TERRORISMO

                              O inventor da (maldita) vuvuzela


Ao marcar um golo e ver um adepto soprar num chifre de kudu, Neil van Shalkwyk decidiu inventar um som unificador.

  O JULIUS RIMANTE WORLD foi a um local ultra secreto, para o qual tivemos de seguir de cabeça tapada com um capuz, para entrevistar essa personalidade mais perseguida que Salman Rushdie autor de Versos Satânicos...pois enquanto o escritor foi condenado à morte pelos islâmicos, o criador da VUVUZELA, está em perigo de vida em todos os continentes. As ameaças de morte e de prisão perpétua fazem parte dos noticiários de todo o mundo. Recompensas fabulosas a quem informar sobre o seu paradeiro, são afixadas inclusive, em árvores dos jardins, para além de qualquer esquadra de bairro de um qualquer país, expôr a fotografia de Shalkwyk em tamanho XL e considerando-o um delinquente altamente perigoso. Bin Laden, tem fotografia de tamanho mais reduzido.
Atendeu-nos numa tenda de campanha nos confins da selva, com uma equipe poderosamente armada, todos de camuflados e com olhares muito desconfiados para nós. Reparamos que todos traziam à cintura duas vuvuzelas de grande porte às cores, prontas a ser desembainhadas à menor suspeita de ataque.
P- Como se sente nesta situação? Inventaria novamente a vuvuzela?
R- “Hasta la muerte”
P- Falou espanhol por causa da vitória da Espanha?
R- Não, porque o meu mestre foi o grande Che...
P- Mas o Che foi o seu professor de trabalhos manuais?
R- Mas quais trabalhos manuais...qual quê....ó homem você faz essa viagem até aqui e não sabe quem é o Che?
P- Desculpe lá a minha ousadia, mas não é o Che....é a Cher....a cantora de 60 anos, mas que parece que tem 25....
R- Porra para o inculto.....ó homem é o Che Guevara....
P- Mas Sr. Shalkwyk, que é que o Che Guevara tem a ver com a vuvuzela? Então o que me está a dizer é que Guevara usava a vuvuzela na luta contra o chamado imperialismo?
R- CHAMADO? CHAMADO??? CHAMADO???
( gritou o meu entrevistado, enquanto começa a puxar lenta e ameaçadoramente da vuvuzela). O meu semblante de pânico, com suores a escorrerem-me pela cara, quando olhava o instrumento, inspiraram a sua misericórdia, pois não desembainhou o perigoso artefacto, odiado planetariamente)
P- Está a chamar pelo Sr. Chamado!!! – falei eu para um guarda que estava a ouvir a conversa-
R- Não se faça de sonso.....o imperialismo não é chamado.....é mesmo...
P- Já percebi que o chamado imperialismo....é mesmo imperialismo, mas diga-me uma coisa, como é para aqui chamado o imperialismo?
R- Quem ataca a vuvuzela?
P- Não me leve a mal e não entenda as minhas palavras, como se eu esteja contra o instrumento, bem pelo contrário, acho o som da vuvuzela mavioso e devia ser obrigatório o seu uso nas orquestras sinfónicas, filarmónicas e até nas bandas rock, mas dizia eu... toda a gente ataca as vuvuzelas....
R- Já entendi que você até nem é tão inculto como parecia, se gosta das vuvuzelas, tem sensibilidade. (foi um alívio, para a pressão que sentia no meio hostil), - mas analise bem, são os grandes meios de comunicação social dos imperialistas que lutaram contra esse maravilhoso concerto de vuvuzelas, a que se assistiu nos campos da África do Sul. Sabe porquê?
P- Não, lá isso não sei...
R- Foi essa clique de comentadores desportivos que não dizem uma para caixa, que foi abafada pelas vuvuzelas....não dizem nada, trocam tudo e felizmente que foram silenciados pelo som dessa gaita fantástica, que eu tive a felicidade de inventar...
P- Ah...pois estou a ver....e tem lógica....
R- Outra coisa, veja bem....quem toca a vuvuzela?
P- Pelo que se percebeu.....toda a gente.....a maioria dos assistentes tinham a mald...(quase....que me fugia...mas emendei...)- a maldimavilhosa vuvuzela...
R- Maldimavilhosa???? – cruzes, o que significa? (desconfiada interrogação...)
P- É do novo acordo ortográfico....significa maravilhosa...mas de uma forma mais fácil de se pronunciar....é influência dos brasileiros...
R- Os brasileiros às vezes em vez de simplificar....complicam... mas essa de... é....maldimavilhosa....olha qu’esta....é bem mais complicada a pronúncia...por isso não admira que tenham sido eliminados pela Holanda...mas dizia eu,  aí está a razão do ódio à vuvuzela....é um instrumento proletário....que qualquer um pode bufar....
P- Realmente não tinha pensado nisso...mas a sonoridade não é muito bem aceite por todos....
R- Pelos reles imperialistas a soldo do capital todo poderoso....e pelos racistas....
P- Racistas?
R- Claro ....não suportam que tenha sido em África que nasceu o instrumento mais popular de todos os tempos....que contudo é anti-rácico, pois foi tocado por brancos e negros..
P- Ah...sim isso é verdade...toda a gente soprava na MER.....(outra vez a gafe...ainda deu para contornar....mas a continuar assim....ainda vai ser uma chatice...)....- ...soprava na merditíssima vuvuzela.-.
R- Você usa cada palavra mais esquisita, mas tá bem....esse tal dito acordo alterou tudo...merdítissima!!!!se já se viu...
P- Sr. Shalkwyk, como vai sair deste imbróglio?
R- Não saio....
P- Vai ficar aqui toda a vida?
R- Não....estou a trabalhar num invento de um instrumento que a vuvuzela comparada com ele, vai ser uma pequena corneta.....ai vai sim senhor....mais 3 meses e o instrumento está na linha ....ainda vão implorar para que se legalize a vuvuzela como instrumento de sopro de eleição....ai ides ver...então não ides....

                                   

E assim foi a entrevista ao inventor da vuvuzela, que se prepara para lançar mais um mortífero artefacto, que pode levar os otorrinos a estatuto de classe privilegiada.

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