiais.
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