COMUNICADO
Portuguesas, portugueses, espanholas, espanhóis, brasileiras e brasileiros:
Como é do domínio público o Governo português, impediu o negócio da venda de uma participação numa empresa brasileira, por parte de uma empresa portuguesa a uma empresa espanhola, utilizando uma golden-share.
Entendo que me deveriam ter informado do facto, tanto mais que quem tinha a share à guarda, é a Presidência da República e faz parte do espólio que transitou dos anteriores detentores do cargo e que havia sido oferecida pela PT como prenda de aniversário a um dos anteriores Presidentes.
A referida golden desapareceu misteriosamente do museu da Presidência no passado fim de semana, sem que se tenha detectado qualquer intrusão abusiva.
Na passada sexta-feira o Sr. Primeiro Ministro, no fim da audiência semanal, solicitou-me uma visita ao museu, pois há muito tempo que não o fazia e é um admirador das belas obras que lá estão expostas. Acompanhei-o com muito gosto nessa visita e ambos estivemos a admirar pausadamente a beleza da golden-share, que nos suscitou vários comentários sobre a beleza e imponência da obra. O Sr. Primeiro Ministro questionou-me sobre todos os pormenores da escultura, tendo-o eu elucidado sobre o que é do meu conhecimento, pois faz parte do catálogo das obras do museu. Foi realmente a peça que mais chamou a curiosidade e atenção do Sr. Primeiro Ministro e em que nos detivemos mais tempo. Agradeceu amavelmente o tempo que gastei com ele na visita guiada e retirou-se com a pasta de despacho mais robustecida, pois tinha muitos decretos que eu tinha promulgado, entre os quais as 12 versões dos diplomas sobre as SCUT.
Quando o responsável pelo museu, detectou a falta da obra, no sábado de manhã, foi-me imediatamente acordar cerca das 12.30, o que me incomodou imenso, tendo de imediato solicitado a comparência das forças da GNR, especialistas em minas e armadilhas, para inspeccionarem a pente fino o museu. Findo esse trabalho concluímos que a golden-share tinha sido roubada.
Perante a situação liguei de imediato ao Sr. Primeiro Ministro para lhe dar conhecimento da infausta ocorrência.
O Sr. Primeiro Ministro ficou tão chocado quanto eu, pois ainda no dia anterior havíamos estado extasiados a admirar a peça. Veio de imediato para o Palácio da Presidência e novamente juntos, vasculhamos todos os locais possíveis onde poderia estar a golden-share. Debalde, concluímos ambos que a magnífica obra tinha ido parar às mãos do alheio.
Aguardamos ansiosamente durante o todo o fim de semana, o pedido de resgate, que não surgiu. Todas as casas de antiguidades e de obras de arte, foram informadas do desaparecimento e para não serem receptadores da golden-share.
A esta sucessão de factos, que foram mantidos em reserva, pois tratava-se um assunto de Estado, seguiu-se o que a opinião pública já conhece. A golden-share foi usada pelo governo para impedir o negócio da venda de uma participação numa empresa brasileira, por parte de uma empresa portuguesa a uma empresa espanhola.
De imediato demonstrei a minha estupefacção ao Sr. Primeiro Ministro, que também estava muito embaraçado. Ambos concluímos que ou a golden-share apresentada é falsa e tratar-se-ia de uma reles cópia, facto que o Sr. Primeiro Ministro negou porque a havia visto e disse que era a genuína, ou sendo como se afigura a verdadeira, o Estado foi vilmente ludibriado por um oportunista, que urge identificar e punir exemplarmente.
Sabe-se após investigação por parte das autoridades competentes, que a golden-share foi apresentada na tal dita assembleia, por um incerto, que se retirou de imediato, sem levantar suspeições. A Interpol está no terreno para identificar o autor.
A Presidência da República lamenta o ocorrido, mas está completamente isenta da responsabilidade do uso indevido que foi dado à peça. A acção foi criminosa, pelo que deve ser ponderada pelos intervenientes. A golden-share é do pecúlio do museu da Presidência e não pode ser usada sem a minha expressa autorização. Faço um apelo ao autor deste dislate, que devolva a peça a qualquer autoridade civil ou militar ou a deixe num qualquer estabelecimento comercial, informando as autoridades do facto.
A bem da Nação
bravo. escrito melhor que os do presidente e muito mais divertido. bravo
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