CRÓNICA DE VICENTE MORATTI

                                                  
"No fundo, no fundo... a plebe quer que se tramem todos, pois normalmente inveja os do poder, apesar de presumir que ninguém é honesto e que todos prosseguem o interesse individual, debaixo do diáfano manto do colectivo."

                                           TALK-SHOW

A Justiça anda num rodopio em tudo que é órgão de comunicação social. Vamos escalpelizar um pouco a temática, porque poderá ser método para tudo o que é a envolvente.
1º- Os actores de tudo o que é notícia, normalmente são:
- Políticos de todos os quadrantes
- Nomeados e renegados pelos políticos.
- Jornalistas no sentido lato
2ª- Os espectadores, como é óbvio: a opinião pública.
3º- Acção: Tudo o que se passa no campo do combate político, com os nomeados e renegados, quais provedores dos interesses de cada parte, a alimentarem os divulgadores da informação.
Na amálgama destes interesses, a opinião pública é bombardeada com informação e contra-informação, que em vez de esclarecer levanta sucessivamente imbróglios que cada vez são mais intrincados.
Os actores, quais personagens de telenovelas, parecem interessados no processo, uns porque têm protagonismo, outros porque lucram com o enredo. Todos são vítimas e impolutos, todos sabem a verdade, mas ninguém é suficientemente irrefutável para a evidenciar.
A plebe vai sendo entretida com estas coisas e gosta, toma partido conforme a simpatia que nutre pelos actores, tenta descobrir quem é o bom da fita. Na telenovela os bonzinhos e mauzinhos, são desde cedo identificados, aqui não, há uns dias em o que o fulano parece ser o verdadeiro e sem mácula, mas noutros em função de novos dados e opiniões, a plebe duvida e passa para o campo oposto. As sondagens evidenciam esse comportamento do ora sobe, ora desce, conforme os actores vão desempenhando o seu papel.
No fundo, no fundo... a plebe quer que se tramem todos, pois normalmente inveja os do poder, apesar de presumir  que ninguém é honesto e que todos prosseguem o interesse individual, debaixo do diáfano manto do colectivo. Os jornalistas também, muitos são jovens e querem mostrar serviço, muitas das vezes não pretendem a verdade, pretendem apenas primeiras páginas de julgamentos sumários, cujo contraditório não anula o efeito devastador da notícia. O word é das armas mais mortíferas da actualidade e não está sujeita a licença de uso e porte de arma.
O problema sério desta brincadeira que como já se viu, não passa dum talk-show, é que descredibiliza tudo, agora até a Justiça, que teoricamente deveria ter uma couraça à prova de insensatez, mas não, por razões corporativas ou por gratidão com o poder político, deixou-se também enredar numa trama, que mesmo com demissões, inquéritos, processos e afins, vai deixar marcas profundas, até que a plebe a considere que nada tem a ver com a política.

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