EDUCAÇÃO E JUSTIÇA NO PINGO DOCE...

                                                     EDUCAÇÃO

O JRW esteve hoje no PINGO DOCE das Amoreiras, para escutar da Ministra da Educação, Isabel Calçada, uma opinião sobre a polémica do fim dos chumbos no ensino básico.
P- Sra. Ministra…Sra. Ministra, por favor…(a titular da pasta entrava em passo acelerado, empurrando o carrinho das compras, sem nos prestar grande atenção).
R- Por favor, desculpe, mas tenho de fazer as compras da semana e ainda nem sequer comecei…
P- Mas é apenas uma questão…
R- Olhe, mas só se me for acompanhando, à medida que vou metendo para o carrinho…
P- De acordo Sra. Ministra….
R- Muito bem, vamos primeiro à padaria…
A nossa interlocutora avança num autêntico rally, contornando quem lhe aparecia pela frente e nós igual, apoiando-nos no carrinho, que parecia a motor…
P- Sra. Ministra, então os chumbos do básico vão acabar? - disparamos com a pergunta, no meio do barulho típico de um supermercado.
R- Quem disse que vão acabar os chumbos?
A Ministra pára no expositor dos cacetes e agarra em 2. Vai à carteira e pega na cábula das compras.
P- Sra. Ministra mas é o que está na ordem do dia…
R- Eu não disse isso, eu disse que tem de se resolver o problema das retenções. - Agarre aí 3 pacotes de digestivos, pf. - (pede a Ministra a nossa colaboração) - …mas gradualmente, ou seja sem pressas. Pressa tenho eu, chegue-me aí esses bolos de arroz…já agora pegue naqueles pães de forma…
Pingo Doce
A Ministra começava a abusar da nossa colaboração, já estávamos em mangas de camisa, o casaco e a máquina fotográfica no carrinho e com; 3 pacotes de digestivos, 3 pães de forma, 2 cacetes e 2 kg de broa de Avintes que entretanto comprou e uma dúzia de bolos de arroz. Mais parecíamos os carregadores do antigo grémio da fruta, era já uma promiscuidade que eticamente é reprovável.
Percebemos que nos tínhamos de despachar, pois ela ainda tinha de ir à peixaria, talho, aos lacticínios e produtos de higiene. Ou muito nos enganamos, ou ela trocava a entrevista por um transportador privado…
A nossa dignidade profissional não nos permite esse indecoro
Dra. Calçada
P- Sra. Ministra Calçada, desculpe mas não nos  fica bem estar a ser assim tão servis, por favor comente a questão dos chumbos…
A ministra, pára, olha-nos fixamente e dispara – “ estava a olhar para si e vi que me esqueci do pão ralado, pegue lá naquele saco de 500 gr….”
Lá pegámos, mas acabou o serviço de apoio…
Ela percebeu e parou uns minutos, enquanto arrumava as compras no carrinho
R- Ora bem, as crianças que chumbam dão muita despesa, portanto não se retém ninguém, é sempre a avançar.
P- Mesmo que não tenham aptidão para avançar?
R- Sim, mesmo assim. Não deve haver discriminações entre sabedores e ignorantes, dedicados e malandros. A sociedade é formada por todos, por isso todos devem ter as mesmas oportunidades e não deve ser a escola a coarctar esse direito constitucional, da igualdade perante as oportunidades. Quantos analfabetos e ignorantes, são hoje personalidades de sucesso?
P- !!!!!
R- Não faça essa cara de admiração….é como lhe digo, a escola não deve segregar, deve unir. Se são colegas no 1º ano e depois uns reprovam e outros passam, porquê cortar esse cordão que liga o grupo? Os inteligentes e diligentes, devem acompanhar os indigentes e menos dotados. Todos passam, os que sabem e os que nem por isso…que mais tarde vão acabar por saber que não sabem nada e vão fazer reciclagens, mas à custa deles e não do orçamento.
P- Mas isso é nivelar por baixo…
R- Qual nivelar por baixo, qual quê…o que interessa é nivelar, se é por baixo ou por cima, não importa. Olhe até agora era nivelado por cima e veja bem o que tem dado.
Não há tempo para mais, quer vir comigo ao talho?
P- Não muito obrigado, Sra. Ministra, temos de ir…até à próxima.
Desandamos com grande velocidade, antes que a Calçada nos mobilizasse para os enchidos.

                                                      JUSTIÇA

Dr. Paulito das Portas
Vínhamos a pensar na volta que a Ministra nos deu, quando deparamos com o Dr. Paulito das Portas,  de carrinho também, muito calmo, a ver os expositores de produtos naturais
P- Dr. Paulito…por aqui, também nas compras ?
R- Também?
P- Sim, a Ministra Calçada também está ali…no talho…
R- Ah sim, ainda bem que me avisa, não me quero encontrar com esse tipo de gente…
P- Já agora, então julgamentos sumários?
R- De que está a falar?
P- Da sua proposta, para julgar em 48 horas os criminosos apanhados em flagrante delito
R- Ah…pois….claro, então não?
P- Mas isso mais parece os tribunais plenários de antigamente
R- Quero lá saber….olhe havia muito criminoso preso, que anda aí à solta…veja o caso dos banqueiros, dos supervisores, dos corruptos e muitos mais, pois foi tudo em flagrante delito…
P- Lá isso é verdade….mas a justiça deve ter o seu percurso…
R- Qual? o meu?’
Carrito do Dr. Paulito
P- Não, o dela…
R- De quem? da Calçada?
P- Não, o percurso da JUSTIÇA (já a perder a paciência). Olhe que se fosse assim, o Sr. na Moderna talvez fosse julgado sumariamente e seria uma injustiça, não é verdade?
R- Evidentemente, fui absolvido de tudo...
P- Os submarinos também têm para aí alguma coisa mal resolvida….não é verdade
R- Isso não é nada comigo. Não esqueça que eu só estou a falar de flagrantes delitos…
P- E qual a proposta?
R- Até agora, pergunta-se muito e só se prende, se se prende… depois….eu proponho…prender muito e perguntar pouco e só depois…
P- Quem define o flagrante delito?
R- Os tribunais naturalmente…
P- Mas isso vai dar ao mesmo
R- Não vai não. Porque primeiro prende-se e na dúvida, o tribunal pronuncia-se, mas até lá o figurão fica nas grades.
P- !!!!
R- Olhe a Calçada com aquela de querer acabar com os chumbos, era já em flagrante delito, ia logo pró Linhó….por falar em Linhó, sabe onde fica a zona da retrosaria? Preciso comprar agulhas e linhas.
P- Dr. Paulito, deve ficar para ali. Muito obrigado. Até mais logo.
Lá nos despachamos antes que nos tocasse outra missão de apoio logístico…

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