MEMÓRIAS




A pedidos vários, recuperamos a entrevista realizada a Nani Gonzal em 2009, mas que mantém completa actualidade.


 PROFESSOR NANI GONZAL


O JRW, tem o raro privilégio de entrevistar uma grande figura do mercado de capitais nacional e não só, o Prof. Nani . A conversa que mantivemos foi conduzida pelo Dr. Jonas dos Santos, especialista do JRW para os assuntos económicos.
- Prof. é uma honra para o JULIUS RIMANTE WORLD, a sua disponibilidade para abordar um tema, que é do interesse de muitos leitores. O seu conhecimento do mercado é profundo e fala-se mesmo, que Buffet recorre muitas vezes às suas opiniões..
- Como sabeis estou sempre disponível para o intercâmbio do conhecimento. A minha vida sempre foi um ciclo de aprender, ensinar e comunicar. É um dever de cidadania, mas que sempre o fiz com prazer. Na realidade o Warren liga várias vezes para troca de impressões sobre o mercado. Nem sempre estamos de acordo, mas temos uma visão muito parecida, talvez pela experiência de muitos anos. Por exemplo, em plena crise do subprime, ensaiamos vários modelos matemáticos para projecções do fundo do mercado. Abandonamos a ideia, pois os especialistas que nos assessoravam, também não chegavam a conclusão alguma. Combinei com ele e recorremos às ciências ocultas, ao esotérico, que como sabeis em Portugal, é uma área em que temos dos melhores especialistas do mundo. Temos imensa gente que tem premonições para tudo: campeões de futebol, resultados de eleições, doenças, casamentos, divórcios, negócios, etc.
Então eu e o Warren, recorremos a uma senhora de Aljezur, que previu com rigor o momento da viragem. Métodos ancestrais, com inscrições em papéis com várias datas, imersos em baldes de água. Aquele que viesse à superfície com maior rapidez, seria o momento da viragem do mercado. Assim foi e assim se passou. É evidente que definimos estratégias de abordagem, ele no dow, nasdac, s&p e eu naturalmente como nacionalista convicto, nas acções do PSI.
-O prof. pensa que o pior já passou?
-Jonas se está a falar de futebol, não sei, o Benfica já não ganha há muitos anos, mas também acho que não vai estar mais 15 anos para ganhar um campeonato, se passarem só mais 10, já será melhor. Portanto nesse caso o pior já passou.
-Não professor, desculpe, não me fiz entender, estava a referir-me ao mercado…
-Ora bem, isso também não é fácil de responder. Lá está.... outra premonição para a senhora de Aljezur, o Dr.Rui Rio tem uma visão muito particular da cidade, o Bolhão é um local fantástico da nossa urbe, que não tem sido tratado da melhor forma. Vamos ver se o problema do Bolhão fica resolvido, para que possamos usufruir daquele templo magnífico.
-Professor estou realmente infeliz na forma de o questionar, peço-lhe mais uma vez desculpa, é sobre mercado de capitais….
-Ah….estou a ver Jonas……sinceramente não tenho conhecimento sobre qualquer alteração prevista para as capitais, pelo menos na Europa. Lisboa está segura, apesar de que se alternasse com o Porto, não se perdia nada, Madrid é uma cidade fantástica, Roma, Londres, Paris….oh…Paris... a cidade Luz……são capitais belíssimas, que não penso que vão perder o estatuto de grandes capitais. Na minha perspectiva, o mercado das capitais, vai continuar estável.
-Pois professor……passando à frente…..então no momento actual o professor aconselha posições longas?
-Vistas as coisas por esse prisma Jonas, toda a atenção é pouca, as posições curtas ou longas, têm de ser avaliadas a cada momento. Por vezes uma visão simplista, parece aconselhar posições longas, mas eu estou... curto e o contrário também acontece. Sou um apologista de um estilo de jogo trabalhado, tecnicista, de passe curto, mas por vezes a melhor táctica passa, pelo passe longo, a aproveitar desmarcações, ou seja, a criar espaços e surpreender o adversário. Em síntese, não deve haver uma ortodoxia nesse tema das posições curtas ou longas, devemos ter uma visibilidade permanente e ajustar conforme o environment.
-Pelo que depreendo das suas palavras o Professor, recorre mais à análise técnica do que à fundamental ….
-Não é verdade, para mim a análise técnica é fundamental, não dissocio uma da outra. O jogador pode tecnicamente ser muito evoluído, mas é fundamental que se enquadre no sentido colectivo do jogo, que a sua acção técnica seja uma mais valia para o todo, pois o fundamental é o desfecho final, que acaba por ser a sinergia de um conjunto, que no seu todo deverá ser superior â soma das partes, não sei se me fiz entender ?
-Perfeitamente!!!! e com muita eloquência, mas então o professor não recorre aos métodos das ELIOTT WAVES ?
-Repare Jonas, eu recorri e recorro a tudo que considero cientificamente uma mais valia. Sempre utilizei na metodologia do treino, ondas electromagnéticas, sonoras, marítimas, hertzianas e outras. As de Eliott, sinceramente ainda não as reconheço com o carácter infalível, que querem fazer crer….
-Tem toda a razão o professor, pois por vezes verifica-se alguma coerência na Big Picture, mas no trading diário, portanto de curto prazo, denuncia muitas insuficiências……
-Sim…..também acho, tenho um amigo que recorre muitas vezes a esses riscos, mas já me disse que arriscar com os riscos, também é arriscado…..eu continuo com a minha, o verdadeiro BIG PICTURE, é a praia do molhe, no Restaurante do Molhe, a comer uns bolinhos de bacalhau, saborear um copo de cerveja, ler o jornal, com aquela vista única sobre o Atlântico, tanto de Verão como de Inverno….isso sim é o Big Picture…..o resto, sinceramente acho que são litles pictures….
-O que aconselha aos nossos leitores, para uma carteira equilibrada ?
-Jonas, eu não gosto muito de dar conselhos sobre as carteiras de cada um. Já vi bitaites sobre carteiras, que depois foram uma desilusão. O que posso dizer, é que devem procurar uma carteira apropriada, se usa mais cartões de crédito do que dinheiro, pode ser uma carteira mais pequena. Se a guarda no bolso das calças, procure uma mais resistente, que não dobre com facilidade. Se gostar de ter fotos da família, então deverá ter uma maior, com vários compartimentos. Uma carteira é um espólio pessoal, mas que também reflecte a nossa forma de estar na vida.
-Prof. qual o momento de vender os títulos ?
-Esse é dos problemas mais intrincados, Jonas, pois por vezes as pessoas compram, ficam com os títulos muito tempo….pois estavam a perder mais de metade do que investiram e no momento aconselhável para os devolver ao mercado, não senhor, não vendem....ganharam afectos...foram anos de convivência, já não é pelo que valem, mas sim pela companhia..., gostam de ver no extracto aquelas acções..., ficam com pavor de se sentirem abandonados….. argumentam de que vai subir mais….mas não é verdade, não querem é perder aquelas acções adquiridas, sabe-se lá, se num pico de paixão…..é do foro psíquico não do financeiro….em síntese… é amor ….e isso não se vende. Aconselho a quem seja muito susceptível de apaixonamento, que não se envolva no mercado de capitais, pois vai ter ou perdas financeiras ou desgostos por solidão.
-Professor, é famosa a identificação que faz entre empresas cotadas e os CEO, pode referir-nos algumas ?
-Não é muito aconselhável, Jonas, pois poderiam ser mal entendidas as conotações que naturalmente para o cidadão comum têm sentido, mas para outros nem tanto, de qualquer modo vou dar dois exemplos para vocês adivinharem: os merceeiros e o lavadinho que fazem parte do PSI20.
-Professor, para terminar, uma mensagem aos leitores do JRW.
-Sejam felizes, by the way on the road……
-Professor, estamos muito reconhecidos pelas suas palavras, que por vezes metaforicamente, foram uma fonte de ensinamento.
-Obrigado Jonas, foi um prazer, até breve.
O pedagógico Prof. Nani Gonzal, contribuiu com a sua tradicional fluência, para o esclarecimento dos leitores mais familiarizados com estas coisas dos mercados de capitais e deixou pistas muito interessantes, sobre estratégias a adoptar para quem pretende intervir no mercado.


jonas dos santos

1 comentário:

  1. Finalmente uma reportagem digna desse nome, neste espaço da informação de qualidade e sem tabus.
    JULIUS FOREVER

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