CINEMA

                                    QUINTINO TARANTINO

O JRW aproveitou a presença de Tarantino integrado na comitiva portuguesa da visita oficial a Angola, sede da próxima reunião da CPLP.
O grande realizador norte-americano respondeu-nos a algumas perguntas e posou para o JRW no conhecido espaço Luandense :“O Lokal”


P-Mr. Tarantino, obrigado por ter acedido ao convite do JRW. Gostávamos que começasse por comentar a crítica que muitas vezes lhe é feita, de ser um realizador que glosa demasiado com a violência.
R- Gulosa???? É verdade esse ponto de vista, a violência é gulosa pois nunca está satisfeita. Os meus primeiros filmes foram o Amor à Queima Roupa e os Assassinos por Natureza, cuja violência está ultrapassada e quando os revejo, são historiazitas de algibeira, com pouco sangue e uma violência muito light.
P- Mas não diversifica os temas, continua fiel a um conteúdo marcado pelo drama e devastação física e moral.
R- Agradeço o elogio e efectivamente a minha preocupação é aperfeiçoar a técnica dos assassínios, suicídios, atrocidades e quejandos. Leio diariamente os jornais de todo o mundo, pois são um manancial de inspiração para os meus filmes.
Cães Danados foi um exemplo dessa pesquisa. O abandono de animais domésticos, prática comum e abominável, retratado nos jornais e televisões do mundo inteiro, inspirou-me a realizar a obra. A revolta dos cães, abandonados por uma sociedade que só pensa no efémero e no cómodo, redundou numa trama de grande violência com os cães completamente danados a atacarem os seus ex-fiéis amigos.
A Lassie, o Rin-tin-tin, o Milú do Tintin e os 101 dálmatas, completamente danados, organizaram um ataque, que pôs Nova Iorque a ferro e fogo.
P- Pulp Fiction está dentro dessa linha. Considerada a obra prima da violência…com personagens verborrágicos…
R- Eu sei, quero dizer, essa do verborrágico, até é possível que seja, mas a ideia não foi a de verborrar ninguém, apesar de muitos espectadores, segundo tomei conhecimento, se verborraram a verem o filme, pois a intensidade, o suspense e o medo, por vezes leva a que os mais sensíveis se verborrem todos.
Mas no capítulo da violência, o que mais me preencheu foi, O Albergue. É um filme de terror profundo, em que envolvo todos: os cães danados, os pulp fiction, os assassinos por natureza, os four rooms, etc. Deu tamanha complicação, que eu próprio perdi o fio à meada e aterrorizei-me com o meu próprio guião. Mas foi muito bem recebido pela crítica, que adora violência e sangue, muito sangue. Cinema sem sangue, não é cinema, é um vídeo sem emoção, é um apanhado. Nos meus filmes ele jorra, mais que a água, só é pena que não salpique o espectador…mas hei-de lá chegar.
P- Projectos?
R- Projectos? Bem a única coisa que tenho em mão, é o da construção de uma câmara de horrores na minha garagem, para me relaxar no intervalo das filmagens. Trabalho 15 horas por dia e quando chego a casa, preciso de distender e usufruir do que gosto, sem preocupações de estética nem de paparazzi….vai ter aparelhos de tortura, cadeira eléctrica, câmara de gás e um pequeno lago cheio de sangue, com pedaços de corpo humano, sempre frescos. Fui contactado por vários fornecedores do mundo inteiro, mas os que me dão mais garantias, são os do Iraque, Paquistão e Afeganistão.
P- Referia-me a projectos cinematográficos….
R- Ah….entendo, ora bem, há uns anos vi um filme que sempre me marcou: “ A Casa que Escorria Sangue”. Sempre achei que era um tema absorvente e muito estimulante. Estou a preparar uma versão mais alargada, que penso que se chamará “ A Cidade que escorria sangue”.
P-Mr. Tarantino, obrigado por esta entrevista, que nos ajudou a melhor conhecer o grande realizador que é, com a particularidade de ter sido recolhida em África.
R- Obrigado eu e desejo para os meus admiradores portugueses, que continuem a verborrarem.se com os meus filmes, pois é um indício de que se aterrorizam e se chocam, que é desde sempre, a minha mensagem para que o mundo seja melhor e mais agradável.

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